Se este poema fosse mais do que simples
Sonho de criança...
Se nada lhe faltasse para ser total realidade
Em vez de apenas esperança...
Se este poema fosse a imagem crua da verdade,
Eu nada mais pediria à vida
E passaria a cantar a beleza garrida
Das aves e das flores
E esqueceria os homens e as suas dores...
-se este poema fosse mais do que mero
sonho de criança.
Ai meu sonho ...
Ai minha terra moçambicana erguida –
Com uma nova consciência, digna e amadurecida ...
A minha terra cortada em sua extensão
Por todas essas realizações que a civilização
Inventa para tornar a vida humana mais feliz ...
Luz e progresso para cada povoação perdida
No sertão imenso, escolas para crianças,
Para cada doente, a assistência da ciência consoladora,
Para cada braço de homem, uma lida
Honrada e compensadora,
Para cada dúvida, uma explicação,
E para os homens, Paz e Fraternidade!
Ah, se este poema fosse realidade
E não apenas esperança!
Ah, se o fosse o destino da nova humanidade
A cantar então a beleza das flores,
Das aves, do céu, de tudo o que é futilidade –
Porque a dor humana então não existiria,
Nem a infelicidade, nem a insatisfação,
Na nova vida plena de harmonia!
(Noémia de Sousa [Vera Micaia], Lourenço Marques, 29/5/1949)
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