Friday 31 January 2014

Policia libertou os membros do MDM

Maputo (Canalmoz) – O presidente do MDM, Daviz Simango, confirmou há momentos ao Canalmoz que “os colegas detidos em Guruè já foram libertados, mas à viatura foi aplicada uma multa de dez mil meticais (10.000,00 Mt) sob alegação da policia de que andavam a carregar membros do MDM”.
“Graças a deus os nossos colegas já saíram há cerca de vinte minutos”, acaba de declarar ao Canalmoz o candidato do MDM a edil do Gurué, capital do distrito com o mesmo nome na província da Zambézia.
António Janeiro confirmou dessa forma que Vieira António Martinho (delegado do MDM no Bairro Nacuacue), Rosário Pahua (chefe do Gabinete do Candidato a edil), António João Pahua (delegado da candidatura) e Silvestre Janeiro (membro), acabaram por ser postos em liberdade pelo Comando Distrital da PRM, no Gurué.
O Canalmoz chegou a entrar em contacto com o comandante distrital da PRM no Gurué, Marques Cumabaleza, mas depois de nos identificarmos ele disse-nos que não era ele, nem sequer estava a falar do Gurué, refugiando-se dessa forma de prestar declarações à Imprensa. Pouco depois chegou-nos esta informação.
No dia 20 de Novembro os órgãos eleitorais ao nível do Gurué e da província da Zambézia, com a conivência da Comissão Nacional de Eleições (CNE), acabaram por trocar os resultados e promover a vitória do candidato da Frelimo e do seu partido na corrida a edil e para a assembleia municipal, em que concorreram em disputada apenas com o MDM. O Conselho Constitucional, no entanto, acabaria por anular as eleições do dia 20 de Novembro e instruir a CNE a mandar repeti-las. Esta marcou a repetição para 08 de Fevereiro, daqui a oito dias.
António Janeiro disse ao Canalmoz que nenhum dos membros do MDM ostentava camisetas, bandeiras ou qualquer símbolo do partido, estando apenas a promover educação cívica, mas a denúncia chegou à policia através do secretário do Bairro de Nacuacue alegando que estaríamos a fazer campanha, “enquanto o que estávamos a fazer e vamos continuar era educação cívica, porque nem a rádio nem o STAE estão a informar a população que as eleições vão-se repetir no dia 08, porque as do dia 20 não valeu”.
Segundo Janeiro, ao mesmo tempo que o STAE e a rádio não estão a informar as pessoas de que as eleições se vão repetir, “em certos sítios corre a informação errada de que quem votou no dia 20 de Novembro não precisa de votar mais”.
“Nós só estamos a dizer às pessoas para irem votar no dia 08 de Fevereiro porque vão repetir as eleições. Não falamos em partidos nem em nomes de concorrentes. Assim a Policia acabou mandando todos para casa, graças a deus”, concluiu António Janeiro.

ÚLTIMA HORA * ÚLTIMA HORA

Policia está a prender membros do MDM no Gurué

Maputo (Canalmoz) – A policia deteve no inicio da noite de hoje, no Município do Guruè, quatro membros do MDM e aprisionou os documentos de uma viatura por estar a transportar membros do partido liderado por Daviz Simango.
A CNE marcou há dias a repetição de eleições para o dia 08 de Fevereiro, depois do Conselho Constitucional ter anulado as do dia 20 de Novembro, por manifesta fraude da responsabilidade dos órgãos eleitorais.
A PRM distrital deteve os membros do MDM alegando que estavam em campanha nos bairros. O MDM diz que está a fazer Educação Cívica.
Estão detidos no Comando Distrital, Vieira António Martinho (delegado do MDM no Bairro Nacuacue), Rosário Pahua (chefe do Gabinete do Candidato a edil), António João Pahua (delegado da candidatura) e Silvestre Janeiro (membro).
A notícia foi confirmada ao Canalmoz pelo presidente do MDM, Daviz Simango.
O Secretário-Geral do MDM, a partir do Guruè, disse ao Canalmoz que os seus membros estão detidos por ordem do comandante distrital, Marques Cumbaleza, sob alegação de que o MDM está a fazer campanha no Gurué, fora do período da campanha eleitoral.
Luís Boavida referiu que os membros do MDM estão efectivamente nos bairros do município do Gurué, “mas em campanha de educação cívica, a informar a população que as eleições se vão repetir no dia 08 de Fevereiro”.
“A estruturas locais do partido Frelimo sabemos que já estiveram reunidas com o comando da PRM local e já deram ordem para a policia impedir o MDM de entrar nos bairros, pelo que a Policia já está a agir”, afirmou, há momentos, Luís Boavida ao Canalmoz.
“Os nossos membros estão efectivamente nos bairros a informar a população que a votação que foi feita no dia 20 de Novembro foi anulada e vai haver votação novamente no próximo dia oito, e que todo aquele que tem cartão de eleitor tem de ir votar. Estamos a fazer educação cívica. E as pessoas estão a aderir porque não sabiam desse facto. Ninguém informou as pessoas até nós aparecermos a trazer essa informação. Essa informação já tem vários dias mas ninguém as informou até agora. As tais brigadas de Educação Cívica do STAE não estão a fazer nada. Tem ordem para não fazer nada praticamente”, conta Boavida e acrescenta: “Um carro da policia foi especificamente ao Bairro de Nacuacue para recorrer uma nossa brigada de educação cívica que estava lá a passar essa informação e foram trazidos para o comando. Estão agora lá. Os nossos juristas já estão a caminho do Guruè.”
“Eu falei com o comandante e ele diz que essa coisa de mobilizar pessoas para ir votar é exclusividade do STAE e que o partido só tem de esperar pela campanha eleitoral. Perguntei-lhe: ouviu aonde, isso? – Disse-me: “é assim aqui; aqui no Guruè é assim.”
“Este comandante é o mesmo que andou a prender, maltratar e a torturar os nossos colegas aqui, nas eleições. Agora deu ordens para a policia recolher todos os que forem do MDM. Ele disse-me que amanhã vai continuar a capturar os nossos colegas e eu disse-lhe que amanhã vamos continuar a fazer educação cívica”.
Segundo Boavida, a Policia de Transito, num outro episódio, também apreendeu os documentos da viatura do delegado do MDM na Zambézia, alegando que não pode andar a transportar pessoas enquanto não apresentar uma declaração a dizer que são membros do MDM.


Canalmoz

Frelimo em crise generaliza a crise política no País

“Situação triste na Frelimo” repete-se ou profecias cumprindo-se?

Alguém pode perguntar-se o que está, efectivamente, a acontecer em Moçambique. De um País em que parecia estar no “mar alto”, conforme um dia Julius Nyerere disse, a situação transformou-se de tal forma que muitos já não hesitam em afirmar que se transfigurou.
Um dos fundadores da Frelimo e seu vice-presidente, Urias Simango, escreveu, num momento de crise na Frelimo, um documento intitulado “Triste situação na Frelimo”. Hoje é como que uma profecia anunciada a realizar-se. Os dias estão de facto muito complicados e tristes no seio da Frelimo. Um partido que se pretendia coeso e aglutinador da vontade dos moçambicanos, está seriamente dividido em pedaços de tal forma que até sua Comissão Política vê-se repudiada em decisões que toma.
Assiste-se hoje a um braço-de-ferro entre alas na Frelimo que trazem para a praça pública todo o tipo de contradições num partido que se especializou em lavar roupa suja através de discursos apaziguadores – e porque não dizer distorcidos da realidade. Onde há problema, dizem que há sucesso. Onde há crise e guerra, saem para a televisão a proclamar que existe paz.
O nível de desentendimento é tal que surgem cartas de impugnação a decisões pela CP consideradas como violação dos estatutos do partido.
E a tristeza deve se estender ao comportamento cobarde e suspeito de alguns protagonistas que no passado não hesitaram em condenar extrajudicialmente seus concidadãos à morte por divergências ideológicas. Agora como que esquecidos e em estado de senilidade avançada, não sabem onde agarrar-se ou em que apoiar-se. Varridos do Comité Central e da Comissão Política no congresso de Pemba recorrem aos jornais para fazer política. A purga afectou seu modo de vida e colocou em risco sua sobrevivência política. Estão órfãos e abandonados por seus “camaradas”. Já não são “king makers” nem conselheiros. São evitados e estigmatizados como se tivessem alguma doença altamente contagiosa que nem ébola. “Sua caneta já na risca” e pressentem o fim de linha.
Não foi a purga violenta e assassina dos dias de ontem. Afinal os “camaradas” hoje não podem fazer o que faziam ontem, quando eram os “deuses na terra”.
Buscando lições do passado e interpretando o que acontece nos dias de hoje pode-se dizer com segurança que as aspirações multipartidárias de Urias Simango estão vingando. As acusações de traição e quejandos foram feitas para auto-satisfação e protecção. A luta político militar da Renamo trouxe a democracia multipartidária que alguns continuam a abominar. Num processo sinuoso surgiram partidos políticos que morreram à nascença e outros revelaram-se autênticos abordos ou criações dos serviços de inteligência afectos à Frelimo para dividir a oposição.
Outros rebentos da oposição apareceram e rapidamente enraizaram-se como o Movimento Democrático de Moçambique (MDM). Hoje três cidades – Nampula, Quelimane e Beira – importantes sob todos os pontos de vista encontram-se numa situação de autarquias dominadas pelo MDM.
A Frelimo tornou-se em oposição, algo que não tem sido digerido pela maioria de seus membros. A troca de acusações é de tal ordem que alguns pedem a cabeça de seu secretário-geral. Outros avançam para cenários que se concretizados significariam um autêntico golpe no seio da Frelimo. Uma reunião do Comité Central da Frelimo sucessivamente adiada visando escolher seu candidato às eleições presidenciais de Outubro de 2014 revela dificuldades e instabilidade na Frelimo. São dias tristes na Frelimo, uma “situação triste na Frelimo” inimaginável num passado recente.
Alguns dizem que a ambição desmedida de AEG alienou uma boa parte daqueles que no seio da Frelimo o poderiam aconselhar a trilhar por caminhos que não conduzissem o partido para a auto-destruição. Admitamos que são conjecturas e que a verdade está com os membros da Frelimo. Mas assim como “não há fumo sem fogo”, não são os partidos da oposição que escreveram a depositaram no Comité de Verificação da Frelimo a carta impugnando uma decisão da sua Comissão Política, sobre os três pré-candidatos a PR.
Como no passado Portugal, seu governo entregou Moçambique para uma situação monopartidária que se antevia a União Europeia e o Ocidente em geral desvirtuaram as eleições multipartidárias subsequentes ao AGP de Roma, carimbando como livres, justas e transparentes, processos que se conheciam prenhes de irregularidades e ilícitos eleitorais. Um acto de revisionismo histórico, de confissão de que erros de avaliação e estratégia haviam sido cometidos e numa atitude de reconhecimento da justeza das reivindicações políticas da oposição a UE aparece pela primeira vez a reconhecer que as eleições autárquicas foram conduzidas sob graves irregularidades.
Uma análise mesmo que superficial mostra um conjunto de factos alinhando-se contra a liderança da Frelimo e seu governo. Comprometida a estratégia militar supostamente destinada a eliminar o líder da Renamo, numa acção “copy paste” do que algum dia José Eduardo dos Santos fez em Angola, derrotas eleitorais significativas nas autárquicas, lutas intestinas pelo poder consubstanciadas pela publicação de cartas e entrevistas de membros proeminentes, greves e insatisfação desgastante em sectores importantes, deixam um “mar encrespado” e crítico.
Será que a Frelimo vai ser suficientemente forte para ultrapassar suas questões internas e tomar em conta os interesses supremos da nação?
Será que os “veteranos” de ontem vão ser capazes de vencer esta batalha crucial para Moçambique?
Algumas pessoas dentre as quais antigos altos dirigentes como JC, MM, MS, OM, JR, PM, SV têm dificuldades acrescidas em digerir a actual situação, cada um à sua maneira procura salvar o convento. Se actual de forma coordenada ou se impulsiva os resultados o dirão.
Não há muito tempo para corrigir a situação. Há urgência em verificar os assuntos em agenda na sua magnitude e com profundidade.
Discursos de estado são aceitáveis mas têm limites quanto a sua utilidade especialmente numa altura em que a grande maioria dos moçambicanos sabe que a realidade é bem diferente do que frequentemente é apregoado.
Já não é tempo para manobras dilatórias pois sangue inocente já corre.
Conjugar os aspectos salientes que favorecem o entendimento político nacional, abrangente e conclusivo, que tenham em conta a tolerância e a inclusão, a paz e um desenvolvimento digno desse nome é não só possível como a única via para se alcançar a paz.



(Noé Nhantumbo, Canalmoz)

Renamo reitera que só participará nas eleições gerais com mudanças na lei eleitoral

Maputo, 30 jan (Lusa) - A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição moçambicana, reiterou hoje que só participará nas eleições gerais caso haja alterações na lei eleitoral, confirmando ter pedido ao Governo o adiamento do recenseamento eleitoral.
O Conselho de Ministros moçambicano anunciou ter adiado o início, hoje, do recenseamento para as eleições gerais, marcando o arranque do ato para 15 de fevereiro, "a pedido expresso da Renamo".
A decisão do Conselho de Ministros é vista como um sinal de que a Renamo poderá participar nas eleições gerais (presidenciais e legislativas) agendadas para 15 de outubro, depois de ter boicotado as eleições autárquicas de 20 de novembro, em protesto contra a atual lei eleitoral.

Thursday 30 January 2014

Comunicado da União Europeia

A Delegação da União Europeia torna pública a seguinte Declaração de acordo com os Chefes de Missão da União Europeia em Moçambique e os Chefes de Missão da Islândia, Noruega e Suíça (29/01/2014)
Na véspera do recenseamento eleitoral para as eleições presidenciais, legislativas e provinciais, a União Europeia reafirma a importância de processos eleitorais justos, transparentes e inclusivos como sendo indispensáveis para assegurar a paz e a democracia. Tendo sido confirmados os resultados das eleições locais com a excepção de um município, a União Europeia manifesta o seu apreço ao povo moçambicano que, não obstante a tensa atmosfera que se verificou nalgumas partes do país, exerceu o seu direito de voto para eleger os presidentes da câmara e as assembleias municipais.
O exercício de observação do acto eleitoral levado a cabo por representantes diplomáticos da União Europeia, Islândia, Noruega e Suíça, apurou um número importante de constatações que foram partilhadas com a Comissão Nacional de Eleições e com o Governo. A abertura das entidades eleitorais assim como os esforços desenvolvidos para melhorar a transparência do exercício eleitoral foram notados com apreço. Em geral, as entidades eleitorais responderam bem ao desafio logístico de organização das eleições, num calendário apertado e tendo igualmente em conta as 10 municipalidades adicionais criadas.
Foram sublinhadas, contudo, sérias insuficiências, tais como a detenção arbitrária de delegados dos partidos, a não acreditação de muitos observadores nacionais na Beira, o desaparecimento de editais de resultados, indicações de duplicação de votos e da introdução ilícita de votos nas urnas, ou ainda interferências nos boletins de voto que os invalidaram. Mecanismos efectivos de recurso contra irregularidades e o apuramento de responsabilidades no que respeita aos autores das mesmas são importantes para assegurar a credibilidade de eleições.
A necessidade de garantir a probidade do processo assim como a segurança dos eleitores é uma questão fulcral tendo em vista as próximas eleições. Neste âmbito, é importante que seja investigado o uso excessivo de força pelas forças de segurança que resultou em mortes e feridos em algumas municipalidades e que sejam apuradas as responsabilidades.
Com as eleições gerais marcadas para 15 de Outubro de 2014, a União Europeia reitera o seu apelo a que esforços suplementares sejam desenvolvidos para garantir aos cidadãos moçambicanos transparência e credibilidade em todo o processo de votação e sublinha as recomendações efectuadas pelas anteriores missões de observação eleitoral da UE.
Todas as forças políticas democráticas têm de reconhecer que as divergências políticas deverão ser resolvidas exclusivamente através do diálogo e do voto, num ambiente pacífico, assim como no quadro parlamentar.
A União Europeia continua empenhada em acompanhar o povo moçambicano na via do aprofundamento da democracia.

População de Moçambique vive entre medo e indignação

Os conflitos entre a RENAMO e o exército governamental estão a causar pavor no seio da população que revive os traumas da guerra. A sociedade sente-se indingada mas não condena os ataques, segundo sociólogo moçambicano.
Os conflitos entre a RENAMO e o exército governamental estão a causar pavor no seio da população que revive os traumas da guerra. A sociedade sente-se indingada mas não condena os ataques, segundo sociólogo moçambicano.
“O pavor da população é resultado primeiramente de alguns incidentes ocorridos desde o ano passado, em que houve morte principalmente de civis, ao longo da Estrada Nacional 1. Esses incidentes, que têm sido muito divulgados na televisão, têm causado uma espécie de um reviver da guerra que durou 16 anos em Moçambique”, explica o sociólogo.

Pelo que, perante a “informação de homens armados em alguma região, a população com certeza vê que a melhor solução é sair do que esperar para confirmar. Então é mais a resposta institiva de sobrevivência por parte da população”, afirma Eugénio Brás.
Regressa fantasma da Guerra

Quase 24 anos depois da assinatura do Acordo Geral de Paz (1992), que ditou o fim da guerra civil, o atual receio mostra que os traumas do passado estão ainda longe de estar ultrapassados.
Na opinião do sociólogo moçambicano, "a RENAMO sempre usou uma política de ameaça de retornar à guerra, então nunca houve um momento em que a população teve tempo de esquecer a possibilidade de se retornar à guerra”.
O conflito armado está ainda longe de ser um assunto esquecido, permanecendo vivo na memória coletiva: “as pessoas que viveram a guerra estão vivas hoje e estão a ver a possibilidade de serem atacadas de novo de forma indiscriminada por homens armados que não se sabe ao certo onde estão nem quando vão chegar.”


População não culpa RENAMO
Apesar de a população estar psicologicamente cansada dos ataques, do avanço de homens armados e de mais de 20 rondas negociais sem qualquer resultado entre o Governo da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) e a RENAMO, o principal força da oposição, o sociólogo moçambicano Eugénio Brás, verifica que “não há por parte da população uma grande censura aos ataques da RENAMO”.
“A população não aparece nos meios eletrónicos a censurar aos quatro ventos os ataques da RENAMO. Simplesmente [as pessoas] usam esse cenário para acusar novamente e pressionar mais uma vez o Governo e o Presidente da República e exigir com isso que haja diálogo” com a principal força da oposição, considera.
De acordo com o sociólogo, a população questiona-se sobre a verdadeira vontade de as duas partes conversarem e chegarem a uma solução que possa pôr fim ao conflito. Na perspectiva de Eugénio Brás, torna-se evidente um afastamento da sociedade urbana da FRELIMO e o aumento do tom de indignação com o Governo e com o Presidente Armando Guebuza.

Moçambique é um país “parcialmente livre”

…Só está acima de Angola e Guiné-Bissau

Conclui relatório da Freedom House que avalia liberdades políticas e civis em todo o mundo

Maputo (Canalmoz) – Tal como vários outros estudos que vêm destacando a “Frelimização” do Estado, com o partido no poder a controlar todo o Estado e as liberdades, o relatório anual da Freedom House, que avalia ...as liberdades políticas e civis no mundo, diz que Moçambique não é um País livre, mas sim “parcialmente livre”. Comparado com outros países africanos falantes de língua portuguesa, Moçambique só está acima de Angola e Guiné Bissau, em termos de liberdades políticas e civis.
São frescos os episódios de deficiente democracia moçambicana. Recentemente durante as eleições autárquicas, o partido Frelimo arrastou consigo instituições do Estado como polícia e os próprios órgãos eleitorais para cooperarem na fraude e actuarem contra os partidos da oposição. Houve até assassinatos promovidos pela polícia em defesa do partido Frelimo.
Numa escala inversa de sete a um, onde: sete representa países “não livres” e um, “países livres”, a Freedom House atribui Moçambique a nota quatro. Ficando a frente apenas de Angola e Guiné Bissau regimes pouco exemplares a nível do mundo. E curiosamente é frequente a cooperação entre o regime moçambicano com o Angolano.
Para além da habitual promiscuidade partido/Estado, a diminuição do Estado de direito em Moçambique, segundo a Freddom House é consequência da actual tensão político-militar.“Consideramos principalmente a diminuição do Estado de direito, que foi uma consequência dos novos conflitos entre a RENAMO e o Governo. Também consideramos o número crescente de sequestros que estão a acontecer entre a população que nada tem a ver com a RENAMO”, o principal partido da oposição moçambicana, esclarece a investigadora da Freedom House, instituição responsável pelo relatório anual “Liberdade no Mundo 2014”.
Jennifer Dunham garante que estará atenta à evolução da crise político-militar em Moçambique durante este ano.

Angola e Guiné-Bissau

Os dois países lusófonos estão entre os piores classificados em termos de liberdades políticas e civis no relatório anual “Liberdade no Mundo 2014” da Freedom House.
De acordo com o documento, lançado na passada sexta-feira verifica-se uma redução de liberdades civis e políticas em alguns dos mais importantes países do mundo, pelo oitavo ano consecutivo.
Em 2013, entre os 195 países e 14 territórios analisados, 54 países registaram declínios das suas liberdades, enquanto 40 tiveram ganhos. O continente africano regista os maiores agravamentos mas também alguns avanços.
Segundo escreve a DW, ao contrário do resto do mundo, a África lusófona mantém-se estável, segundo Jennifer Dunham, editora para África do relatório da Freedom House, organização não-governamental internacional que faz investigação nas áreas de democracia, liberdade política e direitos humanos.
A Guiné-Bissau está, aliás, entre os 10 países que mais liberdades políticas e civis perdeu nos últimos 10 anos, segundo o relatório anual “Liberdade no Mundo 2014” da Freedom House. E é o sexto país com maior declínio nas liberdades nos últimos cinco anos, depois da República Centro-Africana, Mali, Gâmbia, Ucrânia e Barhein.
“O golpe de Estado, combinado com o enorme papel dos militares no Governo, e as ligações com o narcotráfico” justificam o mau posicionamento da Guiné-Bissau no relatório, segundo a investigadora Jennifer Dunham.
Ainda assim, a instituição Freedom House deu “algum crédito pelo progresso criado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), mas [a Guiné-Bissau] deveria ter tido eleições, que foram adiadas para 2014”, acrescenta a investigadora.
“Claro que por trás de tudo isto estão os problemas com o domínio dos militares, a falta de supervisão civil dos militares e o envolvimento dos mesmos na corrupção e narcotráfico. Aliás, houve um aumento no tráfico de droga no país”, justifica Jennifer Dunham.
Considerada também “não livre, Angola partilha com a Guiné-Bissau a pior classificação dos cinco Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
O poder do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, não promove liberdades civis e políticas, segundo a investigadora da Freedom House
O poder do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, não promove liberdades civis e políticas, segundo a investigadora da Freedom House
“A classificação de Angola tem-se mantido igualmente má desde há muito tempo (…) José Eduardo dos Santos está no poder há cerca de 34 anos e não existe nenhuma mudança no sistema político”, avalia a investigadora da Freedom House.
Entre os chamados factores agravantes das liberdades no país, a investigadora destaca o uso da lei de difamação contra os jornalistas, os despejos forçados e falta de liberdade religiosa de minorias.
Além disso, Jennifer Dunham aponta “o poder esmagador do Presidente, a falta de uma oposição significativa, através do clientelismo, o controlo da comunicação social, da justiça, da riqueza imensa do petróleo (que o Governo controla) e o controlo também dos militares”.
A investigadora observa ainda que “há muito poucas críticas ao Governo de Angola pela comunidade internacional ou das instituições regionais como a União Africana ou Comunidade para o Desenvolvimento para a África Austral. Basicamente é-lhe permitido tudo”, sustenta Jennifer Dunham.

Cabo Verde lidera lusófonos

A investigadora da Freedom House, Jennifer Dunham, elogia Cabo Verde. Identificado como país “livre” no relatório, o arquipélago lusófono tem a melhor classificação em termos de liberdade de todo o continente africano.
Guiné-Bissau e Angola estão entre os piores do mundo em liberdade Jennifer Dunham destaca a liberdade de imprensa e esforços anti-corrupção em Cabo Verde assim como em São Tomé e Príncipe, país classificado também como “livre”

Wednesday 29 January 2014

União Europeia denuncia "sérias insuficiências" nas eleições municipais moçambicanas

Maputo, 29 jan (Lusa) - A União Europeia (UE) apontou hoje a detenção arbitrária de delegados de partidos políticos, desaparecimento de editais e a não acreditação de observadores como "sérias insuficiências" verificadas nas eleições municipais moçambicanas de 20 de novembro.
Numa declaração sobre a sua missão de observação eleitoral às municipais moçambicanas de 20 de novembro, subscrita igualmente pelas missões da Islândia, Suíça e Noruega, a UE refere que foi ainda detetada a introdução ilícita e invalidação deliberada de votos.
"Mecanismos efetivos de recurso contra irregularidades e o apuramento de responsabilidades no que respeita aos autores das mesmas são importantes para assegurar a credibilidade de eleições", diz a avaliação da UE sobre o escrutínio.

O desespero existencial tira o sono a alguns

Declarações mediatizadas vendem jornais mas não repõem a verdade…

Soluços de “veteranos” como medo da derrota democrática

Beira (Canalmoz) – Está por demais conhecida a fórmula de repetir que os outros eram agentes do imperialismo e dos regimes racistas da região austral de África.
Na verdade, quem assim se pronuncia, ...desde sempre, são os acólitos de uma internacional comunista moribunda e em muitos casos já sepultada. Nem Vladimir Putin quer ouvir falar desse tipo de gente.
Maputo já foi o paraíso de uma esquerda revolucionária que preenchia os corredores do poder.
Depois da eclosão do conflito armado entre o governo socialista da Frelimo e a Renamo – Resistência Nacional Moçambicana, muitos foram os pronunciamentos de académicos, pesquisadores encomendados e de governos que esperavam tirar dividendos em Moçambique.
Hoje alguns majores generais e coronéis na reserva derrotados militarmente continuam sem ter a sensatez e coragem de reconhecer que nem sempre estiveram do lado certo da história. Quando alguém se configurou de marioneta, de lacaio e defensor de uma situação que colocava Moçambique como satélite da URSS e depois quer vir a público acusar outros de lacaios de regimes racistas e outros nomes é caso para se ficar preocupado. É a continuação da mentira que antes era oficial. Hoje só continuam falando de teses gastas com o tempo, aquelas pessoas que não encontram espaço nas hostes governamentais e de seu partido de suporte.
O estilo acusatório característico de uma campanha de contra-informação já posto em prática pelas mesmas pessoas no passado é revelador dos objectivos pretendidos.
Gente habituada a mandar e a distribuir cartas e funções muitas vezes inquisitoriais não se vê numa posição subalterna ou simplesmente de ostracismo efectivo.
Avançar pelo desprezo e insulto daqueles que se bateram contra a ditadura antes reinante em Moçambique revela uma vontade firme de contrariar a democracia e a reconciliação nacional.
Não há surpresas e dos pronunciamentos vilipendiando concidadãos fica a imagem clara de uma derrota mal digerida. Gente que comandando contingentes de forças militares e policiais se viu na eminência de uma derrota militar demolidora e que agora se vê confrontada com forças políticas ganhando e espaço território não poderia deixar de estar preocupada. É uma mudança de regime que avança inexoravelmente.
Responder só ao que convém e esquecer o inconveniente, dizer que uns matam civis e inocentes, relembra massacres cometidos e atribuídos a outros num passado recente em Moçambique. Realisticamente falando em guerras não há santos e disso reza a sabedoria popular.
“Enterrar o machado de guerra” requer comprometimento e não safadeza intelectual.
Os palcos que antes eram monopolizados e de onde se lançavam ordens e orientações hoje já não são mais acessíveis para alguns actores inveterados.
Uma atitude de aparente obediência e disciplina partidária, de respeito pela liderança do partido a que alguns falcões pertencem esconde sentimentos inconfessáveis. Não conseguem manifestar o seu ódio figadal para com quem se recusa a aceitar suas recomendações e presença nos círculos do poder por onde circulavam antes. Não há pretensão de negar papéis históricos desempenhados só que isso não coloca tais pessoas num panteão único dos libertadores de Moçambique.
Diga-se a verdade, alguns são e estão cheios de complexos de superioridade de origem quanto a nós desconhecida pois seus feitos não conjugam com o estatuto perpétuo que reivindicam.
Chamar uma alegada “vingança pela independência” para a mesa do debate constitui um artifício elaborado com vista a desviar a atenção do fundamental. Democracia política e económica é que está em causa e em jogo em Moçambique. Os moçambicanos querem o fim dos cidadãos especiais, intocáveis, impunes.
Uma doença que não é nova mas que só agora se revela, chama-se, exclusivitite e elitite. Para quem padece deste mal é difícil senão mesmo impossível conceber e aceitar que outros brilhem.
Se as contas do AGP saíram furadas e se exige o seu cumprimento integral preocupa a alguns porque seu status sofreria uma alteração profunda. De cavaleiro a peão, posição em que alguns já se encontram procuram a todo o custo “puxar a brasa para a sua sardinha”.
E quando a comunicação social lhes dá espaço esgrimem as únicas armas que conhecem, a altivez, o desprezo tácito pelos outros.
Moçambique e os moçambicanos não vão parar só porque coronéis na reserva já derrotados no campo de batalha e preteridos por seus partidos se recusam a aceitar a realidade diferente de hoje.
Talvez o maior erro cometido por certas pessoas tenha sido pensarem que tinham o exclusivo no que respeita à capacidade de pensar.
Aceitem a reforma e gozem pacificamente seus dias. Não continuem com uma agenda cultora do ódio e da intolerância nacional.
Se estão magoados com a forma com que vosso partido de sempre vos trata, resolvam vossos diferendos internamente e não espalhem “baba ranhosa com hidrofobia” para o ambiente.
Requer-se serenidade e sensatez para pensar para além dos interesses individuais e de pequenos grupos.
O contributo de todos para a paz é necessário mas só pode concretizar-se despedindo a arrogância, a altivez, o sentido de elite predestinada a gerir e governar Moçambique.
Razoabilidade e humildade são o que se procura entre os interlocutores.
Ninguém pretende o regresso das “caravelas” e os cidadãos que elegeram partidos da oposição em pleitos eleitorais passados fizeram-no por convicção do que queriam.
Uma juventude que corajosamente abraçou o combate político contra os históricos partidos que resumiam a cena política nacional claramente que assusta e faz temer que edifícios antes julgados inexpugnáveis se destruam.
Coloque-se Moçambique acima dos interesses de cada um de nós e cultive-se a concórdia no lugar do ódio visceral…


(Noé Nhantumbo, Canalmoz)

Gerais 2014: Renamo anuncia que vai participar nas eleições de 15 de Outubro



A membro da Comissão Política da Renamo, Ivone Soares, anunciou esta terça-feira (28), na capital provincial da Zambézia, Quelimane, em reunião alargada aos delegados políticos distritais e membros da Assembleia Provincial, que o seu partido vai participar nas eleições gerais agendadas para 15 de Outubro próximo, e que já está a preparar-se com vista a sair vitorioso. Porém, não disse se tal depende ou não da revisão da actual legislação eleitoral, um dos pontos em discussão no diálogo com o Governo.
Durante o evento será discutido e aprovado o plano de actividades do partido para o presente ano e eleitos novos representantes da Renamo a nível da província da Zambézia, entre outros assuntos.
De acordo com Ivone Soares, o processo de preparação da Renamo irá comportar a fiscalização do recenseamento eleitoral em todo o país.
Num outro desenvolvimento, a deputada da Assembleia da República pela bancada da Renamo, eleita pelo círculo eleitoral da Zambézia, negou que o seu partido seja responsável pela actual tensão político-militar que se vive no país.
Soares afirma que a Renamo jamais irá recorrer à guerra para atingir os seus objectivos. “A instabilidade militar registada em vários pontos do país foi uma maneira de persuadir o Governo a dialogar seriamente com a Renamo pois só assim é que se chegará a um consenso e quem sairá a ganhar será o povo”.
Verdade

Tuesday 28 January 2014

ELEITORES DE GÚRUÈ VOLTAM ÀS URNAS A 08 DE FEVEREIRO

Maputo, 28 Jan (AIM) – O governo moçambicano marcou, para 08 de Fevereiro próximo, a repetição das eleições no município de Gúruè, na província central da Zambézia, depois do Conselho Constitucional (CC) ter anulado as anteriores que tiveram lugar a 20 de Novembro de 2013.
Reunido hoje, em Maputo, na sua primeira sessão ordinária do presente ano, o Conselho de Ministros aprovou a proposta da Comissão Nacional de Eleições (CNE) sobre a data da repetição do sufrágio naquela autarquia, bem como sobre outras actividades que antecedem a votação.
Falando durante um briefing a imprensa, o porta-voz do governo e vice-ministro da Justiça, Alberto Nkutumula, revelou que antes da data da votação existe um período de três dias durante os quais a CNE deverá realizar a campanha de educação cívica, que terminará a 3 de Fevereiro.
Nos três dias seguintes, de 4 a 6 de Fevereiro, será a vez de os candidatos nomeadamente Janguir Hussen Jussub, da Frelimo (partido no poder) e Orlando Janeiro António, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), realizarem a sua campanha eleitoral, com vista a convencer os mais de 36 mil eleitores a confiá-los na presidência do Município.
Igualmente, a votação destina-se a escolher os membros da Assembleia Municipal que deverão ocupar os 21 assentos naquele órgão.
Segundo o calendário aprovado pelo governo, o dia 7 de Fevereiro está reservado a reflexão dos intervenientes no processo.
De referir que o CC anulou, através de um acórdão de 23 de Janeiro corrente, a eleição autárquica no município de Gurué, alegando irregularidades no processo, tendo validado os resultados das eleições de Novembro nos restantes 52 municípios.
Face a esta constatação, o CC decidiu pela repetição da votação naquela autarquia.


(AIM)

Detenções arbitrárias e maquinadas de delegados de candidatura

Constitucional manifesta profunda preocupação
“…Não deixam de ser preocupantes, acima de tudo quando as autoridades policiais sabem ou deviam saber que a lei eleitoral garante imunidade penal a esses delegados…” – censura o Conselho Constitucional, no seu acórdão de validação dos resultados das autárquicas de 20 de Novembro passado

Uma das principais queixas remetida aos órgãos de direito pelos partidos políticos e outros grupos concorrentes às autárquicas de 20 de Novembro teve a ver com detenções tidas como arbitrárias de delegados de candidatura, numa acção protagonizada pela Polícia da República de Moçambique (PRM). Esta situação não passou despercebida no Conselho Constitucional (CC) e retomando a abordagem do assunto, na qualidade de maior órgão de análise e resolução de diferendos eleitorais, o órgão presidido por Hermenegildo Gamito considera que as detenções de delegados de lista são “preocupantes”.
Esta não é a primeira vez que os partidos políticos e outros concorrentes queixam-se em torno desta situação e também não é a primeira vez que o Conselho Constitucional se pronuncia.
No seu acórdão, o CC diz que é obrigação da polícia saber que durante o seu trabalho, os delegados de lista gozam de imunidade não podendo, por isso, ser detidos, a não ser em flagrante delito.
“As denúncias de detenções arbitrárias pela polícia de delegados de candidatura, em pleno exercício do direito de fiscalizar as operações de apuramento parcial ou de outra, mas subsumíveis no processo eleitoral, não deixam de ser preocupantes, acima de tudo quando as autoridades policiais sabem ou deviam saber que a lei eleitoral garante imunidade penal a esses delegados, proibindo a sua detenção durante o funcionamento da mesa da assembleia de voto, salvo em flagrante delito por crime punível com pena de prisão superior a dois anos” – refere o CC no seu acórdão.
As denúncias de detenções de arbitrárias foram maioritariamente remetidas aos órgãos eleitorais pelo Movimento Democrático de Moçambique e pela Associação para a Exploração Sustentável dos Recursos Minerais (ASSEMONA), esta última particularmente em Angoche.
Estranhamente, maior parte dos delegados detidos durante o exercício da fiscalização, foi restituído à liberdade horas depois, mas já não poderiam voltar às mesas de votação na medida em que as mesmas já estavam encerradas e o apuramento parcial tinha já sido feito na sua ausência.
A queixa destes grupos concorrentes acusa as autoridades policiais de estarem acopladas com o partido no poder para assegurar a vitória da Frelimo e seus candidatos, recorrendo para tal, à chamada táctica de enchimento de urnas.


MEDIAFAX – 27.01.2014, no Moçambique para todos

Maputo acolhe o 7º Festival Marrabenta

Maputo acolhe entre os dias 31 de Janeiro e três de Fevereiro o 7º Festival Marrabenta, que irá escalar o Centro Cultural Franco-Moçambicano – na noite da inauguração – e o distrito de Marracuene. Mas antes, amanhã, 28, a partir das 18 horas, será feita a apresentação da pesquisa sobre a origem e a evolução da Marrabenta pelo ARPAC.
O Festival Marrabenta decorre todos os anos desde 2008, com o objectivo de contribuir na preservação e promoção da cultura moçambicana. O evento é organizado pelo Laboratório de Ideias, uma espécie de agência de eventos culturais.
Além da música feita por artistas locais, nesta edição aglutinou-se ao festival workshops a fim de garantir alguma interacção entre diversos fazedores das artes. Com a participação de artistas que representam todas as gerações da música moçambicana, o festival promete fazer a diferença desde a fusão de cores, energia, até aos ritmos tipicamente nossos.
Neste evento irão participar artistas como Dilon Djindji, o conjunto Djambo 70, Xidiminguana, Neyma Alfredo, Wazimbo, Mingas, Stewart Sukuma, Mr Bow, MC Roger e DJ Ardiles.
O Festival Marrabenta será antecedido por eventos paralelos como, por exemplo, a apresentação dos resultados da pesquisa intitulada “Marrabenta: origem e evolução”, que é organizado pelo Instituto de Investigação Sócio-Cultural, ARPAC. A iniciativa terá lugar no Centro Cultural Franco-Moçambicano, a partir das 18 horas.
De igual modo, no dia 31 de Janeiro, no Gil Vicente, Carlos Gove e Jorge Domingos vão fazer um intercâmbio musical, entorno dos seus trabalhos discográficos, respectivamente, “Massone” e “Marrabenta Rio”.
De referir que o evento de estreia terá lugar no dia 31 de Janeiro no Centro Cultural Franco-Moçambicano a partir das 20 horas. No dia dois de Fevereiro terá o tradicional Comboio Marrabenta que irá escalar o distrito de Marracuene na tradicional festa de Gwaza Muthini.



A Verdade

Monday 27 January 2014

Renamo regressa à mesa de diálogo diálogo com o Governo de Moçambique

Depois de 15 semanas ausente, a delegação da Renamo decidiu retornar à mesa de diálogo, esta segunda-feira (27), para discutir com a sua contraparte, o Governo, a presença de mediadores e facilitadores no diálogo político que se arraste desde Maio de 2013. Porém, apesar deste pequeno, mas valioso, avanço, ainda não ficou claro quem serão as tais figuras, nem se o Executivo vai aceitar a inclusão de estrangeiros, como pretende a “Perdiz”.
No final de ronda deste segunda-feira, as duas delegações estavam satisfeitas com a avanço dado, embora continuassem a usar uma linguagem diferenciada para se referir às figuras que serão incluídas no diálogo.
A delegação da Renamo, chefiada pelo deputado da Assembleia da República (AR), Saimone Macuiane, falava de “mediadores e observadores” e a governamental referia-se a observadores ou simplesmente “terceiros”.
“A nossa agenda de hoje tem que ver com a mediação e observação. Nessa agenda demos um passo a mais e ao longo dos próximos dias iremos trabalhar no sentido de produzir os códigos de conduta e também produzir as personalidades e entidades que tomarão parte deste processo”, afirmou o chefe da delegação da Renamo em conferência de imprensa.
Para esta delegação, no breve encontro, que durou cerca de 30 minutos, ficou clara a importância da mediação e observação do diálogo, faltando às partes encontrarem a melhor forma de integrar estas figuras. Entretanto, Macuiane, quando questionado sobre se o regresso da sua delegação à mesa do diálogo não significaria o fim dos ataques, disse que esse assunto não foi tratado no debate.
Ronda positiva Por seu turno, a equipa do Governo classificou de positiva a ronda desta segunda-feira, a primeira desde a interrupção do diálogo a 14 de Outubro do 2013. “Foi um encontro positivo e o espírito das duas delegações parece bom”, referiu o ministro dos Transporte e Comunicações, Gabriel Muthisse.
Segundo Muthisse, em curto espaço de tempo em que as duas equipas estiveram reunidas conseguiram “acordar em algumas questões essenciais ao diálogo, nomeadamente, a questão da participação de terceiros”. “Temos fé que no trabalho que vamos fazer logo a seguir, que é procurar acordar o contexto, critérios e termos de referência dessa participação de “terceiros”, ou seja, observadores, vamos criar condições muito mais positivas para o avanço do processo do diálogo”, afirmou convicto.
A delegação governamental disse ter ficado com a impressão de que a Renamo voltou ao diálogo, de facto, com espirito construtivo e, portanto, vai procurar, nas próximas sessões de trabalho, consolidar esse espirito entre as duas  delegações de modo que isso possa ter reflexos positivos na vida económica, política, cultural e social do povo.
Muthisse entende não haver da parte do Governo, e quiçá da Renamo, nenhum interesse em ver quem saí a ganhar ou a perder nesse diálogo, pois quem deve ganhar com o mesmo são os moçambicanos.
A delegação do Renamo havia interrompido o diálogo com o Executivo em meados do Outubro passado, impondo como condição para o seu regresso a presença de facilitadores, observadores e, mais tarde, de mediadores.
A pedido supostamente do Chefe do Estado, Armando Guebuza, o partido de Afonso Dhlakama enviou, no início do mês de Dezembro, uma carta à Presidência da República na qual indicava 14 figuras, entre nacionais e internacionais, para mediarem o diálogo.
Entre os indicados constavam os nomes do constitucionalista moçambicano Gilles Cistac; bispo italiano Matteo Zuppi ; ex-Presidente sul-africano, Thabo Mbeki; e um representante não identificado da União Europeia. Além destes, propôs também a presença de figuras de países como Estados Unidos, China, Portugal, Cabo Verde, Quénia e Botswana.



A Verdade

ULTIMA HORA

 Ronda de Diálogo Governo/RENAMO terminou à momentos com a aceitação pelo Governo das pré-condições exigidas pela RENAMO relativas à presença de Observadores ás mesmas. Estas foram declarações das partes em Conferência de Imprensa no final deste breve encontro. A qualquer momento será marcada nova data para a retomada das conversações.


Televisão Independente de Moçambique

A guerra de hoje é um subproduto da corrupção generalizada

 Mesmo antes da queda do Muro de Berlim e da desagregação da URSS, em Moçambique já pontificavam oligarcas, no sentido de que a política vigente consistia nos ditames de um pequeno grupo de “camaradas” omnipresentes e todo-poderosos.
Chamavam-se a si próprios de membros da Comissão Política herdeira do defunto Bureau Político.
Todo o tipo de decisão vinculativa era tomado a esse nível e ninguém podia actuar fora das linhas definidas como as orientadoras. Não era uma simples superestrutura de um regime centralizado e monolítico, abominando a livre expressão dos cidadãos ou qualquer aspiração de democracia política.
A evolução social e política não é linear e em lugar algum se pode encontrar exemplo de país que tenha singrado e evoluído para estágios de desenvolvimento considerável sem ter experimentado crises, umas fortes e outras mais fracas.
O poder, a sua conquista e exercício pleno, foi sempre uma questão de importância primordial em política.
Na posse de retalhos ideológicos alguns dos moçambicanos que dominavam a arena política se supunham detentores de toda a sabedoria e nessa qualidade os únicos que deveriam governar o país. Esgrimindo argumentos marxistas e leninistas, maoístas e tudo que fosse o campo de seu treinamento e doutrinação prévia, apossaram-se do espaço opinativo e criaram uma cultura geral de obediência e servilismo no país.
Numa combinação a longo prazo, Henry Kissinger, Zhou EnLai, Andrei Gromyko, mas sem concertação prévia, terão moldado as oligarquias de hoje, tanto na China, EUA como na Rússia.
Os comportamentos e procedimentos que transbordaram para Sul não foram senão subprodutos de lutas pela hegemonia que aconteciam a outros níveis.
Não há país sem elite mas o que as elites fazem em cada país difere substancialmente.
Em Moçambique num processo difícil de definir o poder em si sempre esteve em jogo e na esteira disso assassinatos políticos foram promovidos no seio da guerrilha independentista. Outro meio expedito foi a rotulagem política dos adversários de peso como que preparando a sua execução como mais tarde se verificou. A história está repleta de exemplos sinistros e sangrentos. Houve sempre quem agiu e se colocou em posição especial em determinados momentos. Julgar o passado é um exercício em si complexo e susceptível de polémica. Saber situar actos e acontecimentos é papel de líderes na medida em que um deslize por mais pequeno que seja pode levar a emergência de conflitos. Se escrever a história é normalmente função executada pelos vencedores isso não impede que a sua reescrita possa suscitar novos conflitos.
Equilíbrio, capacidade de ponderar e acolher a complexidade da situação tem sido de capital importância e infelizmente muita rara.
Exibindo apetites vorazes e excludentes alguns moçambicanos em posição de liderança entram em aberta linha de choque com o desiderato nacional. O que vale é a sua manifesta agenda de poder e de controlo absoluto. Nesse sentido não conseguiram aprender de seus mentores e mergulham o país aceleradamente numa guerra civil.
Os que aparecem declarando que os insurgentes são sanguinários e contra a paz esquecem-se rapidamente de capítulos tenebrosos da nossa história recente. Não há “guerra santa” nem algo que se pareça.
Toda acção no sentido de cimentar posições oligarcas foi sendo contrariada por moçambicanos tanto a nível individual como ao nível dos partidos da oposição. A aparente cisão entre os oligarcas culturais e intelectuais com os seus pares políticos e económicos é um processo normal decorrente do desenvolvimento de novas sensibilidades. Deve ser vista como um processo de rotura derivado de uma nova conjuntura nacional e internacional.
O fim da anterior guerra civil foi propício para o surgimento de uma corrente avassaladora de lutas pela livre expressão e manifestação. Algum enquadramento legal e legislativo trouxe à superfície todo um potencial que parecia não existente. As elites sentiram o peso disso tudo e puseram-se na defensiva. Comprar órgãos de comunicação social e controlar através dos mecanismos existentes de nomeação de seus gestores de topo, transferências, controlo estreito de todo o aparato do ensino superior e respectivo sistema de concessão de bolsas, foram acções executadas milimetricamente.
A avalanche de comentaristas e analistas ao serviço dos principais canais televisivos e radiofónicos do país mostra claramente outra face desta guerra.
Mediocridade intelectual e académica juntam-se para dar um ar de normalidade que não existe. Os poucos exemplos que contrariam a corrente geral de intoxicação da audiência nacional existem e são de louvar, pois mesmo contrariando as instruções expressas do regime e correndo o perigo de perderem contratos apetitosos de publicidade não desarmam de sua nobre missão.
Num grave momento da história nacional falta uma visão estratégica por parte de governantes influentes, por parte de gente que tem responsabilidades históricas inalienáveis. Empurram o país para o abismo numa atitude suicida incompreensível. Egipto e Líbia, Iraque e RDC ou Costa do Marfim parecem insuficientes para dar uma lição de política aos nossos governantes e políticos.
Gente que foi excluída da mesa dos banquetes oficiais e que caminha sonâmbula pelas cidades esburacadas do país não consegue enxergar a oportunidade de fazer a diferença. Teimosamente bate em teclas enferrujadas.
A Renamo é uma criação da Frelimo no sentido de que seus membros divergiram do que era feito e do que antes havia sido feito. Não tragam o apartheid nem a Rodésia racista ao barulho pois abundam evidências cada vez mais poderosas de que o núcleo dirigente da Frelimo foi sempre controlado pela URSS e seus serviços de inteligência. Quando não era directamente essa tarefa era entregue a terceiros como Cuba, RDA e outros.
O MDM não é o que o coronel na reserva Sérgio Viera quis dizer em sua última entrevista a um semanário de Maputo. Quando ele fala da possibilidade de vingança expressa sentimentos particulares compreensíveis, dado o contexto em que certas operações de eliminação de opositores aconteceram. Sejamos francos, honestos e adultos. Em Moçambique existe um mínimo de organização judicial que não permite que se declare uma ofensiva de vingança contra quem que seja. A barbárie do passado impune e executada ao abrigo de uma “justiça revolucionária” perdeu qualquer possibilidade de reeditar-se nas condições actuais do país. Fique descansado o coronel na reserva e seus companheiros de jornada.
Fiquem também descansados os escribas incansáveis defendendo a liderança da Frelimo. Mesmo que isso se mostre por vezes como forma de garantir a impunidade face a ilícitos cometidos e conhecidos publicamente. Fiquem descansados porque os moçambicanos só querem acabar com a oligarquia e as elites parasitas.
Queremos todos respirar o mesmo ar sem restrições nem controlos de gente que supõem o todo com mais direitos do que todos os outros.
Queremos o fim da “mafias eleitorais” e da manipulação da opinião pública. Queremos o básico, justiça, educação de nossas crianças em carteira e com livros que relatem a verdadeira história do país. Queremos ter acesso a hospitais decentes e com material médico-cirúrgico sem termos que pagar pela porta do cavalo. Queremos acesso a postos de trabalho sem ter que exibir o cartão de membro de partido Frelimo.
Queremos umas FADM e PRM que sejam garantes de nossa soberania e segurança, muito longe do cumprimento de ordens e orientações que debilitam e matam a democracia.
Ilusionismo político e campanhas de endeusamento de figuras humanas só servem projectos de oligarcas durões que atrasam tudo.
Líderes políticos e cívicos, religiosos e empresariais a hora é esta, a oportunidade é esta, hoje e não amanhã.



(Noé Nhantumbo, Canalmoz)

NÃO ESTAMOS SATISFEITOS


O PORTA-VOZ do Movimento Democrático de Moçambique, José de Sousa, disse ontem que a sua organização não está satisfeita com a decisão do Conselho Constitucional de anular a eleição no município de Guruè, na Zambézia. 
“Não estamos satisfeitos porque ficou aqui bem patente que nós estamos num país de mentiras porque, na verdade, em relação a Guruè o MDM e o seu candidato venceram as eleições”, afirmou.
Apesar desta convicção, José de Sousa disse que o seu partido está sempre preparado para participar activamente no jogo democrático e vai participar em todas as eleições, incluindo as que vão ter lugar em Guruè.
O porta-voz do MDM aproveitou a ocasião para criticar os órgãos da administração eleitoral e o CC na sua actuação, particularmente no que se refere ao tratamento das queixas, reclamações e recursos.
Insurgiu-se contra a declaração do CC segundo a qual, em termos de procedimento, as eleições em Moçambique decorrem em cascata, isto é, a queixa ou reclamação deve ser remetida, em primeiro lugar, à Comissão Distrital de Eleições e, se a resposta aí não satisfaz, recorre-se à Comissão Provincial de Eleições e depois à Comissão Nacional de Eleições, e só depois, como último recurso, ao “Constitucional”.
“Se, de facto, o Conselho Constitucional diz que as eleições decorrem, sob o ponto de vista de procedimento, em cascata, então deveria ter sido observado este princípio quando o mandatário do MDM em Guruè submeteu a nossa reclamação, mas nada disso aconteceu”, desabafou, para depois sublinhar que o Conselho Constitucional acabara de perder uma grande oportunidade de mostrar serviço, de mostrar transparência, de mostrar idoneidade no tratamento de assuntos ligados ao processo eleitoral.
“O CC, em vez de dar vitória ao MDM, como prova toda a documentação que o MDM entregou a este órgão, em tempo útil, tratou de anular a eleição”, lamentou Sousa.
Sobre os resultados dos outros municípios ontem validados, a nossa fonte referiu que a sua organização já disse, em ocasiões anteriores, não concordar com a maioria destes porque, segundo disse, houve viciação, e o MDM apresentou provas evidentes em altura apropriada.



Notícias

Sunday 26 January 2014

EDITORIAL: O que ninguém debate

Dizem que o Presidente da República, Armando Guebuza, não quer a guerra. Contudo, pelo seu discurso constitui um exercício hercúleo acreditar nessa crença veiculada por muito boa gente. Alegam, nas televisões e na Imprensa fiel ao regime, que o problema reside na intransigência da Renamo. É uma opinião e, por isso, deve ser respeitada. Mas o bom senso indica que é preciso questionar um pouco mais.
É preciso olhar para o desenrolar do conflito. E, para não parecermos oportunistas, vamos contornar aquele pensamento fácil de que foi Guebuza quem ordenou que se atacasse a “residência” de Dhlakama em Sathunjira. É um argumento fácil demais para explicar um conflito bem mais complexo de compreender. No entanto, o discurso de Guebuza, no último informe do PR na Assembleia da República pode conceder algumas pistas.
Ou seja, é um ponto de partida para aferir a sua responsabilidade. Recordem-se de que Guebuza desqualificou o conflito e alegou que o mesmo não estava a ocorrer na zona centro, mas sim num espaço circunscrito daquela região do país. O que o PR disse era, naquela ocasião, uma verdade rotunda. Porém, depois daquele pronunciamento o conflito alastrou-se como que a transmitir ao PR que o problema poderia, se a Renamo compreendesse, ser nacional.
Aqui, por exemplo, não vale o argumento de Mazanga segundo o qual as coisas assim se deram para aumentar o raio de segurança de alguém que se encontra em parte incerta. A responsabilidade, das mortes de civis, não é exclusiva do Chefe de Estado. A Renamo também tem a sua quota-parte. Isso é inegável. Na verdade, nada justifica uma guerra. Portanto, os discursos devem, neste momento, ser cuidadosos. Não podemos, agora, dizer que as FADM vão reagir aos ataques dos homens da Renamo.
Nem sequer adianta continuar com aquela pouca vergonha no Centro de Conferências Joaquim Chissano, até porque o povo moçambicano já percebeu que se trata de um teatro mal encenado. Obviamente não se pode, em nome da racionalidade, estabelecer uma relação de causa e efeito entre o pronunciamento do PR e o alastramento do conflito. Contudo, é preciso compreender que as coisas não se dão por acaso.
O conflito esteve vários meses circunscrito ao espaço determinado pela Renamo. Presentemente, a situação tem vindo a ganhar proporções alarmantes. O silêncio por parte dos dois principais protagonistas desses acontecimentos cruentos é de uma brutalidade indescritível. Sem nenhuma réstia de sentimento ou compaixão pelo povo, o PR prossegue pendurado no altar da sua arrogância.
Não tuge nem muge. O que está, todavia, claro, é que se trata de um jogo de xadrez com o sangue do povo a ser usado como peão no tabuleiro do orgulho de uns e outros. Trata-se de um jogo de paciência do qual ambos pretendem ficar com o maior quinhão. Esperamos, contudo, que quando o jogo terminar o país não seja uma amontoado de escombros. Pelo andar da carruagem, somos levados a acreditar que não estamos longe disso. Caminhamos, a passos largos, para um abismo sem precedentes.



A Verdade

Saturday 25 January 2014

CNE promete responsabilizar autores das irregularidades

    
Abdul Carimo, presidente da CNEAbdul Carimo, presidente da CNE
Eleições autárquicas 2013
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) promete responsabilizar todos os agentes eleitorais envolvidos nas irregularidades registadas durante o processo eleitoral em todos os municípios do país.
, afirma que os mesmos terão agido sem orientação dos órgãos de administração eleitoral, facto que deverá lhes valer procedimentos disciplinares.
“Efectivamente, já começou o processo de responsabilização dos agentes que, pela sua actuação, mancharam o desempenho da Comissão Nacional de Eleições”, disse, ontem, Abdul Carimo.
Ainda não se sabe ao certo quantos membros das mesas das assembleias de voto estão envolvidos nas irregularidades que, no Gurúè, por exemplo, resultaram na invalidação dos resultados eleitorais.
“Ainda não posso precisar o número dos envolvidos e dos que serão punidos, pois, além dos processos, decorrem investigações. Como está a ver, pelo número de irregularidades, os agentes envolvidos também são em número maior”, afirmou.
A Comissão Provincial de Eleições (CPE) na Zambézia também diz não perceber de que forma as actas e editais originais desapareceram e foram apresentados posteriormente pelo MDM à CNE.


CIDADE DE MAPUTO TOMADA DE ASSALTO PELO NEGÓCIO INFORMAL

Maputo, 24 Jan (AIM) – Comerciantes informais provenientes de diversos pontos do país acreditam que a cidade de Maputo, capital moçambicana, constitui um mercado favorável tanto para a geração de lucro nos seus negócios, bem como para criar poupança necessária para alimentar o sonho de um futuro sorridente na sua terra natal.
A maioria dos informais entrevistados pela reportagem da AIM são cidadãos originários das regiões centro e norte de Moçambique, que confessaram ter largado os seus estudos ou abandonado as suas famílias para se deslocarem a Maputo, onde praticam o negócio informal há vários anos.
Numa ronda a cidade de Maputo, pode-se constatar facilmente a presença de vendedores informais um pouco por todo lado, mas em maior concentração a partir do Ponto Final, esquina entre as avenidas Eduardo Mondlane e Guerra Popular, bem como ao longo desta última via até a zona baixa da capital moçambicana, junto ao terminal dos transportadores semi-colectivos.
A maioria são jovens de ambos os sexos que se concentram diariamente desde as primeiras horas da manhã até ao fim do dia num exercício de caça ao cliente, e cujo objectivo é a liquidação das suas mercadorias e, naturalmente, geração de renda para manter o negócio e a materialização dos seus sonhos antes de deixarem as suas zonas de origem.
A AIM entrevistou um grupo de 115 jovens. Deste número 111 já não pensam em regressar às suas zonas de origem pois, agora, a sua ambição é adquirir um terreno na capital do país, para erguer a sua própria residência e, naturalmente, praticar o comércio para sustentar a família.
Para Hélio Afonso, natural de Quelimane, província central da Zambézia, e vendedor informal, as condições de vida na cidade de Maputo são melhores. Afonso acredita ainda que “qualquer pessoa pode conseguir sobreviver desde que tenha força de vontade e criatividade”.
Afonso disse ainda que sobrevive com base na venda de acessórios para telemóveis há cinco anos na zona baixa da cidade de Maputo e por dia consegue no mínimo 200 meticais (cerca de sete dólares) de lucro.
A vida de Maputo não é como a de Quelimane. Em Maputo, a pessoa consegue ganhar o mínimo para sobreviver, enquanto na minha província tudo está parado porque não há movimento e assim fica difícil desenvolver o negócio”, explicou.
Durante o contacto estabelecido com outros vendedores informais, a reportagem da AIM apurou que um número significativo frequentou apenas até ao ensino primário do segundo grau.
O ensino em Moçambique está estruturado em primário, secundário e superior. O primário subdivide-se em dois graus, o primeiro e o segundo.
Afirmam, por um lado que decidiram enveredar pelo negócio ao invés de estudar porque “estudar não lhes vai valer em nada devido a dificuldade para encontrar um bom emprego”.
Por outro lado, defendem ter saído da sua zona de origem como forma de escaparem das cheias que ocorrem com muita frequência nas regiões centro e norte do país.
Alguns alegam ter abandonado os estudos devido a falta de condições financeiras para suportar os custos da sua educação e as suas famílias nunca lhes incentivaram a prosseguir a formação escolar.
A maioria vive em espaços alugados, pagando uma renda mensal que varia de 1.000 meticais à 2.500 meticais. Este valor representa uma despesa considerável para os seus orçamentos que gira em torno de 6.000 meticais, por mês.
Sónia Chico, natural de Quelimane, é outra vendedora informal na baixa da capital moçambicana.
Ela disse que há cerca de três anos que vende sapatos. Afirma ainda que consegue por dia pelo menos vender uma caixa de calçado, que representa um lucro no valor de 300 meticais, ou seja 9.000 meticais mensais.
É graças a venda de calçado que ela consegue pagar a renda do espaço onde vive e suportar outras despesas de casa.
Eu consigo vender por dia uma caixa de sapatos e através desse valor que ganho diariamente consigo pagar a renda de 2.500 meticais mensal e sustentar os meus dois filhos”, contou a fonte.
Sónia Chico disse que saiu de Quelimane para vir viver com o seu marido em Maputo, com que se separou mais tarde, razão qual decidiu entrar no negócio informal para sustentar os seus filhos e a si própria.
Por seu turno, Simão Huo, disse que há cinco anos que pratica o comércio informal, sendo a sua especialidade a venda de vestuário masculino. A fonte disse que consegue fazer um lucro diário na ordem de 800 meticais.
Se para os vendedores informais o “negócio de esquina” é uma forma de sobrevivência, o mesmo não deixa de ser preocupante para as autoridades municipais, sobretudo aos peões que amiúde são forcados a transitarem pela via pública ao invés dos passeios que, infelizmente, há muito que deixaram de exercer o papel para o qual foram concebidos.
Como consequência, hoje, os peões não têm outra alternativa senão disputar o mesmo espaço na estrada com os automobilistas e que, muitas vezes, com consequências desastrosas, naturalmente para o pacato cidadão.


(AIM)

Friday 24 January 2014

Delegado da Renamo desaparecido foi encontrado morto no centro de Moçambique

Chimoio, Moçambique, 24 jan (Lusa) - O corpo do delegado da Renamo desaparecido há duas semanas no distrito de Nhamatanda, Sofala, centro de Moçambique, foi hoje encontrado sem vida numa mata, disse à Lusa fonte familiar.
O cadáver foi encontrado por caçadores na região de Muda-Serração (Manica, centro), a cerca de 40 quilómetros de Nhamatanda, e depois reconhecido, através da roupa, por familiares de Albano Chimue, visto pela última vez a 7 de janeiro quando foi levado por dois homens, que se juntaram a outros oito que o esperavam numa viatura.
"O corpo já estava em decomposição, foi recolher ossos" disse Elias Chimue, filho e deputado da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), que alia a morte a "atrocidades" políticas.

Igreja Católica moçambicana demarca-se de quem exaltou Presidente em seu nome

Maputo, 23 jan (Lusa) - A Igreja Católica moçambicana está surpreendida com o facto de uma pessoa ter falado, sem mandato, em seu nome, numa marcha de exaltação do Presidente moçambicano, Armando Guebuza, afirmou à Lusa o porta-voz da Igreja.
Segundo a imprensa moçambicana, entre três mil e cinco mil pessoas participaram, no último sábado em Maputo, numa marcha de exaltação da figura de Armando Guebuza, alvo de fortes críticas nos últimos tempos pela forma como está a lidar com a tensão político-militar no país.
Várias organizações, incluindo entidades religiosas, leram mensagens de louvor aos feitos de Armando Guebuza, que termina este ano o último dos dois mandatos na chefia do Estado moçambicano.

“Vermes” de ontem esquecidos acordando a todo o vapor?!

Desculpas, perdão, sem Comissão de Verdade e Reconciliação não colam

Insultos contra outros já foram proferidos em praça pública. Protagonismo na gesta de libertação nacional já foi monopolizado por outros. Apropriação da história e sua reescrita consoante agendas julgadas oportunas já foi realizado e disso até os textos oficiais relatam.
Tendo em conta a experiência de muitos países e até da Igreja Católica, movimentos no sentido de curar feridas históricas foram realizados com sucesso considerável. Pedir perdão não diminui, pelo contrário engrandece quem tem essa coragem.
Em Moçambique um grupo influente de políticos e dirigentes governamentais teima em ressuscitar “fantasmas” aparentemente sem pretensão de oferecer soluções definitivas para um problema que existe.
Os ensaios repetitivos de demonizar alguns participantes do processo de fundação da Frelimo e integrantes na luta de libertação nacional denotam uma situação de desconforto com um eventual evoluir da mesma. Teme-se, pelo que tudo indica, a reabertura de processos histórico-políticos que foram resolvidos sem observância dos preceitos legais vigentes no país. Falar de revolução como algo superior a todo o edifício legal ou constitucional é ilusionismo político.
Se uma envolvente histórica, reconhecidamente influente como a Guerra-Fria terá sido a causa de alguns procedimentos contrários aos direitos humanos universalmente aceites, isso não deve ser a causa de um tratamento leviano de um assunto de suma importância para o país e seus cidadãos.
Por mais que se pinte os outros de reaccionários ou traidores isso não será aceite com unanimidade por todos os moçambicanos.
Aquando da assinatura do AGP surgiram opiniões favoráveis a criação de uma Comissão Nacional da Verdade e Reconciliação mas os detentores do poder não acolheram a ideia. Esse tipo de instrumento foi útil na pacificação e estabilidade de países como a África do Sul. Em guerras os exércitos ou beligerantes cometem excessos. Por interesse político e tendo em conta a agenda nacional seria de desejar que tivesse havido uma abertura suficiente para discutir pendentes relacionados com os chamados “traidores”.
A razão não é propriedade exclusiva de um lado sendo que não faz sentido, não tem cabimento, continuar batendo na tecla de que uns foram reaccionários, traidores e outros foram revolucionários patriotas.
Uma visita aos dossiers controversos da luta de libertação nacional e todo o período imediatamente a proclamação da independência mostra indubitavelmente que ocorreram situações abertamente contrárias ao plasmado na Constituição e na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU.
Conquistar e manter o poder terá sido a motivação de muitas acções daquele tempo e destes dias.
Vamos lá equacionar o seguinte: figuras de proa do regime do dia nos tempos da I república perderam seu estatuto e hoje aparecem vilipendiadas até na praça pública. Em virtude de sua participação na luta anti-colonial reclamam um estatuto especial que lhes é negado pelo novo regime. Numa ofensiva orquestrada e administrada ao mais alto nível surgem sinais que tais figuras foram definitivamente “excomungadas”. Como numa purga na Coreia do Norte só faltou que fossem julgadas e condenadas a morte. São então os reaccionários de hoje enquanto outros os tem por algozes de ontem. Em que ficamos? Vai promover-se um tratamento extrajudicial ou se vai seguir a tradição revolucionária? E de que revolução seria tal tradição?
Uma história não se impõe a um povo. Se a defesa de procedimentos político-governamentais é aceite ou relacionada com circunstâncias específicas isso não significa de modo algum que tais procedimentos sejam correctos e muito menos moralmente aceites.
Em nome convivência salutar entre concidadãos uma decisão como o perdão mútuo é possível e sobretudo importante e basilar.
Só com perdão real e efectivo é que se constrói aquele nível de confiança que permite diálogo consequente entre os políticos de um país.
Os apologistas do puritanismo revolucionário foram desmascarados por suas próprias práticas logo que ascenderam ao poder. A soma sucessiva de erros manchou os se pretendiam puros e imaculados.
Linhas de orientação política completamente controladas por mentores externos se revelaram fatais para muitos moçambicanos.
Hoje quem reclama reconhecimento nacional por sua participação na luta de libertação nacional deveria estar preocupado em encontrar mecanismos que promovessem a concórdia nacional.
Quem não se lembra de pronunciamentos como “aquela mão jamais apertarei”? A que se pode chamar a esse comportamento?
Vistas as coisas sob o prisma actual afinal os revolucionários de ontem não são a mesma coisa hoje. Os “marxistas-leninistas” de ontem abraçaram com “unhas e dentes” a ideologia neoliberal. Venceu o capital ou este comprou as consciências que antes puniam severamente os outros por desvios de linha?
Tenhamos a santa paciência de reconhecer que não há santos entre nós.
Perdão é para quem errou, se desviou de preceitos ou de alguma forma não cumpriu com decisões tomadas colegialmente. Quem se bateu por suas crenças políticas não precisa de pedir perdão.
É mau serviço e disseminação de informação errónea atribuir espaço privilegiado a determinadas pessoas que teimam em defender uma posição que a maioria já não acredita.
Os conflitos de hoje, as desavenças e carnificina progressiva que se verifica hoje, têm a sua origem no tratamento parcial e defeituoso de questões de interesse nacional.
Esgrimir a arma da pureza histórica para sustentar posições políticas contraproducentes é “política de avestruz”.
A comunicação social pública e alguma privada já deveriam ter compreendido e entendido que estão sendo utilizadas num jogo inglório.
“Quando se zangam as comadres descobrem-se as carecas”…



(Noé Nhantumbo, Canalmoz)

CC anula eleições em Gurué, alegando "flagrantes violações da lei" da parte dos funcionários eleitorais


Criticou também a polícia e a CNE "Flagrantes violações da lei da parte dos membros das mesas das assembleias de voto, assim como da Comissão Provincial de Eleições da Zambézia" levaram o Conselho Constitucional (CC) a anular a eleição municipal em Gurué, em uma decisão sem precedentes, anunciada esta manhã em conferência de imprensa. (Acórdão n º 4/CC/2014, de 22 de Janeiro; http://www.cconstitucional.org.mz/Jurisprudencia/04-CC-2014)
O CC também criticou os excessos da parte da polícia, incluindo a detenção ilegal de delegados do partido MDM e criticou a Comissão Nacional de Eleições (CNE) por violações graves de segurança que permitiram que os boletins de voto fossem encontrados fora das assembleias de voto antes mesmo do começo da votação.
O CC rejeitou o recurso por MDM sobre Gurué porque este foi submetido tardiamente, mas passou a investigar e descobriu uma série de fraudes e actividades ilegais da parte dos funcionários eleitorais. A CNE havia declarado como vencedor a Frelimo, mas cópias das fichas de resultados (editais) dadas aos delegados do partido MDM, bem como uma contagem paralela, mostraram que o MDM venceu. A investigação do CC sugere que um número significativo de funcionários eleitorais foram envolvidos na alteração dos resultados. O CC encontrou:
+ Editais sem a assinatura do presidente da mesa da assembleia de voto, ou assinado pelo presidente da assembleia de voto mas sem carimbo, em cerca de 13 das 49 assembleias de voto.
+ Editais que foram alterados, em cerca de 15 assembleias de voto - alguns supostamente por ordem da Comissão Provincial de Eleições da Zambézia (CPE).
+ Editais escritos pela CPE da Zambézia, e não pelo presidente da assembleia de voto, em duas assembleias de voto.
Cada um destes factos constitui "uma flagrante violação da lei ", segundo o CC. Assim sendo, o CC decidiu, fazer uma recontagem dos boletins de voto em três assembleias de voto, que por lei deveriam ter sido guardados pela Comissão Eleitoral do Distrito de Gurué. Mas a CNE, descobriu que os boletins de voto desapareceram e em virtude disso, não poderia ser feita a recontagem.
Diante destas graves "irregularidades" e ilegalidades, o CC anulou as eleições do presidente e dos membros da assembleia municipal de Gurué, que serão realizadas novamente. O CC, em seguida, aprovou os resultados eleitorais das outras 52 autarquias, conforme o anunciado pela CNE em Dezembro.
COMENTÁRIO: Os editais sem assinatura ou sem carimbo provavelmente foram usados para substituir os originais, que haviam sido escritos logo após o termino da contagem oficial na assembleia de voto e cujas cópias dos editais originais foram fornecidas aos delegados do MDM e observadores. Isto serve para confirmar os rumores que surgiram em Novembro segundo os quais, quando a Frelimo percebeu que havia perdido em Gurué, pressionou os seus membros que se encontravam como presidentes das assembleias de voto para elaborarem novos editais dando vitória à Frelimo. Agora, será interessante verificar se os 12 presidentes que assinaram esses editais serão processados. jh


CC critica actuação da Polícia  
Actuação da polícia no dia da votação foi severamente criticada na decisão do CC. Foram citadas as "detenções arbitrárias pela polícia aos delegados de candidatura, em pleno exercício do direito de fiscalizar as operações" observando que "as autoridades policiais sabem ou deveriam saber que a Lei Eleitoral garante imunidade penal a esses delegados, proibindo a sua detenção durante o funcionamento da mesa da assembleia de voto."
O acórdão também diz que, no dia da votação, "a intervenção da autoridade policial foi caracterizada por exageros e excessos, nomeadamente quanto aos meios utilizados" - provavelmente em alusão ao uso de gás lacrimogêneo.
O CC também criticou o MDM pela mobilização de grandes grupos de pessoas para monitorar as contagens em vários lugares na Zambézia, observando que as pessoas devem deixar a área da assembleia de voto logo que exerçam o seu direito de voto. Mas o CC esclareceu que os delegados dos partidos devem monitorar a contagem dos votos, algo que não aconteceu em algumas mesas devido a detenção arbitraia de alguns destes pela polícia.
CC instrui a CNE
para investigar as violações

O CC também instruiu a CNE a não deixar que as investigações prossigam somente no Ministério Público, mas sim, que façam suas próprias investigações, tanto para disciplinar seus agentes bem como para melhorar a propria segurança dos processos eleitorais. Em uma clara referência ao caso de Angoche, o CC apontou para "a existência de sérias brechas na segurança do processo eleitoral que agora findou. Por exemplo, o facto de terem sido encontrados boletins de voto indevidamente na posse de pessoas estranhas aos órgãos de administração eleitoral, antes do início da votação e fora das mesas de assembleia voto de várias autarquias", demonstra uma  "preocupante de vulnerabilidade da administração eleitoral e nos seus órgãos de apoio. Esta e outras ocorrências podem minar irremediavelmente a confiança nos agentes eleitorais, pelo que devem ser rigorosamente investigadas para que possam ser apuradas as circunstâncias em que as mesmas tiveram lugar e, consequentemente, tomadas as medidas organizacionais e disciplinares que a lei impõe e que a sua extrema gravidade requer."

 
 
Boletim sobre o processo político em Moçambique

"Se alguma coisa esta marcha demonstrou foi que, Guebuza amigo, o povo de Maputo não está contigo"

Meu caro Júlio
Como está essa saúde?
Costuma-se dizer que rir é o melhor remédio e, portanto, para conservares a saúde faz como eu: vê as fotos da marcha de consagração a Armando Guebuza. São óptimas para se dar umas boas gargalhadas.
Há muito tempo que eu não via um fiasco tão completo. Com o objectivo declarado de juntar mais de 20 mil pessoas, as fotos não mostram mais de duas mil. Com Bacela talvez 2500. O que é ridículo para o propósito que se pretendia atingir.
Se alguma coisa esta marcha demonstrou foi que, Guebuza amigo, o povo de Maputo não está contigo. Isto é, o oposto do que os organizadores pretendiam.
Nem a oferta, ao que me dizem, de comida e bebida gratuitas mobilizou gente para a marcha e para o murcho comício que se seguiu. Comício onde os religiosos, de uma forma geral, apelaram và Paz, evitando muitos elogios ao homenageado.
Já os camaradas repetiram à saciedade os feitos presidenciais: Cahora Bassa, ponte AEG, Ponte da Unidade e os sete milhões. Todos deram estes exemplos variando apenas a ordem.
Mais uma vez o Chefe de Estado pagou caro o facto de se ter rodeado de colaboradores como os que tem. Colaboradores que, se fossem mariascafé, conseguiriam dar um tiro em cada um dos seus muitos pés.
A ideia desta marcha e a precipitação com que foi planificada e realizada são o exemplo claro da antiga frase: a derrota prepara-se, a derrota organiza-se.
Mas o facto é que quem fez a borrada foram os assessores mas quem ficou manchado foi o próprio Presidente da República, que viu a sua falta de popularidade assim espelhada neste lamentável acontecimento.
Dizem-me que há órgãos de informação que estão a anunciar números enormes de participantes, mas as fotos não deixam mentir. Foi uma participação muitíssimo pequena, ridiculamente pequena.
O próprio Samora Machel que, na manifestação convocada pela Dr.ª Alice Mabota, esteve de frente para os manifestantes, como quem participava, desta vez virou as costas àquela meia dúzia de pessoas, talvez com vergonha.
E, já agora, aproveito para te perguntar: achas mesmo que este partido Frelimo, com a sua quase total incapacidade de mobilização popular, foi mesmo quem ganhou as eleições autárquicas na cidade e na província de Maputo?
Dá que pensar, não dá?
Um abraço para ti do
Machado da Graça
CORREIO DAMANHÃ – 21.01.2014, no Moçambique para todos

Deterioração da situação politico/militar no país

 Apesar de não ter sido ainda feita qualquer declaração de guerra, a África do Sul terá já consultado as autoridades moçambicanas sobre a possibilidade e necessidade de envio e instalação, no país, de um contingente da African Capacity for Immediate Response to Crisis, segundo escreve o Africamonitor.
Com o cenário de cada vez deterioração da situação politico/ militar no país, caracterizado por confrontação armada quase pe...rmanente, particularmente nalgumas regiões da província de Sofala, está, a cada dia que passa, a aumentar o nível da atenção e preocupação internacional em relação a realidade moçambicana.
Nisto, a África do Sul, que tem uma extensa linha fronteiriça com Moçambique, terá já entrado em contacto com as autoridades moçambicanas no sentido de abordar o possível envio de um contingente militar no âmbito das actividades da African Capacity for Immediate Response to Crisis (ACIRC), segundo avança na sua última edição o Africamonitor intelligence. “A África do Sul, agindo aparentemente ciente de que o regime de Moçambique se encontra “em dificuldades” terá consultado as autoridades moçambicanas tendo em vista a instalação no país de um contingente da ACIRC (African Capacity for Immediate Response to Crisis - Capacidade Africana para a Resposta Imediata a Crises) criada por sua iniciativa com a adesão de outros países africanos como Uganda, Tanzânia, Etiópia, Argélia, Angola, Chade, Gana, Níger e Sudão”- escreve o africamonitor.
De acordo com o africamonitor, as autoridades sul africanas “vêm num conflito interno em Moçambique indesejáveis riscos de contágio regional”..."


In Media fax – 22.01.2014

Consulado português em Maputo desaconselha viagens em Nampula e Sofala

Maputo, 23 dez (Lusa) - O Consulado de Portugal em Maputo desaconselhou hoje "deslocações interurbanas" nas províncias moçambicanas de Nampula e de Sofala, onde se registaram incidentes armados em consequência da tensão político-militar que Moçambique vive há quase um ano.
Numa nota distribuída hoje à comunidade portuguesa res...idente em Moçambique, o Consulado português "desaconselha aos viajantes deslocações interurbanas" nas províncias de Nampula, no norte, e de Sofala, no centro, recomendando cuidados especiais nas visitas aos distritos de Funhalouro e de Homoíne, na província meridional de Inhambane.
"Se tiver absoluta necessidade de o fazer, o viajante deverá procurar integrar-se, sempre que possível, nas colunas escoltadas pelas forças de defesa e segurança", disse a representação diplomática portuguesa, embora esta recomendação apenas se possa aplicar à província de Sofala, onde está instalada uma coluna militar entre o rio Save e a localidade de Muxúnguè, num troço com cerca de 100 quilómetros.