Friday, 14 August 2009

Em Manica: Jornalista do Canal de Moçambique na Procuradoria


Maputo (Canalmoz) – O jornalista correspondente do Canal de Moçambique e Canalmoz, na província de Manica, José Jeco, foi notificado para depor na Procuradoria da República na cidade de Chimoio, em assunto relacionado com um artigo por ele assinado e publicada na edição nº 767 de 27 de Fevereiro último, deste jornal, quando ainda se designava Canal de Moçambique. De acordo com a notificação recebida pelo escriba, ele deve comparecer na manhã de hoje (6ª Feira), na Procuradoria de Chimoio.
O repórter disse não estar claro na notificação que recebeu do Ministério Público, se a sua comparência na Procuradoria é para responder a uma queixa de alguém que se sentiu ofendido com o conteúdo do seu artigo, ou é para dar alguns esclarecimentos ao próprio Ministério Público, em relação à informação contida na notícia.

Teor do artigo em causa


O artigo que agora leva o repórter deste jornal a ser chamado à Procuradoria, veicula uma série de ilicitudes que, alegadamente, ocorriam numa famosa casa de pasto da cidade de Chimoio, designada «Discoteca Coqueiro».
Citando fontes que, por temer represálias, preferiram anonimato, o artigo de José Jeco refere, entretanto, que um abaixo assinado esteve a ser preparado por alguns munícipes da cidade, para de seguida ser entregue ao governador da província, Maurício Vieira, apelando ao encerramento da referida discoteca, por várias razões.
Refere o artigo que a zona da discoteca, reservada às personalidade de elevada consideração, denominada “VIP”, “tornara-se um centro de consumo de drogas, altamente degradantes”, o que segundo as fontes do nosso correspondente, ocorria “perante o olhar passivo da gerência daquela instância de laser”.
As fontes contaram ainda que “a discoteca em causa, para além de centro de promoção de prostituição infantil por alguns indivíduos de nacionalidade libanesa, é também tida como palco de agressões, sobretudo entre jovens adolescentes”.
Na referida casa de pasto, “certos libaneses dedicam-se à produção de comprimidos, sem a devida autorização do Ministério da Saúde”, contaram ainda as fontes.
Relacionavam-se todas estas ilicitudes com a conivência de gente ligada à política, e influente na cidade de Chimoio.
As fontes afiançaram ainda que havia “branqueamento de capitais, através da comercialização de drogas pesadas e peças de vestuário contrabandeados via fronteira da Machipanda”, tudo a ocorrer naquela discoteca, para além de ser, “palco de produção de vídeos pornográficos, em que intervêm cidadãs moçambicanas e não só”.

Dono da discoteca não quis falar

Na altura, o nosso correspondente tentou, por todos os meios, ouvir a reacção do proprietário da referida discoteca, mas não foi possível. Deslocou-se ao referido estabelecimento, à sua procura, não o encontrou. Foi à sua residência e ao seu escritório, mas em nenhum dos locais o encontrou.
Acabou publicando a notícia sem que o proprietário da discoteca tivesse dado a sua versão, ficando desde aí aberta essa possibilidade que nunca foi usada.
A PRM ao nível da cidade de Chimoio, quando ouvida em relação à matéria, disse que não tinha conhecimento. Mas não podia dizer outra coisa, visto que ao afirmar ter conhecimento destas ilegalidades, teria sido questionada porque razão ainda não actuara no sentido de repor a ordem.
A informação fornecida ao nosso colaborador, veio em forma de denúncia de cidadãos que pediram anonimato. São, no entanto, conhecidos e identificáveis, mas por princípio as fontes não deverão ser reveladas, a menos que elas se disponham a ir ajudar ao apuramento de matéria que promova o tratamento do caso por forma a que seja reposto o bom nome da discoteca e de pessoas que de algum modo possa a ser mal vistas na sociedade sem razões para isso.
A convocação do nosso colega admite-se que possa ser uma forma de o intimidar, ou silencia-lo, para não veicular informação que abra caminho à apreciação, pelas autoridades competentes, de ilicitudes. Mas só a evolução do caso dirá o que de facto terá suscitado a notificação da PGR em Manica. Para já trata-se de uma incógnita.

( CANALMOZ, 14/08/09 )

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