Wednesday, 29 October 2008

O pensamento de António Antique

Apetites, voos e ameaças que Eng. Simango representa

Quando me chegou a quimérica informação sobre a decisão da liderança da Renamo de preterir Daviz Simango para candidato à edil da Beira, experimentei uns estonteantes rodopios antes de ligar já abalado de intermináveis tonturas a um amigo (já algures mencionado dentro deste espaço) que na altura se encontrava em Palma, na província de Cabo Delgado. Agreste e sagosa, minha voz deu foz ao sucedido dando-o a conhecer a triste notícia. O amigo interrogou-se, primeiro, se Afonso Dhlakama decidira por velhice, ou por um outro motivo que facilitasse a vitória muito facilitada ao adversário político, a Frelimo. E que foi motivo e apetites para sua inusitada satisfação.

Apostado a não dar cavacos ao dito zombeteiro, perguntei ao meu amigo, se neste caso ele não podia pensar como cidadão. Pensar primeiro pelo bem da nação. Pensar como cidadão, não é apenas a servidão ao poder, ao status quo. Pensar como cidadão extravassa os labirintos períscos das organizações partidárias, e desemboca na nação, aquela que nos compele a ser cidadãos e sua parte activa. A meu ver, essa devia ser a posição do meu amigo que, ao invés, optou, convenientemente mudar de conversa.

Para quem se interessa na análise discursiva ou simplesmente reflecte sobre discursos, tem na atitude do meu amigo uma boa matéria para tirar ilasões. Todos, independemente do nível de escolaridade, podemos muito bem reflectir sobre a retórica discursiva relativa à (re)candidatura de Daviz Simango a edil da Beira.

Se nossa mente nos ilumina, a minha viagem e participação em discussões atinentes ao tema notei e noto que a maioria de simpatizantes e membros da Renamo ou de partidos de oposição ou simplesmente apartidários, pendem e porfiaram na candidatura de Daviz Simango à presidente do município da Beira. Membros e simpatizantes moderados da Frelimo alinham pelo mesmo diapasão; ou seja, ver Simango a renovar os aposentos e dirigismo da segunda urbe mais importante deste país.

Se nossa mente ainda nos ilumina, a candidatura de Simango, permite-me/nos definir o conceito “moderado” no contexto moçambicano ou mesmo africano. Pois, a moderação é aversa ao partidarismo extremista bem assim sui generis aos que nela pautam.

Se nossa mente melhor nos ilumina, podemos tecer duas conclusões inespugáveis e que se traduzem em dois voos a distintas velocidades. Uma, é a ginga deste processo de democratização e liberdade que atravessa mares bastante turbulentos da sua história, de cuja responsabilidade dos cidadãos activos que me referi acima. Outra, repousa na jocosa e, muitas vezes, triste, como alguns cidadãos usam abusivamente o seu direito do seguidismo pouco perspicaz. Terá isto um efeito implicatico ou ameaças contra o eng. Simango no devir partidário-nacional? Se sim, quem são os actores mais interessados na sua queda ou ascenção retumbante? Gostaria de deixar a reflexão do leitor, para na próximo postagem esgrimirmos as arrestas com que se monta o triângulo que fazer Eng. Simango, líder não só na “Perdiz”, como o é, na nação.

Convenhamos que este não seja um espaço p(a)ra lamentar nem para tomar posições inescrupulosas, como alguém, Pois é (!), que se empriquitava para ir a Assembleia da República pedir que se passe a lei que lei é a produção e consumo da diamba. Pois é (!), não é aqui. Dos apetites, as ‘colombias’ para legalizar, eis aqui o dia do são nunca. A projecção de um jovem pode ter sido um escárnio quer da liderança da Frelimo quer da própria Renamo. A candidatura independente de Daviz Simango e a não candidatura de Eneas Comiche como independente provam diferença de uma única realidade de ambos terem sido rejeitados pelos colegas directos; se quiserem, um golpe palaciano. Não coloco em questão às interpretações e ilações que muitos fizeram e fazem, mas o modus operandus similar.

Por estranho que pareça, a candidatura "independente" de Daviz Simango incómoda os poder do dia da Frelimo pari passu o da Renamo, que os verdadeiros membros e simpatizantes da Renamo e uma boa parte de simpatizantes e membros moderados da Frelimo. Mas, são igualmente muitos frelimistas, incluindo académicos de referência, que pensam que Daviz Simango devia engolir “sapos vivos”. O condão do único argumento, que tais lides partidárias têm, é a disciplina partidária; ou seja, o respeito às ordens da liderança dum partido. Se perguntar não ofende, a quem ameaça a candidatura de Daviz Simango? As minhas conclusões são, com muita pena, chocantes.

Valha-nos sermos iluminados nas mentes para conjecturar que Daviz Simango é uma ameaça à cultura ou suposta cultura política moçambicana, em que o povo não é importante. Nessa cultura, as bases dos partidos não residem no povo, mas sim nas estruturas políticas, nos órgãos, sobretudo, repousando nas mãos dos presidentes dos partidos. Foi um desafio sério que Simango lançou ao aceitar que sejam as verdadeiras bases o escolher, contrariamente aos cerca de oitenta e seis candidatos, cujas candidaturas sairam dos gabinetes à ilharga dos cidadãos com direito ao voto.

Valha-nos sermos ainda iluminados nas mentes para deduzir que Daviz Simango ameaça a Frelimo que se julga dona de Moçambique. Daviz Simango está ameaçar a hegemonia política da Frelimo e, sobretudo, dos donos da Frelimo. A ser assim, o próximo "rebelde" virá da própria Frelimo. A ser assim, nascerá em Moçambique uma oposição credível, que nos próximos anos tirará sono o Frelimo no poder. Por esta razão, Daviz Simango não merece admiração da parte conservadora das várias alas que fazem o mapa da Frelimo de hoje.

Valha-nos sermos bem iluminados nas mentes para denotar que, de facto, Daviz Simango é ameaça ao grupelho da Renamo. Digamos que, alguns dos actores clandestinos, durante a guerra civil, que se julgam donos da Renamo, que querem ditar ordens como Daviz Simango deve/devia governar a Beira.

Por último, valeria sermos melhor iluminados nas mentes para compreender que Daviz Simango ameaça à certos sectores dos dois lados das águas partidárias. Nesses grupos estão indivíduos menos cidadãos, menos conformados pelo alinhamento democrático-constitucional. Tais sectores que vêem nas regras autocráticas (diga-o Mswati III), seu móbil com o fito último de arrastar Moçambique ao estágio de chefaturas ou regulados, de que confissões dos seus actores/autores já andam devidamente documentadas.
NOTA: Pensamento sempre actual. Fonte: www.comunidademocambicana.blogspot.com

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