Não se fala em outra coisa na cidade e provavelmente pelo país fora. Nunca uma troçaria correu tanto assim.
Fala-se do maior músico de sucesso em Moçambique, o MC Roger. Fala-se dele nas famílias, nos chapas, nas escolas, nos locais de trabalho, em todo o lado.
São crianças a falarem, mas também os mais velhos e os mais jovens. São jornalistas a falarem, mas também juristas, empresários, vendedores informais, sapateiros, atletas, mukheristas, economistas, políticos e por aí fora.
Todo o mundo só fala nele.
Nestes dias friorentos as pessoas falam mais do MC Roger, como nunca sobre ele haviam falado tanto.
Há muito que tem sido isto que o artista mais falado do momento mais gosta, aliás, como já declarou o próprio nas suas próprias músicas, alto e em bom som.
Porque para ele ser falado tanto assim não dói. Aliás, faz-lhe bem.
O mesmo MC Roger que uma vez disse algo como “falem bem ou mal de mim, mas falem de mim” deve estar agora se orgulhando bastante pelo facto de estar todo o mundo a falar dele. Melhor oportunidade que esta – para testar a sua máxima segundo a qual “falem bem ou mal de mim, mas falem de mim” – não há dúvidas de que não existirá outra.
Depois passa. Mas por agora, que venha o teste.
É que desta vez não se fala por causa do seu enorme sucesso como músico, um sucesso que ele mesmo gosta de propalar, incluindo as suas idas a Portugal, ao Brasil, a Angola, a Cabo Verde, assim como o facto de ter sido ele o primeiro moçambicano a ter um programa televisivo na Rádio Televisão Portuguesa e através da sua música ter conseguido ser o moçambicano mais conhecido dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.
Mas certamente que se há-de convir que vivemos hoje numa sociedade em que quanto maior for a visibilidade das figuras públicas maior é o escrutínio público sobre cada um dos seus actos, cada detalhe, sendo que ao mesmo tempo que vão surgindo cada vez mais jovens correndo atrás da ciência e do saber, também vai surgindo a imprensa cor-de-rosa, cuja característica está em buscar as nódoas que caem no melhor pano para satisfazer a curiosidade dos que andam à busca do conhecimento e do que é risível.
E vai daí que sem se aperceber, muitos artistas se fazem valer do espaço público para venderem a sua imagem, que afinal se torna cada vez mais o seu único produto, onde cada um vai matando o conteúdo de si próprio para substituí-lo apenas pelo invólucro, o que é típico de algum marketing à americana, onde se reveste o produto de lustro apenas para satisfazer o efeito comercial do momento.
Pelo que, o que hoje mais se vende é gato por lebre.
A par dessa corrida desenfreada, estão as grandes empresas revestidas do que hoje se convencionou chamar responsabilidade social, apostando nos mais famosos, celebrando contratos de exclusividade com estes e aqueloutros famosos para lhes darem dinheiro e receberem em troca a imagem que estes tanto construíram à custa do marketing dos vídeo-clips.
O que mais interessa a MC Roger – e a artistas que nele se inspiram – não é ser bem ou ser mal falado. E desta vez parece que a história pende mais para o lado do mal falado. Porque toda a gente está a falar mal do nosso artista.
Não é caso para menos. É que “pela boca morre o peixe”.
MC Roger anda a ser mal falado, em todo o lado, “apenas” porque cometeu uma “pequeniníssima” gafe em pleno debate televisivo sobre a juventude e as decisões políticas, que passou na STV, na noite de terça-feira e repetido na manhã de quarta-feira última. E o que o MC mais famoso dos PALOP´s disse – ou pelo menos o que o Povo tanto diz que ele disse – foi “apenas” que Armando Guebuza assinou o Acordo Geral de Roma junto com o líder da Renamo Afonso Dhlakama. Fê-lo na pretensão de demonstrar por a-mais-b até que ponto é importante o nome de Armando Guebuza na história de Moçambique e que para ele não faz sentido nenhum que não se atribua o seu nome à ponte sobre o rio Zambeze em Caia. Desta vez o MC chafurdou a cara na lama, pois o que parecia ter passado despercebido mereceu ser imediatamente corrigido pelo deputado José Manteiga que fez questão de referir que não foi Armando Guebuza que assinou o AGP, mas sim Joaquim Chissano. O que quer dizer que se formos pela lógica da assinatura do AGP, então para MC Roger o nome da ponte devia ser atribuído a Chissano, o que agora não vem ao caso.
O MC ainda tentou se explicar, mas acabou por cair numa espécie de delito de segunda ordem ao dizer que ele não se referia ao acordo de Paz, mas sim ao acordo de Roma, o que dá no mesmo. Once again, man.
Dos presentes naquele debate, que tinha no painel pessoas como Venâncio Mondlane, Gilberto Mendes, uma representante do governo e um representante do Conselho Nacional da Juventude, MC Roger não mereceu outra coisa senão uma atitude trocista. Levantou-se, tentou quebrar o protocolo presidido pelo jornalista “galáctico” Arsénio Henriques para responder à troçaria dos rapazes, mas mesmo assim não conseguiu limpar a nódoa, pois a sua cara já estava totalmente chafurdada na lama. E não era caso para menos, vai daí que os jovens foram se levantando para dizer coisas como “enquanto o rapper Azagaia canta Povo no Poder e acaba nas malhas da Procuradoria Geral da República, o MC Roger canta Patrão é Patrão, conseguindo assim arranjar lugar privilegiado em jantares com o Presidente da República e outra gente da elite estabelecida”.
Estas metáforas dão inequivocamente a entender que os que passam a vida a aflautear os seus poemas para onde está virado o poder, só para parafrasear o nosso amigo António Cabrita, têm mais chances de alcançar o status que os que optam por uma poesia que se tece pela crítica mordaz e menos politicamente comprometida, pois estes no máximo tendem a atrair algozes ou agentes secretos de uma certa inteligentzia oficiosa, um pide ou um snasp.
Os que estão agora a falar mal de MC Roger, estão a afamá-lo, tanto quanto o artista gosta, mas estão sobretudo a rir, tristemente a rir. E o aviso que desta vez fica para a navegação artística é único: já lá se vão os tempos em que para se ser importante bastava apenas aparentar ser importante quando no fundo dentro de nós mesmos nada há de importante.
Fala-se do maior músico de sucesso em Moçambique, o MC Roger. Fala-se dele nas famílias, nos chapas, nas escolas, nos locais de trabalho, em todo o lado.
São crianças a falarem, mas também os mais velhos e os mais jovens. São jornalistas a falarem, mas também juristas, empresários, vendedores informais, sapateiros, atletas, mukheristas, economistas, políticos e por aí fora.
Todo o mundo só fala nele.
Nestes dias friorentos as pessoas falam mais do MC Roger, como nunca sobre ele haviam falado tanto.
Há muito que tem sido isto que o artista mais falado do momento mais gosta, aliás, como já declarou o próprio nas suas próprias músicas, alto e em bom som.
Porque para ele ser falado tanto assim não dói. Aliás, faz-lhe bem.
O mesmo MC Roger que uma vez disse algo como “falem bem ou mal de mim, mas falem de mim” deve estar agora se orgulhando bastante pelo facto de estar todo o mundo a falar dele. Melhor oportunidade que esta – para testar a sua máxima segundo a qual “falem bem ou mal de mim, mas falem de mim” – não há dúvidas de que não existirá outra.
Depois passa. Mas por agora, que venha o teste.
É que desta vez não se fala por causa do seu enorme sucesso como músico, um sucesso que ele mesmo gosta de propalar, incluindo as suas idas a Portugal, ao Brasil, a Angola, a Cabo Verde, assim como o facto de ter sido ele o primeiro moçambicano a ter um programa televisivo na Rádio Televisão Portuguesa e através da sua música ter conseguido ser o moçambicano mais conhecido dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.
Mas certamente que se há-de convir que vivemos hoje numa sociedade em que quanto maior for a visibilidade das figuras públicas maior é o escrutínio público sobre cada um dos seus actos, cada detalhe, sendo que ao mesmo tempo que vão surgindo cada vez mais jovens correndo atrás da ciência e do saber, também vai surgindo a imprensa cor-de-rosa, cuja característica está em buscar as nódoas que caem no melhor pano para satisfazer a curiosidade dos que andam à busca do conhecimento e do que é risível.
E vai daí que sem se aperceber, muitos artistas se fazem valer do espaço público para venderem a sua imagem, que afinal se torna cada vez mais o seu único produto, onde cada um vai matando o conteúdo de si próprio para substituí-lo apenas pelo invólucro, o que é típico de algum marketing à americana, onde se reveste o produto de lustro apenas para satisfazer o efeito comercial do momento.
Pelo que, o que hoje mais se vende é gato por lebre.
A par dessa corrida desenfreada, estão as grandes empresas revestidas do que hoje se convencionou chamar responsabilidade social, apostando nos mais famosos, celebrando contratos de exclusividade com estes e aqueloutros famosos para lhes darem dinheiro e receberem em troca a imagem que estes tanto construíram à custa do marketing dos vídeo-clips.
O que mais interessa a MC Roger – e a artistas que nele se inspiram – não é ser bem ou ser mal falado. E desta vez parece que a história pende mais para o lado do mal falado. Porque toda a gente está a falar mal do nosso artista.
Não é caso para menos. É que “pela boca morre o peixe”.
MC Roger anda a ser mal falado, em todo o lado, “apenas” porque cometeu uma “pequeniníssima” gafe em pleno debate televisivo sobre a juventude e as decisões políticas, que passou na STV, na noite de terça-feira e repetido na manhã de quarta-feira última. E o que o MC mais famoso dos PALOP´s disse – ou pelo menos o que o Povo tanto diz que ele disse – foi “apenas” que Armando Guebuza assinou o Acordo Geral de Roma junto com o líder da Renamo Afonso Dhlakama. Fê-lo na pretensão de demonstrar por a-mais-b até que ponto é importante o nome de Armando Guebuza na história de Moçambique e que para ele não faz sentido nenhum que não se atribua o seu nome à ponte sobre o rio Zambeze em Caia. Desta vez o MC chafurdou a cara na lama, pois o que parecia ter passado despercebido mereceu ser imediatamente corrigido pelo deputado José Manteiga que fez questão de referir que não foi Armando Guebuza que assinou o AGP, mas sim Joaquim Chissano. O que quer dizer que se formos pela lógica da assinatura do AGP, então para MC Roger o nome da ponte devia ser atribuído a Chissano, o que agora não vem ao caso.
O MC ainda tentou se explicar, mas acabou por cair numa espécie de delito de segunda ordem ao dizer que ele não se referia ao acordo de Paz, mas sim ao acordo de Roma, o que dá no mesmo. Once again, man.
Dos presentes naquele debate, que tinha no painel pessoas como Venâncio Mondlane, Gilberto Mendes, uma representante do governo e um representante do Conselho Nacional da Juventude, MC Roger não mereceu outra coisa senão uma atitude trocista. Levantou-se, tentou quebrar o protocolo presidido pelo jornalista “galáctico” Arsénio Henriques para responder à troçaria dos rapazes, mas mesmo assim não conseguiu limpar a nódoa, pois a sua cara já estava totalmente chafurdada na lama. E não era caso para menos, vai daí que os jovens foram se levantando para dizer coisas como “enquanto o rapper Azagaia canta Povo no Poder e acaba nas malhas da Procuradoria Geral da República, o MC Roger canta Patrão é Patrão, conseguindo assim arranjar lugar privilegiado em jantares com o Presidente da República e outra gente da elite estabelecida”.
Estas metáforas dão inequivocamente a entender que os que passam a vida a aflautear os seus poemas para onde está virado o poder, só para parafrasear o nosso amigo António Cabrita, têm mais chances de alcançar o status que os que optam por uma poesia que se tece pela crítica mordaz e menos politicamente comprometida, pois estes no máximo tendem a atrair algozes ou agentes secretos de uma certa inteligentzia oficiosa, um pide ou um snasp.
Os que estão agora a falar mal de MC Roger, estão a afamá-lo, tanto quanto o artista gosta, mas estão sobretudo a rir, tristemente a rir. E o aviso que desta vez fica para a navegação artística é único: já lá se vão os tempos em que para se ser importante bastava apenas aparentar ser importante quando no fundo dentro de nós mesmos nada há de importante.
FONTE: Armando Nenane, no Savana.
passe a pensar antes de escrever,porque certas coisa sao vergonhosas!rodeios enxagerados e falta de objectivo nao condtituem caracteristicas de um blogueiro!se nao aguenta!nao faz!
ReplyDelete