Saturday 30 June 2012

“Mesquitas aliciam jovens pobres para fins obscuros” – denunciam

Estudantes-sudao-maputo

Entidades islâmicas moçambicanas estão a aliciar jovens de famílias pobres nas mesquitas do interior de Moçambique, para alegadamente estudarem no Sudão num "processo não transparente", denunciaram hoje os cinco estudantes moçambicanos repatriados pelo Governo sudanês.
Cinco dos 45 estudantes moçambicanos no Sudão (na imagem) chegaram na quinta-feira à capital moçambicana, Maputo, depois de terem sido expulsos pelo Governo de Cartum, na sequência de um diferendo com a Universidade que frequentavam.
Recentemente, o grupo de moçambicanos que estudava na Universidade Internacional de África no Sudão denunciou à Lusa as "precárias condições" de vida naquele país africano, responsabilizando "algumas organizações islâmicas" moçambicanas de os terem enviado a Cartum, mas com "objectivos obscuros".
Em declarações hoje aos jornalistas, os estudantes contaram que o processo de selecção de estudantes do nível médio para o Sudão é feito pelas mesquitas nas regiões pobres de Moçambique por organizações islâmicas que "anualmente usam nova metodologia de recrutamento".
"Num ano, há uma organização que recruta numa mesquita, no ano seguinte é noutra", contou o porta-voz do grupo de estudantes, Magaia João Albino, natural de Nampula, no norte de Moçambique.
Segundo o estudante moçambicano expulso da Universidade Internacional de África no Sudão, "os responsáveis (pela mobilização) estão em Maputo", contudo, desconhece-se ao certo "o número total destes responsáveis que estão metidos nesse assunto".
"Os que conhecemos são pessoas que trabalharam directamente connosco. Segundo eles, as bolsas partem de Maputo, mas eles têm várias pessoas (que alistam jovens) nas províncias de Nampula e Zambézia, concretamente nos distritos de Nacala e Pebane", disse Magaia João Albino.
"Eu, por exemplo, sou natural de Nampula e estava no Gurué (na província da Zambézia). Fiz a minha 12.ª (classe) na Escola Secundária de Gurué. Depois de eu concluir, chegou-me um comunicado na mesquita e eu tive que enviar uma cópia do meu certificado a Quelimane, onde está um responsável ligado aos de Maputo. Mais tarde fui convocado para ir fazer exame de admissão para adquirir a bolsa. Fui a Quelimane", contou.
Segundo Magaia João Albino, alguns candidatos às bolsas de estudo fazem exames de admissão "nas mesquitas, outros em casa de alguém", ou seja, dos responsáveis islâmicos que alistam jovens moçambicanos interessados em fazer o ensino superior no Sudão.
Mas cada estudante deve ter um valor monetário para sair da sua província de origem até Maputo, onde é recebido por um membro de uma das organizações islâmicas, que retirou todo o dinheiro dos candidatos, supostamente para cambiar para a libra sudanesa e prometeu atribuir um subsídio correspondente a 300 dólares a cada um.
"Primeiramente, quando ele nos recebeu o tipo de alojamento que nós tivemos logo descobrimos que isso não era bolsa de estudo, era uma jogada, porque ele nos tirou da estação (de autocarros) pôs-nos em casa dele, depois colocou-nos na mesquita, depois pôs-nos noutro sítio. Tudo isso para que o governo ou alguém não se apercebesse que existem estudantes aglomerados em algum sítio" em Maputo, disse.
De acordo com os cinco estudantes, as organizações islâmicas moçambicanas enviam jovens para o Sudão "para ganhar algo dos dirigentes árabes, ou seja, eles vendem os estudantes".

(RM/Lusa)

* Foto de opais.co.mz

Reconceptualizar as categorias de ideal e de unidade nacionais - defende historiador

Joel Tembe (J. Macamo)
O MULTIPARTIDARISMO e a economia de mercado vigentes do país impõem a reconceptualização das categorias de ideal e de unidade nacionais pois, por vezes, se confundem com alguma falta de estratégia clara para a sua materialização, segundo defendeu, em entrevista ao nosso Jornal, o historiador Joel Tembe, no âmbito das auscultações que temos vindo a realizar junto de diversas personalidades por ocasião dos 50 anos da fundação da Frelimo.

Maputo, Sexta-Feira, 29 de Junho de 2012:: Notícias

Joel Tembe destacou três aspectos que para ele foram importantes no percurso histórico da Frelimo, sobretudo no período pós-independência. Trata-se do ideal de construção de uma sociedade inclusiva e de bem-estar para todos, da unidade nacional e a solidariedade interna e internacional.
Para o historiador, é possível construir uma sociedade inclusiva e de bem-estar para todos, dependendo da clareza do ideal a defender, tal como o fizeram as gerações do 25 de Setembro e do 8 de Março, muito embora algumas correntes de opinião sustentem que é uma utopia num contexto neo-liberal. Sublinhou que a geração do 8 de Março, a que ele pertenceu, assumiu na altura um ideal de tal forma que as ambições e os sonhos individuais foram abdicados por uma causa colectiva.
A unidade nacional, cujo obreiro foi Eduardo Mondlane, foi e continua a ser um paradigma complexo que exige uma discussão permanente no seio dos moçambicanos. Ela foi operadora no contexto da luta armada de libertação nacional e tornou possível a independência nacional.
Joel Tembe, que nos últimos 12 anos tem vindo a dedicar-se bastante na investigação sobre a história da Frelimo para entender o processo que culminou com a libertação de Moçambique, afirmou que houve durante o mesmo, problemas de racismo, tribalismo e de grupismo, destacando a capacidade e o papel de Eduardo Mondlane na mobilização de jovens para a causa.
Disse que durante a luta de libertação nacional houve disputas terríveis no seio do movimento guerrilheiro e apelou aos investigadores e académicos para o dever de escreverem sobre como as estratégias de grupo tiveram influência na construção da sociedade moçambicana.
Mas, para Joel Tembe, não é possível perceber a luta de libertação nacional sem se recuar para os movimentos nacionalistas, nomeadamente para aferir a sua génese, o ideal das pessoas que os fundaram e como se fundiram numa só frente. Afirmou que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) é uma espécie de reencontro entre grupos de vários estratos sociais com várias motivações e que encontraram na diáspora um mecanismo de consolidação da ideia e da consciência nacionalista.
Uma das diásporas importantes nesse processo é a que se baseou na África Austral, que constituía a maioria. Outras diásporas constituíram-se designadamente na Europa e nos Estados Unidos da América, formadas por estudantes. Essas diásporas desenvolveram a sua ideia e influência política inspirando-se nos acontecimentos que naquela altura ganhavam forma no mundo e tiveram como ninho Dar-es-Salaam, a capital tanzaniana.
“A Frelimo significou a libertação do povo moçambicano do colonialismo português. Essa libertação tinha desafios, o maior dos quais a construção do país. Aí é que começam os problemas, derivados da estratégia adoptada para projectar uma sociedade pós-colonial”, disse.

Friday 29 June 2012

“A corrupção é um problema muito grande e visível em Moçambique”









 







A chefe da diplomacia sueca no nosso país não percebe como é que um país que recebe ajuda externa suporta uma classe governante que vive faustosamente e anda em carros luxuosos. Por outro lado, Ulla Andrém diz que a corrupção em Moçambique é um problema muito grave e está espalhada em toda a sociedade.
Ulla Andrém, embaixadora da Suécia, país que faz parte do grupo dos doadores do Orçamento do Estado, vulgo G-19, concedeu, ontem, nos seus escritórios, em Maputo, uma entrevista exclusiva ao nosso jornal para falar de vários assuntos ligados ao desenvolvimento e promoção da boa governação no nosso país. Curiosamente, a entrevista foi no mesmo dia em que o G-19 esteve reunido com o governo no habitual “diálogo político”, onde as duas partes avaliam o cumprimento dos compromissos assumidos pelo governo com os seus parceiros de apoio programático. Este ano, só a Suécia desembolsou 795 milhões de coroas suecas, o que corresponde, em meticais, a mais de três biliões meticais. Em seguida, as partes mais significativas da entrevista.

Sra. Embaixadora, qual é a avaliação que faz das relações entre Moçambique e suécia?

Penso que as relações com Moçambique são muito boas, porque temos uma parceria muito longa. Antes da independência, a Suécia esteve a apoiar a Frelimo, a partir de 1964, e depois da independência continuámos a dar o apoio a Moçambique. Temos uma relação muito próxima e apartidária, e estamos muito convencidos de que queremos continuar a apoiar o desenvolvimento de Moçambique.

Quais as principais áreas de intervenção da suécia em Moçambique?

A principal área de apoio é o Orçamento Geral do Estado. Estamos, também, a trabalhar na área de boa governação; área de pesquisa, através do Ministério da Ciência e Tecnologia e UEM; e também na área de agricultura. Temos prestado apoio à província do Niassa há mais de 10 anos.

Qual é o vosso interesse em apoiar o Orçamento do Estado de Moçambique?

O nosso interesse é ver o país a sair da pobreza. Realmente, a população pobre tem que sair desta situação, no campo e também nas zonas urbanas. As áreas de educação e saúde merecem maior atenção.

Este dinheiro que vem a Moçambique é em forma de empréstimo?

Do nosso lado não se trata de um empréstimo, mas sim donativo.

Há muitos países no mundo que recebem apoio directo da suécia?

Temos muitos parceiros de cooperação, mas, no âmbito do Orçamento do Estado, há poucos países. O nosso governo, neste momento, preocupa-se com este apoio, pois nem sempre dá os benefícios previstos. Então, neste momento, há poucos países a receber o nosso apoio.

Em relação a Moçambique, estão satisfeitos com a forma como o vosso dinheiro é gasto pelo Governo?

De uma forma geral estamos, mas há sempre situações que acontecem e que não nos deixam satisfeitos. É necessário que haja muitas reformas dentro da governação, para permitir melhor gestão dos fundos desembolsados pelos países de cooperação. Moçambique é um país em desenvolvimento, todos os países precisam de reformas. No que diz respeito ao Orçamento do Estado, precisa-se de uma melhor gestão de fundos, principalmente a nível dos distritos. Sabemos, também, que mesmo a nível central existem também problemas.
No ano passado, os parceiros do G-19, incluindo a Suécia, demoraram desembolsar os fundos de apoio ao Orçamento do Estado. Por que razão?

Eu não estava cá nesse tempo, é muito difícil para mim dizer alguma coisa sobre esta situação, mas penso que é muito normal, porque há pessoas nos nossos países, incluindo os pobres, que estão a pagar impostos para que possa haver dinheiro para vir cá. Então, eu, como representante de Suécia em Moçambique, tenho a obrigação de ver se, de facto, esses fundos que estamos a desembolsar para o Orçamento do Estado estão a ser devidamente utilizados, porque são suecos, incluindo pobres, que estão a pagar impostos, e temos que fazer com que estes fundos sejam bem geridos.

Há relatórios que defendem que a ajuda directa ao Orçamento do Estado não está a ajudar países como Moçambique a resolverem problemas de pobreza. Dizem que este dinheiro só serve para alimentar uma pequena elite local e fortificar o partido Frelimo, em detrimento das restantes forças políticas... qual é a sua opinião sobre isso?

Ninguém pode ter a certeza absoluta sobre este assunto. Nós acreditamos que o nosso apoio vai chegar à população. Se não estivermos convencidos, não vamos dar este apoio. Tem que haver confiança entre o país doador e quem vai receber o apoio. É por isso que temos o diálogo com o Governo. A sociedade civil desempenha um papel importante, porque, como estrangeiro, é-me difícil ver o que se passa por dentro, daí o papel importante também de influenciar tanto o Governo assim como os doadores.

Os doadores sempre se queixam da corrupção em Moçambique. Está satisfeita com a forma como o Governo tem atacado o problema da corrupção?

Penso que ninguém pode ficar satisfeito com a corrupção, porque se trata de uma coisa muito má, e é realmente um grande constrangimento para o desenvolvimento. Entretanto, não é fácil, mas temos muita confiança de que o Governo está empenhado no combate à corrupção, e é necessário um esforço ainda maior. Neste momento, a corrupção está espalhada em toda a sociedade. Sei que é um problema complicado, é necessário melhorar os salários dos funcionários do Estado, de modo a fazer-se um combate efectivo a este mal. É necessária uma boa capacidade de investigação criminal, etc. Não é uma coisa que se vai mudar de um dia para o outro, é um processo, tem que haver um esforço muito grande para este processo estar num caminho correcto.

Acha que a corrupção é um problema muito grave em Moçambique?

A corrupção é um problema muito grande e é visível, as pessoas têm que pagar muitas coca-colas para poderem lograr os seus objectivos, há muitas exigências deste género para as pessoas comuns. Mas o que é ainda mais preocupante é a falta de transparência em alguns lados com relação aos grandes investimentos, contratos, especialmente agora que há recursos naturais em descoberta. Precisa-se de muita transparência para que as pessoas possam ter confiança no governo e na sua governação.

Está a dizer que o governo não tem sido transparente na questão da indústria extractiva?

Penso que os esforços estão a ser feitos, mas é necessário que se faça mais esforço neste sentido. No decurso da Conferência Internacional dos países nórdicos com o governo de Moçambique, há pouco tempo, muitos assuntos foram debatidos, mas é claro que são os moçambicanos que devem ficar à frente deste processo de transparência, não devem ser os países com os quais Moçambique coopera. Eu penso que é de facto um assunto muito importante, porque queremos ver um crescimento inclusivo. Quando os recursos não são explorados de uma forma adequada, também é um problema para o Governo.

Pensa que, neste momento, não tem havido inclusão na distribuição da riqueza em Moçambique?

Nós queremos ver um crescimento mais inclusivo neste país. Eu, particularmente, fico muito preocupada quando vejo pessoas muito pobres. Não estou a dizer que não gosto dos ricos. Penso que tem que haver inclusão no crescimento no país. Penso que o tipo de investimento que está a ser feito neste momento (indústria extractiva) não está a ter muito impacto a nível da qualidade de vida das pessoas a nível local. Tem que haver uma ligação entre os grandes investimentos e o crescimento a nível local. Tem que haver muito mais empresas moçambicanas na indústria extractiva. Há muita coisa que deve ser feita a nível da economia local, na agricultura... e por aí fora.

Partilha da ideia de que o governo moçambicano é corrupto ou é constituído por pessoas corruptas?

Não posso dizer que o governo é corrupto, não quero dizer isso. Estou convencida que o governo moçambicano está a fazer esforço para ultrapassar este problema. Não é fácil, precisa de ser combatida em todos os lados.

Mas considera que não tem havido coragem suficiente para se combater a grande corrupção?

Não sei se há falta de coragem, eu penso que, de facto, existe um problema, porque Moçambique saiu do monopartidarismo para a democracia multipartidária, e também temos esta ligação muito próxima entre o governo e o sector privado, porque houve transformação de empresas estatais em capital privado. É um círculo um pouco mais fechado.

Considera que há uma promiscuidade entre a política e os negócios?

Não quero dizer que haja uma promiscuidade, mas há uma ligação muito forte. Penso que o ideal era ter estes diferentes interesses bem claros.

O parlamento aprovou, agora, a lei de probidade pública, mas os deputados vão continuar a gerir empresas públicas controladas pelo governo. Acha isto normal?

Nós, na suécia, temos limites bem claros entre estes interesses. É importante ter empresários que se envolvam na política, mas não podem misturar os seus interesses empresariais com os interesses do Estado. Não é correcto um deputado ser gestor de uma empresa pública.

Como se sente quando chega a Moçambique e vê um país que recebe dinheiro de doadores, incluindo da suécia, com uma classe política em carros de luxo e a viver em grandes mansões? Os políticos do seu país vivem também de forma muito faustosa à custa dos contribuintes?

O povo sueco não permite isso. No nosso país, todos os políticos têm que declarar os seus bens todos os anos. Por exemplo, eu, como embaixadora, não posso viajar em classe executiva. Temos muitas restrições nesse sentido. Eu, particularmente, não gosto do que acontece em Moçambique. Tenho muitos sentimentos morais. Houve, recentemente, a cimeira do clima no Rio do Janeiro, no Brasil, e a delegação moçambicana estava num dos hotéis mais caros do Rio de Janeiro! Moçambique, sendo um dos países mais pobres do mundo, não creio que isso seja muito bom para a imagem do país.

Como avalia o ambiente político em Moçambique, numa altura em que se fala de um possível retorno ao monopartidarismo, dada a força da Frelimo?

O partido Frelimo tem um papel histórico, ainda não há um sistema onde haja mesmas possibilidades para todos os partidos políticos. Penso que, pouco a pouco, vai haver um crescimento de democracia, mas a democracia não são só partidos políticos. É necessário que haja uma interacção com a sociedade civil, que deve ser activa também. Tem que haver alternância na governação, é necessário que haja partidos políticos fortes, não somente um partido, porque, com um e único partido, não temos democracia.

Numa situação como a de Moçambique, em que nunca houve alternância... é correcto dizer que a democracia está em perigo?

Penso que é muito normal, nesta altura, que o partido Frelimo tenha muita força, porque só foi a partir de 1994 que começou o multipartidarismo em Moçambique. é muito pouco tempo. Na Suécia, o partido social-democrata esteve no poder por muito tempo. Viu-se que não estava a funcionar muito bem, e temos tido esta alternância.

Acredita que a democracia em Moçambique está no caminho certo?

Estou animada com o desenvolvimento da democracia em Moçambique. Claro que os partidos mais pequenos estão a lutar pelo seu espaço, mas penso que é muito importante o facto de o MDM ter vencido nas eleições intercalares que decorreram em Quelimane. Isso mostra que é possível ter uma alternância. O município da Beira está nas mãos do MDM.

A Suécia apoia directamente os municípios de Quelimane e da Beira?

Nós apoiamos Moçambique no seu todo. Não estamos a apoiar partidos políticos, mas sim Moçambique. Os municípios da Beira e Quelimane fazem parte do Estado. Não apoiamos directamente. Mas nós estamos, também, a apoiar a sociedade civil, que é também uma força bastante importante.

Fala do apoio à sociedade civil(...). Há sectores de opinião que acham que a sociedade civil moçambicana é uma farsa, que não passa de instrumento do partido Frelimo. Qual é a sua visão sobre isso?

Eu não tenho este conhecimento. Talvez haja uma verdade nisso, mas, na minha óptica, penso que a sociedade civil também é um produto da sociedade. É preciso ver que a democracia é uma coisa nova em Moçambique e há muito caminho por percorrer.

A Frelimo vai a Congresso em Setembro. Qual é a sua expectativa sobre esta magna reunião do partido no poder em Moçambique?

Vamos ver o que vai acontecer no Congresso. É muito importante, porque se trata de um partido no poder e com influência neste país. Mas, como disse, nós não apoiamos partidos políticos, incluindo a Frelimo. Temos uma relação apartidária e, para nós, os partidos não têm muita importância.

José Belmiro, O Pais. Leia aqui.

Moçambique: Problemas alimentares são "manifestação humana mais cruel da pobreza" - Especialista

fome criancaO Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN) defendeu hoje soluções integradas para melhorar o acesso aos alimentos em Moçambique, onde 80 por cento dos problemas alimentares e nutricionais "reflectem a manifestação humana mais cruel da pobreza".
Falando em Maputo na abertura do seminário sobre a estratégia de batata-doce de polpa alaranjada, Marcela Libombo, do SETSAN, considerou que Moçambique "tem níveis inaceitavelmente altos de desnutrição crónica".
Marcela Libombo disse que, dos 54,7 por cento da população pobre em Moçambique, cerca de 80 por cento são afectados por problemas de alimentação e nutrição.
"Urge encontrarmos soluções holísticas para melhorar o acesso aos alimentos, a educação nutricional, a higiene pessoal e o saneamento do meio, de modo a melhorarmos a situação", disse Marcela Libombo.
O seminário, organizado pela Helen Keller International em parceria com o Governo, através do SETSAN, visa mobilizar investimentos na ordem de pelo menos seis milhões de dólares para aplicar a estratégia de produção e disseminação da batata-doce de polpa alaranjada em Moçambique.
Citando o Inquérito Demográfico e de Saúde de 2011, a responsável indicou que a taxa de desnutrição crónica em Moçambique é de 43 por cento e a deficiência em micronutrientes, nomeadamente a Vitamina A, afecta 66 por cento das crianças em idade pré-escolar, sendo uma das principais causas da mortalidade infantil.
Até 2020, o Governo moçambicano prevê reduzir para 20 por cento a desnutrição crónica em crianças menores de cinco anos, mas, segundo estimativas das autoridades moçambicanas, um terço das crianças desta faixa etária morre anualmente devido ao problema.
Recentemente, o executivo moçambicano aprovou o Plano Multisectorial de Redução da Desnutrição Crónica, que pretende melhorar o estado de saúde nutricional das crianças e mulheres moçambicanas, iniciativa que pretende estancar o número de menores grávidas e reduzir o de crianças que nascem com menos de 2,5 quilogramas de peso.
De acordo com o SETSAN, a insegurança alimentar em Moçambique afecta 36 por cento da população, números "demasiadamente altos e que reflectem a manifestação humana mais cruel da pobreza", disse Marcela Libombo.
Na sua intervenção, a responsável defendeu a disseminação da batata-doce de polpa alaranjada como parte da estratégia de biofortificação, uma abordagem baseada em alimentos que podem ser produzidos pelas populações e que oferece uma alternativa sustentável, de baixo custo e de rápida disseminação.
O consumo da batata-doce de polpa alaranjada, cultura que foi introduzida com maior vigor no país após as cheias de 2000, é considerado importante para a redução da deficiência em Vitamina A.
Na última década, o Instituto de Investigação Agrária já distribuiu mais de 300 mil ramas desta variante de batata-doce, cuja produção anual é de 800 mil toneladas.

(RM/Lusa)

Thursday 28 June 2012

Finalmente: Jardim Zoológico de Maputo em reabilitação



Jardim-zoologico-maputo
















Já estão em curso as obras de reabilitação e modernização do Jardim Zoológico de Maputo, que tem por objectivo torná-lo mais atractivo e dentro das regras de manutenção de animais em cárcere.
As obras de reabilitação do Jardim Zoológico compreendem o melhoramento das jaulas, aquisição de novos animais, apetrechamento das infra-estruturas existentes e a vedação para proteger o lugar, segundo Daúde Carimo, presidente da Associação do Jardim Zoológico de Maputo.
“Já avançamos com a vedação de uma área de 300 metros que será concluída até finais deste ano e acreditamos que num futuro próximo conseguiremos ampliar e modernizar o espaço, adequando-o aos padrões internacionais exigidos”, disse Daúde.
Ao abrigo da convenção internacional, a colocação de animais em cativeiro pressupõe a criação de maior espaço para a sua movimentação, o que não é o caso do Jardim Zoológico de Maputo, cujas dimensões já não correspondem ao recomendado.
Actualmente quase tudo desapareceu, incluindo o cemitério onde eram enterrados os animais mortos. As campas foram vandalizadas e o mármore saqueado.
A estes problemas juntam-se as péssimas condições de tratamento dos animais que ainda resistem, a má alimentação daqueles e falta de limpeza.
Se num passado não longínquo se podia ver no jardim animais que o tornavam num local com vida, hoje encontramos apenas dois macacos (o cinzento e o cão), três tartarugas, algumas aves, quatro cobras, das quais uma jibóia, meia dúzia de crocodilos e um hipopótamo, o animal mais velho da “casa” que, entretanto, não goza de boa saúde.
Animais que anteriormente podiam ser vistos, como o famoso macaco João Tocuene, leões, impalas, hienas, ursos, elefantes entre outros, morreram por falta de comida e assistência adequada.
Segundo Daúde Carimo, o desaparecimento de algumas espécies deveu-se ao facto de o espaço do Zoo estar a ser usado como caminho pelos residentes de Inhagoia B (por detrás do jardim), como via de acesso à Estrada Nacional Número Um e vice-versa.
“Algumas espécies como antílopes, zebras, galinhas e outros animais dos quais o homem se alimenta foram roubados por residentes que usam o jardim como travessia e com a construção do muro estaremos mais seguros ”, acrescentou fonte.
As obras estão orçadas em mais de três milhões de dólares norte-americanos e contam com o apoio de Parques de Joanesburgo e Pretória (África do Sul), para o repovoamento e assistência veterinária.

RM

Desmond Tutu em Lisboa: "Lamento informar-vos, mas somos todos africanos"



Os seres humanos só têm uma casa, que estão a destruir, e ainda não perceberam que são “da mesma família”, que, na origem, é africana, afirmou ontem o arcebispo sul-africano Desmond Tutu, numa conferência na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
Recorrendo a histórias bíblicas e com o riso que lhe é característico, Desmond Tutu realçou, segundo avança o jornal Sol, que uma das “lições de Deus” é a de que “não podemos ser humanos em isolamento, precisamos dos outros para nos complementar”.
Acreditando que os seres humanos são originalmente bons e que é “um incrível privilégio fazer deste o nosso mundo”, o Nobel da Paz sul-africano falou do “cuidado pelo outro”, que “é da mesma família”, para, após uma gargalhada daquelas que o caracterizam, dizer: “Lamento informar-vos, mas somos todos africanos.”
“Imaginem, se realmente acreditássemos nisto, investiríamos tanto em instrumentos de morte e defesa como fizemos até agora?”, questionou, comparando os “escandalosos orçamentos” gastos em defesa e armamento à pequena parte canalizada para “dar água limpa e comida suficiente às crianças do mundo”.
Manifestando-se impressionado com os jovens e com o seu “incrível idealismo, acreditando que é possível ter um mundo diferente”, o arcebispo e Nobel da Paz referiu-se ao movimento Occupy Wall Street, nos Estados Unidos, para realçar que a falta de tolerância com as desigualdades “não está a acontecer só em países pobres, mas em todo o lado”.
Desmond Tutu partilhou a conferência “Diálogos sobre a paz e o desenvolvimento sustentável” com Jorge Sampaio, que, reconhecendo que “os indivíduos são essenciais”, sublinhou que “nada realmente acontece sem esforço coletivo”.

"Uma crise em algum lado é uma crise em todo o lado"

“Temos diálogo todos os dias, mas o diálogo que interessa é sobre as diferenças e sobre o que temos em comum, aquele que obriga a negociar o tempo todo”, destacou o ex-Presidente da República português e actual presidente da Aliança das Civilizações.
Sublinhando que “uma crise em algum lado é uma crise em todo o lado”, Jorge Sampaio afirmou que importa questionar se a democratização, “uma necessidade absoluta”, tem de “ser apenas ocidentalização”, antecipando necessidades de “compromisso”.
Elogiando o atual momento de ativismo, Jorge Sampaio justifica os recentes protestos realizados um pouco por todo o mundo como a prova de que desenvolvimento sustentável e justiça social “são duas coisas básicas”.
Enumerando os números negros da pobreza, da literacia, da saúde, da água e do saneamento, recordou o último encontro com Desmond Tutu, em 2008, na Faixa de Gaza, “sítio onde não é fácil entrar e de onde não é fácil sair”.
Reconhecendo não ter a capacidade para citar as escrituras sagradas, o assumidamente não crente Jorge Sampaio reconheceu que é preciso ter “fé”, no sentido de “capacidade para acreditar”.

@Sol/Sapo. Leia aqui.

Wednesday 27 June 2012

Recursos para maior equidade social – FDC

Casa-pobrezaA Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC) destaca a necessidade de haver esforços continuados na afectação de recursos visando a garantir uma maior equidade social em Moçambique.
Segundo a fundação, é também preciso assegurar que o processo de planificação seja guiado para a concretização de resultados e que o uso de recursos seja cada vez mais eficiente.
Esta e outras constatações são parte do estudo apresentado hoje em Maputo, em que a FDC conjuntamente com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) tem estado a levar a cabo, nos últimos cinco anos, virado à alocação do Orçamento do Estado (OE), tendo em conta as alocações aos sectores sociais.
As quatro áreas de análise sobre a alocação orçamental para 2012 foram a Educação, Saúde, Acção Social, Água e Saneamento e no ano em curso contou também com o apoio do Fórum da Sociedade Civil para os Direitos da Criança (ROSC).
Narciso Matos, Director Executivo da FDC, disse que o trabalho iniciado em 2008 se reveste de extrema importância na medida em que permite operar melhorias nos sectores onde o Estado intervém, isto é, saber quanto dinheiro é aprovado anualmente e verificar se está a aumentar ou então a diminuir.
Segundo a análise orçamental hoje apresentada, a nota de destaque foi o aumento de 40 por cento para os programas de segurança social básica avaliados em 37 milhões de dólares norte-americanos, o equivalente a 0,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
No entanto, o sector da educação é o mais privilegiado de todos com 18 por cento de recursos em 2012 (996 milhões de dólares americanos), ou seja 6,2 por cento do PIB, destinado a cobrir despesas como a educação geral e custos de funcionamento.
A saúde, outra área contemplada na análise, registou um crescimento no financiamento dado que vai receber, no ano em curso, 11,3 milhões de meticais (420 milhões de dólares), valor que representa 7,2 por cento e uma subida de 21 por cento comparativamente ao ano transacto.
A Declaração de Abuja sobre a alocação do orçamento público para o sector da saúde em África recomenda aos governos do continente uma alocação na ordem dos 15 por cento de recursos, de modo a que os serviços de qualidade sejam melhor prestados para garantir a sobrevivência de crianças e mulheres.
No entanto, esta incapacidade coloca uma grande maioria dos governos africanos em risco de falhar o preconizado nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) no domínio da saúde como a redução da mortalidade entre outras metas.
O estudo aponta que o país adoptou novos critérios de alocação orçamental baseados em fórmulas onde se considera o índice de pobreza, os indicadores de desenvolvimento humano (saúde, educação, etc) e o tamanho da população.
Desta feita, é, segundo a análise, necessário que esta adopção torne-se uma prática para todos os actores envolvidos no processo de elaboração e alocação orçamental.

(RM/AIM)

Tuesday 26 June 2012

“Frelimo deve ser humilde e tirar lições do passado”

- Reverendo Marcos Macamo, do Conselho Cristão de Moçambique

Reacção às festividades da Frelimo


O reverendo Marcos Macamo, do Conselho Cristão de Moçambique, durante as cerimónias realizadas ontem no antigo Paiol de Maputo, no bairro de Malhazine, sobre os 37 anos da independência, que a Frelimo usurpou e transformou como uma efeméride sua, pediu que o partido liderado por Armando Guebuza se reveja “humilde e tire lições do passado”.


Bernardo Álvaro, Canal. Leia aqui.

Fronteira de paragem única: Moçambique e RAS aceleram procedimentos

MOÇAMBIQUE acaba de ratificar o acordo bilateral para o estabelecimento da fronteira de paragem única em Ressano Garcia, no mais movimentado posto fronteiriço entre o nosso país e a África do Sul.

Maputo, Terça-Feira, 26 de Junho de 2012:: Notícias

A construção de uma fronteira de paragem única em Ressano Garcia é uma iniciativa conjunta dos governos de ambos países, concebida com o objectivo de facilitar o comércio através da redução para o mínimo, o tempo de permanência dos utentes nas instalações do posto, em missões relacionadas com o despacho de mercadorias.
Segundo dados divulgados pela Maputo Corridor Logistics Initiative (MCLI), organização que trabalha na promoção do desenvolvimento de infra-estruturas do corredor, o que encarece os custos logísticos do negócio no Continente Africano, em geral, e na região austral, em particular, é a morosidade na tramitação de documentos e demais procedimentos nas fronteiras, e não propriamente a falta de infra-estruturas.
Ligado a este exercício de simplificação de procedimentos, a MCLI considera igualmente fundamental que a fronteira de Ressano funcione ininterruptamente, de modo a corresponder com o resto dos esforços em curso visando facilitar o comércio e o fluxo de pessoas e bens entre Moçambique e África do Sul.
Informações divulgadas no site oficial daquela organização indicam que, funcionando em moldes de paragem única e de maneira ininterrupta, a fronteira de Ressano vai contribuir para a redução do custo de se fazer negócio, uma vez que se vão eliminar os atrasos causados pelo excesso de burocracia no atendimento aos utentes da fronteira.
“Os atrasos nos postos fronteiriços não só aumentam os custos das operações como também reduzem as oportunidades de crescimento e desenvolvimento individual e colectivo”, refere a MCLI.
Com efeito, de acordo com a fonte, numa altura em que o Continente Africano aposta da filosofia de corredores de desenvolvimento de transporte como estratégia de integração regional, torna-se necessário garantir eficácia na prestação das fronteiras entre os países, o que poderá funcionar como um impulso para a criação de uma área de comércio livre no Continente Africano, projectada para até 2017.

“Vai daí que a implantação de um Posto de Fronteira de Paragem Única em Ressano Garcia se revela mais urgente do que nunca, devendo ser assegurada a sua efectividade de modo a providenciar respostas adequadas à demanda ditada pelo aumento gradual do movimento de carga que se regista particularmente no “Corredor de Maputo”. O Porto de Maputo opera 24 sobre 24 e o facto de a maioria das cargas que cruzam a fronteira de Ressano serem destinadas ao porto, constitui argumento bastante para que a fronteira opere também em regime ininterrupto” indica o MCLI.

Monday 25 June 2012

Liderança tripartida travou ascensão de Uria Simango - ex-combatente

A Frelimo optou pelo triunvirato na liderança do movimento, após o assassínio do seu primeiro presidente, Eduardo Mondlane, para travar a ascensão de Uria Simango, "um líder um bocadinho fraco", disse à Lusa o combatente anticolonial Mariano Matsinha.
Quando, em 1969, Eduardo Mondlane, fundador da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), foi assassinado à bomba em Dar Es-Salaam, na Tanzânia, o então movimento libertador decidiu que a liderança fosse tripartida.
A direção da Frelimo ficou delegada a Samora Machel, Marcelino dos Santos e Uria Simango, mas este último ficou desagradado com a medida, disse Mariano Matsinha.
No I Congresso, após a criação da Frelimo, em 1962, Eduardo Mondlane foi eleito presidente, com 80 por cento dos votos, e Uria Simango, com 20 por cento, ocupou o estatuto de vice-presidente, contou o militante.
Mas a decisão de não o colocar, imediatamente, como substituto legítimo de Eduardo Mondlane foi premeditada, porque "ele (Uria Simango) era um líder um bocadinho fraco. Era pastor. Um pastor dirigir uma guerra não é brincadeira, é uma violência muito grande", afirmou à Lusa o veterano da luta de libertação nacional.
Falando no âmbito dos 50 anos da fundação da Frelimo, que se comemora na segunda-feira, Mariano Matsinha reconheceu que, na altura, "a situação era muito difícil e complexa", até porque o triunvirato na liderança do movimento não durou.
Nos finais da década de 1960, a Frelimo foi afetada por lutas internas e Uria Simango abandonou a Frelimo "fugiu com a família para o Egito".
O antigo número dois da Frente de Libertação de Moçambique "estava com medo da sua própria vida, porque pensava que havia, na Frelimo, indivíduos contra ele e que podia ser assassinado", afirmou Mariano Matsinha.
"Na guerra você pode ser assassinado a qualquer altura. Mondlane foi assassinado. Mas se você tem medo é melhor afastar-se", respondeu, quando questionado pela Lusa sobre os receios de Uria Simango.
No Egito, Uria Simango juntou-se a Paulo Gumane, então vice-secretário geral da Frelimo, e formaram o Comité Revolucionário de Moçambique (COREMO), um inexpressivo movimento de libertação.
"Desde que ele fugiu para Cairo (Egito), a Frelimo tinha-o marcado. A Frelimo era muito exigente naquela altura. Não é hoje em que há multipartidarismo. Naquela altura ou você é, ou não é. Corta-te o pescoço. Exatamente, reacionário, rua", lembrou Mariano Matsinha.
Após o 25 de abril de 1974, Uria Simango regressou a Moçambique mas seria julgado, condenado por traição aos princípios do movimento e morreu, mas a data, o local e como morreu são, até hoje, desconhecidos da opinião pública.
"O julgamento que foi feito também não assisti, pois foi em Nachingwea (base militar da Frelimo na Tanzânia). Não assisti, portanto, não conheço todos os detalhes desta coisa", confessou Mariano Matsinha, que, no entanto, continua a defender que "quem abandona (um movimento de libertação) por medo, é reacionário".

Lusa

Sunday 24 June 2012

O jubileu do luto e da mentira: o outro lado da história

2012 foi declarado pelo partido que tem estado no poder, o “Ano do Jubileu”, justificando-se que este ano o partido Frelimo completa 50 anos da sua criação. Estamos, no entanto, perante uma descarada mentira como provam os factos.
A FRELIMO – Frente de Libertação de Moçambique e Partido Frelimo são duas entidades diferentes e em rigor é mentira que a organização que está presentemente no poder seja a mesma que proclamou a autodeterminação e independência de Moçambique. É verdade que usurpou o acrónimo FRELIMO da Frente de Libertação de Moçambique, mas Partido Frelimo não é a mesma coisa que Frente de Libertação de Moçambique.

(Editorial do Canal de Moçambique). Leia aqui.





PASSOS COELHO/ GUEBUZA E DOS SANTOS CONCORDAM QUE “MUNDO LUSOFONO” PODE SER POTENCIA GLOBAL

O primeiro-ministro português considera que o mundo lusófono tem tudo se constituir uma potência global e diz haver entusiasmo dos presidentes do Brasil, Angola e Moçambique com a ideia de uma «aliança de prosperidade recíproca».
«Imaginem só o potencial humano, empresarial, político, económico, social e cultural que temos aqui em reserva», afirmou Pedro Passos Coelho, durante um jantar com empresários num hotel do Rio de Janeiro, no Brasil.
«Tive, por isso, oportunidade, há alguns meses já de falar, com a presidente Dilma (Brasil), com o presidente Eduardo dos Santos (Angola), com o presidente Guebuza, entre outros, e todos nós, entusiasmados, concordámos sobre as inúmeras vantagens de estabelecer uma aliança de prosperidade recíproca para os nossos empresários e cidadãos, assente numa sólida relação política, social e empresarial», acrescentou.
Segundo o primeiro-ministro, os países de língua portuguesa têm «disponibilidade de capitais, de recursos, de conhecimentos técnicos e humanos únicos em muitos sectores de actividade», ou seja, têm todos os ingredientes para construírem um «grande mercado».
Segundo o site da “Radio Mocambique”, Passos Coelho apontou ainda que cada país lusófono «é uma porta de entrada para uma comunidade maior» e defendeu que, tendo os portugueses sido «pioneiros da globalização», não faz sentido que desperdicem «os maiores proveitos da actual globalização».

(AIM)

Saturday 23 June 2012

Taipo mete os pés pelas mãos

@Verdade aplaudiu, na semana passada, o facto de a ministra Helena Taipo ter cancelado o concurso do INSS do qual misteriosamente uma empresa ligada a Almerino Manhendje saiu vencedora. Porém, agora não podemos ficar indiferentes ao cancelamento das contas do INSS.
Não podemos ficar indiferentes porque isso coloca em risco a sobrevivência de milhões de moçambicanos. É o dinheiro para o medicamento dos idosos que ficou comprometido.
É o dinheiro dos cadernos dos filhos dependentes que ficou por comprar. É a comida que ficou nas prateleiras dos contentores e mercearias porque o INSS ficou com as contas congeladas. Em suma: é a vida dos pensionistas que está por um fio.
Longe, portanto, da sacanice do concurso e das reabilitações escandalosas de uma casa T2 por 350 mil dólares americanos estão 99.756 pensionistas - os quais deram o melhor da sua vida ao país - privados do seu único meio de subsistência: o dinheiro que descontaram durante longos anos.
Não é segredo para ninguém que a consulta de saldo acarreta custos para o detentor do cartão de crédito. Não deverá, portanto, espantar ao mais distraído dos moçambicanos que alguns pensionistas (os que recebem via banco) estão, neste momento a dever aos bancos.
Ou seja, as necessidades de uma residência e as contas por pagar levam-lhes todos os dias a consultar as caixas multibanco. Resultado: as contas andam com saldo negativo porque o INSS não informou de que as contas foram congeladas e os pensionistas perdem quatro meticais em casa consulta.
Como que a dizer que os pensionistas não têm valor e, por isso, desmerecem o mínimo respeito. Ou seja, estão ansiosamente à espera de que eles morram para que deixem de pagar.
Helena Taipo não se pode esquecer de que vive principescamente. Os subsídios que aufere, pelo cargo que exerce, não lhe dão uma vida folgada. Dão-lhe, isso sim, uma vida abastada e de fartura.
Ao tomar, portanto, medidas do género não fica, em nenhum momento, privada da sua vida doce. Aliás, é no conforto de uma casa protocolar e no ar-condicionado do seu carro topo de gama que toma medidas macabras, ridículas e assassinas.
Se Taipo quer dar mostras de que é preciso sacrifício para arrumar o INSS, que o exemplo parta dela. Que seja ela a primeira no sacrifício e a última no benefício. Que abdique da sua comodidade e do conforto para que as suas medidas tenham o rosto da justiça.
Com os vidros fumados fechados e um carro 4x4, Taipo desconhece completamente o drama dos pensionistas. Não pode, por isso, julgar que eles podem viver dias sem dinheiro. Se até ela pediu a paupérrima quantia de, pasme-se, 17 mil dólares do fundo do INSS para cobrir um capricho qualquer...

Edotorial, A Verdade

Friday 22 June 2012

Ainda o Acordo Ortográfico

Na semana passada aqui escrevi sobre o Acordo Ortográfico de 1990 (AO90), em vias de ratificação pelo Estado moçambicano. Referi a minha insatisfação com o acordo, com os seus fundamentos político-ideológicos e com alguns dos seus presumíveis efeitos. E também o que me parece ser um facto óbvio: este processo é externo aos países africanos (e ao asiático) de língua oficial portuguesa, e é uma dinâmica que lhes tem sido apresentado como um “facto consumado” ou, melhor dizendo, um facto a consumar. No entanto, não alio este meu desacordo com um exagerar dos seus efeitos, como se se tratasse de uma catástrofe sociocultural como alguns dos seus detractores apontam no contexto do debate público que, além-fronteiras, tem acontecido nos últimos anos.
É necessário sublinhar a existência de um vasto corpo documental crítico do AO90, produzido por linguistas, os quais apontam as insuficiências e as malevolências do seu conteúdo sob o estrito ponto de vista linguístico. É importante referi-lo e não só por consideração aos especialistas. Mas porque as argumentações avançadas, de uma tecnicidade que em boa verdade escapa a um ajuizar por parte de um leigo como eu, têm a qualidade de não se basearem em hipóteses externas à própria língua. Como o é o caso das anunciadas hipotéticas vantagens de uma ortografia única para a disseminação do português, verdadeiro argumento de todo este processo AO90. E que o apouca intelectualmente, pois o ancora num mero horizonte de reclamadas boas intenções.
Nesse eixo de argumentação crítica do AO90 surgem com particular relevância os textos do linguista português António Emiliano. Têm também a vantagem de terem sido passados a livro. E nesse sentido seria interessante que as suas obras dedicadas ao assunto fossem aqui distribuídas para enriquecer uma discussão pública, apesar das diferenças contextuais. “O fim da ortografia” ou “Foi você que pediu um acordo ortográfico?”, editados em Portugal pela Guimarães, baratos e acessíveis seriam boas opções para os livreiros nacionais.
Penso que a discussão pública sobre o assunto é necessária. Mais que não seja para sedimentar as transformações que acontecerão com a previsível adopção do AO90 em Moçambique. Nesta última semana, e por causa do pequeno texto da semana passada, várias pessoas me questionaram da real importância do A090, e como tal das razões para tamanho desacordo meu. E também sobre os detalhes das modificações que serão introduzidas. Isso denota algum interesse, até ansioso, sobre a matéria.
Não sou especialista da língua. Nem sou purista. O meu desacordo profundo assenta em duas questões: o substrato intelectual, ideológico, que alimentou a matéria, que é regressivo. E o facto de implicar um dispêndio de recursos (energias, atenções, fundos) no ensino do português e na formação de professores e de formadores. Os quais poderiam (e deveriam) ser orientados para tarefas bem mais interessantes e produtivas no âmbito da política da(s) língua(s).
A questão coloca-se ainda a um outro nível. Reina nos acordistas a crença de que uma ortografia única é fundamental para a comunhão na comunicação entre os falantes de português, e para o seu ensino. Ora essa perspectiva baseia-se num “grafocentrismo”. As dificuldades de comunicação e de aprendizagem entre os falantes (como língua primeira, segunda, estrangeira) relacionam-se com os usos da língua. Com as diversas fonéticas (os sotaques). Como sabe qualquer português, quase sempre mais incompreensível para ouvidos estrangeiros do que os moçambicanos, os brasileiros, etc.
E na escrita, na qual essas dificuldades se prendem com o vocabulário usado, com a sintaxe (as formas de construção) praticada, com a semântica (os sentidos) pretendida. Por isso, ao lermos textos de diferentes origens tantas vezes balançamos na sua compreensão. O problema é que alguns entendem isso como uma fragilidade do português. Mas isso não é um defeito, é uma das suas riquezas. Em última análise é mesmo um sinal da sua disseminação, que é o objectivo pretendido pelos acordistas.
Conto sempre dois episódios. Uma antropóloga portuguesa que se doutorou sobre uma temática brasileira. Quando publicou em livro a sua tese, e dado que o público privilegiado seria brasileiro, a editora “traduziu” o seu texto para português do Brasil. Modificando algum vocabulário mas fundamentalmente modificando-lhe a sintaxe. De maneira a tornar mais agradável, mais fácil, a sua apreensão por parte da maioria dos leitores. Os quais seriam, na sua esmagadora maioria, académicos ou funcionários. Ou seja, gente bem letrada, sem particulares dificuldades na leitura. Uma outra amiga, brasileira aqui radicada, contava-me que os relatórios que fazia para o ministário moçambicano no qual era consultora eram também “traduzidos”, para mais facilidade, comodidade, de leitura. Nada disto tem a ver com a ortografia.
E todos estas questões, que não são “problemas” (deficiências) mas são sim “problemáticas” (constituintes, riquezas plurais) da língua portuguesa em contexto internacional, continuarão com o AO90, apesar dos custos que ele implica, apesar da mentalidade que ele reproduz. Acima de tudo porque o que produziu este acordo foi um pensamento pobre, formalista. Distraído, afastado, da enorme pluralidade que é o português. Vocabular, sintáctica, semântica. Social e cultural. Ou seja, o que produziu o AO90 é um pensamento de nós afastado. De nós, os (re)criadores do português. Também por isso as enormes demoras na produção do (novo) Vocabulário do Português, aquele documento necessário à efectivação do Acordo Ortográfico. E que não existe. Ainda não existe exactamente porque a sua produção exige um pensamento diverso do pobre “homografismo”. Exige-nos. É à nossa plurigrafia. Actual. E, é óbvio, futura.

jpt, Ma-schamba e Canal. Leia aqui.

Oposição diz que juventude poderá ser silenciada

Revisão da Constituição.

A Comissão ad hoc, composta maioritariamente pela Frelimo, desdramatiza os pronunciamentos da oposição e diz que se trata de mero cepticismo.

A oposição aconselha os jovens a intervirem na revisão da Constituição sob o risco de serem silenciados e verem seus direitos hipotecados.
O conselho foi dado ontem durante a conferência nacional “Pensar Moçambique”, um evento promovido pelo Parlamento Juvenil (PJ), ao qual os jovens convidaram deputados e membros da Comissão ad hoc, para apresentarem o ponto de situação da revisão da Constituição da República.
A Renamo e o MDM defenderam que os jovens devem “abrir os olhos” e intervir no processo de revisão para não serem surpreendidos pelo novo texto da Constituição a ser aprovado.
“Nós sentimos que a revisão está a ser feita às pressas e numa altura em que existe um partido que pode decidir sozinha sobre como quer que a Constituição seja. Isto é um risco para todos, inclusive para a juventude, se ela não intervir com força. Os jovens podem ser ainda mais silenciados pelo sistema”, disse Fernando Mazanga, da Renamo.

 O País

Thursday 21 June 2012

África e a “maldição do petróleo”

Uma série de novas descobertas de petróleo em África, desde o Quénia à Costa do Marfim, fizeram cidadãos e governos sonhar em ficarem rapidamente ricos. Mas o petróleo tem historicamente causado mais mal do que bem aos cidadãos dos países produtores de petróleo.

Quando a Guiné-Equatorial descobriu petróleo nos anos 90, o país transformou-se para sempre de uma adormecida antiga colónia espanhola num estado petrolífero.
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país foi de 71 por cento em 1997, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), quase inteiramente por conta das receitas petrolíferas. Em 2009, o país beneficiava de mais de oito mil milhões de dólares por ano graças ao petróleo.
Mas a riqueza tem apenas enriquecido e entrincheirado os líderes autoritário do país, enquanto pouco contribuiu para melhorar as vidas dos seus 685 mil habitantes.
A Guiné-Equatorial estava no ano passado no centésimo-trigésimo-sexto lugar em 187 países no Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas. Outros países produtores de petróleo, incluindo Angola, Sudão e a República Democrática do Congo encontravam-se ainda mais abaixo.
Alex Vines, chefe do Programa para África da Chatham House em Londres, disse que a maioria dos governos africanos tem de modo egrégio usado mal as receitas petrolíferas para consumo, em vez de desenvolvimento.
“Edifícios de prestígio, bens de luxo, isso tem sido realmente a espécie de caricatura de como os países têm usado as receitas petrolíferas. O Gabão, por exemplo, teve durante algum tempo o mais elevado consumo de champanhe do mundo, tudo com base no petróleo.”
Um fosso crescente entre ricos e pobres, uma corrupção galopante e o endurecimento da liderança autoritária são tudo sintomas da chamada “maldição do petróleo”, quando uma descoberta que pode beneficiar a população acaba por fazer mais mal do que bem.
Brendan O’Donnell, do grupo Global Witness, disse que a causa principal do problema é a gestão errada:
“O problema sobre o petróleo e os minerais é que muito rapidamente enormes quantidades de dinheiro vêm desses recursos naturais e a capacidade para geri-las de uma forma que beneficie os cidadãos não é sempre posta em prática.”
A sucessão de novas descobertas em África, incluindo campos petrolíferos no Quénia e na Costa do Marfim e gás natural ao largo da costa da Tanzânia e de Moçambique, esta a aumentar o espectro da “maldição” uma vez mais.
O Uganda descobriu petróleo em 2006 e deverá começar a produzi-lo dentro de três a cinco anos.
Descobrir petróleo não é como ganhar uma lotaria económica. A indústria é sensível aos caprichos dos mercados internacionais e à procura da Europa, Ásia e América do Norte.
O’Donnell, da Global Witness, defende que os países que descobrem petróleo devem colocar salvaguardas para garantir que deitem fora uma janela económica de oportunidade:
“Esses recursos têm uma duração de vida, ficaram esgotados a certo ponto. E se se perde a oportunidade de beneficiar – se o país perde a oportunidade de beneficiar desses recursos, não se pode voltar para trás. Perde-se esse momento.”
Companhias petrolíferas estão a expandir as suas operações através do continente africano, com projectos na Etiópia, Madagáscar e Libéria, para citar alguns.
É apenas uma questão de tempo antes de outro país africano se juntar à alta-roda das nações produtoras de petróleo.

Voz da América. Escute o Paulo Faria aqui.

MDM junta forças para enfrentar e vencer a Frelimo na cidade de Maputo


Membros do MDM preparam autárquicas em Moçambique

Eleições autárquicas 2013.

Geraldo de Carvalho diz que o seu partido já deu passos visíveis.

O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) acredita que vai concorrer em pé de igualdade com a Frelimo nas eleições autárquicas de 2013, na cidade de Maputo, por isso, já está a intensificar acções para fortalecer o partido nesta cidade.
Para garantir a tão almejada vitória, o partido acaba de empossar novos membros da mesa do Conselho da Cidade para auxiliar o delegado político eleito e empossado ao princípio deste ano.
O novo elenco tem a missão de desenhar estratégias para mobilizar membros e formá-los em mobilização e propaganda. Assim, a mesa do Conselho da Cidade promete de tudo fazer para conquistar a confiança política de mais munícipes de Maputo e garantir apoio da população nos próximos pleitos eleitorais.
O chefe de Mobilização do MDM, Geraldo de Carvalho, defende que o partido já deu passos visíveis para provar que pode concorrer em pé de igualdade e até vencer a Frelimo nos pleitos eleitorais.
“Há muita coisa errada na gestão do Município de Maputo, por isso que nós achamos que os citadinos vão compreender a nossa mensagem e proposta. Queremos ter mais pessoas para nos ajudarem na mobilização da população, para esta perceber que está na hora de mudarmos as nossas vidas nesta cidade”, afirmou Carvalho.
Para o efeito, o partido está a levar a cabo campanhas de instalação de órgãos sociais; bem como de consciencialização para conseguir angariar novos membros para o partido.

 O País

Ganhe um paraíso numa ilha”: Campanha eleva Moçambique como destino turístico

TRANSFORMAR o país como um potencial destino turístico a nível internacional é o principal objectivo da campanha “Ganhe um paraíso numa ilha” lançada oficialmente pelo Primeiro-Ministro, Aires Ali, na noite de ontem na capital do país.

Maputo, Quinta-Feira, 21 de Junho de 2012:: Notícias

A iniciativa, promovida pelo Ministério do Turismo, através do Instituto Nacional de Turismo (INATUR) em parceria com a Vision Vault e a Marlion Lodge, arranca no próximo dia um de Julho e vai se prolongar até um período de cinco meses.
A campanha faz parte dos passos dados pelo país para promover as suas potencialidades nos sectores turístico, cultural, humano, a riqueza em termos de recursos naturais e histórico culturais, segundo explicou Fernando Sumbana, Ministro do Turismo.
Falando na tarde de ontem numa conferência de Imprensa, onde participaram jornalistas de todos quadrantes do mundo, Sumbana disse que a iniciativa visa levar Moçambique para o conhecimento do mundo inteiro e o mundo para o país.
“Para tal já foi definida uma estratégia que toma como elementos fundamentais o desenvolvimento de um turismo sustentável, nos aspectos económicos, sociais, tecnológicos, ecológicos que vão avançar de forma equilibrada”, esclareceu Sumbana.
Afirmou ainda que o país aprovou uma Lei do Turismo das mais actualizadas a nível mundial e com as melhores práticas, como a não-aceitação da discriminação, turismo infantil e sexual e que toma em conta as leis da Organização Mundial do Turismo.
Igualmente, presente na conferência de Imprensa, a representante da Vision Vault, Phici Mbatha, explicou que a campanha vai consistir na realização de um concurso aleatório em que serão eleitos 15 finalistas de diferentes cantos do mundo.
Deste grupo, segundo Phici Mbatha, o vencedor do concurso e mais três amigos terão o direito de permanecer, por ano, duas semanas numa vila a ser construída no Marlin Logde, Inhambane. Este prémio terá a validade de três anos.
Acrescentou que a campanha será promovida através de meios digitais com destaque para a Travel Channel Internacional, uma agência de comunicação internacional e vai possibilitar que Moçambique apareça no mercado internacional.
“Isto vai permitir que o mercado internacional saiba que para além de praias, o país tem muitas potencialidades como a vida selvagem, sua cultura e a população que é bastante hospitaleira”, disse Mbhata.
No entanto, o Primeiro-Ministro, Aires Ali, que lançou a campanha na noite de ontem, disse que o objectivo central da campanha é posicionar o país como um destino turístico preferencial de lazer, elevando a qualidade de vida das comunidades.
“Associada à “Marca Moçambique” a iniciativa tem o propósito de assegurar a divulgação a nível nacional e internacional do país como destino emergente; assegurar a divulgação de suas belezas naturais e culturais com qualidades únicas e exóticas; bem como incrementar o número de visitantes”, acrescentou o governante.
Aires Ali disse ainda que em particular, pretende-se estimular os moçambicanos a inserirem os produtos e os serviços turísticos na sua lista de consumo, ao mesmo tempo que, a nível internacional, procura-se posicionar o país como destino competitivo e apetecível, não só para o lazer, mas também para investimentos e negócios.

MDM organiza órgãos na cidade de Maputo

Foi eleito no último sábado, no campo do Mahafil, no Bairro de Xipamanine, em Maputo, numa cerimónia muito participada, a mesa do Conselho da Cidade de Maputo do Movimento Democrático de Moçambique (MDM). O acto contou com a presença de Geraldo Carvalho, deputado da Assembleia da República e chefe nacional de Mobilização do MDM, e Lutero Simango, chefe da Bancada na Assembleia da República.


Canalmoz. Leia aqui.

Wednesday 20 June 2012

Monarquia Guebuziana

Nas hostes do partido Frelimo não se fala de outra coisa que não seja de “Guebuza”; do ADN de Guebuza; de quem vai continuar no poder, de quem vai servir Guebuza para ele continuar a mandar na sombra; de quem se vai servir Guebuza; se no X Congresso vai ou não ser eleito um outro membro para o cargo de presidente do partido; se no congresso de Pemba vai ou não ser anunciado o candidato da Frelimo às presidenciais de 2014; se o candidato vai ser o actual secretário-geral; se o candidato à Presidência da República irá passar a ser o próximo secretário-geral; se o Congresso irá remeter para decisão do Comité Central que será eleito em Pemba a escolha do candidato a PR nas presidenciais de 2014, enfim… São imensas as variáveis. Uma, no entanto, parece irrebatível: a vontade de Armando Guebuza se tornar uma espécie de monarca e não permitir a deslocação do poder para outras coordenadas do País, perante um quadro de investimentos altamente apetitoso, na sua esmagadora maioria entre o rio Save, na confluência das províncias de Sofala e Inhambane, e o rio Rovuma, que faz fronteira com a República Unida da Tanzania.


Editorial do Canalmoz / Canal de Moçambique. Leia aqui.





Central Sindical acusa: Não há transparência no INSS

A Organização dos Trabalhadores de Moçambique (OTM) – Central Sindical distancia-se do escândalo financeiro que despoletou no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), afirmando que só teve conhecimento da mesma através da imprensa.
Apesar de fazer parte do Conselho de Administração do INSS, a OTM – Central Sindical diz que não tem acesso à informação sobre a gestão da instituição. “Não temos acesso a essa informação. Nós todos ficamos surpreendidos quando a informação veio a público (através da imprensa)”, disse o presidente da OTM- Central Sindical, falando hoje em conferência de imprensa, Carlos Mucareia.
Nas últimas semanas, a imprensa moçambicana tem vindo a publicar uma série de desmandos financeiros que acontecem no INSS, o que culminou com a demissão (ainda não confirmada) do presidente do Conselho de Administração (PCA) daquela instituição pública, o empresário Inocêncio Matavel.
Dos escândalos que vieram a público destaca-se a aquisição de uma casa para o PCA no valor de um milhão de dólares, a aquisição de uma outra para a directora-geral ao preço de 2,5 milhões de meticais (cerca de 89 mil dólares americanos) e a sua respectiva reabilitação com mais de 7,5 milhões de meticais. Igualmente se destaca a intenção de adquirir material gráfico no valor de 25 milhões de meticais, montante que corresponde a cinco vezes superior ao que seria aceitável.
A OTM critica o tipo de gestão do INSS, alegando que as decisões sobre grandes investimentos dessa instituição passam sem o consentimento do Conselho da Administração. Por isso, esta organização exige a revisão da legislação sobre a gestão do INSS para que o sistema seja mais transparente, obedecendo as regras de gestão colectiva da instituição.
“Na nossa opinião, esse tipo de decisões deviam passar em sede do Conselho de Administração, que é um órgão representativo, onde se encontram os representantes dos trabalhadores, dos empregadores e do Governo. Ora, se esses documentos obedecessem essa regra, naturalmente podia se fazer um juízo mais aproximado, se os valores são compatíveis àquilo que se pretendem, isso sem inviabilizar o tal investimento”, acrescentou Carlos Mucareia.
Ainda na sua intervenção, Mucareia disse que o Comité Executivo da OTM – Central Sindical analisou a denúncia veiculada na imprensa e constatou que situações da mesma natureza tiveram lugar num passado muito recente cujo desfecho e esclarecimento não se tornaram claros nem conhecidos.
“O Comité Executivo considerou que esta situação é deveras preocupante para os contribuintes e beneficiários do sistema, dados os prejuízos que dela resulta. Neste contexto, manifesta o seu veemente repúdio e exige que a justiça seja feita para pôr termo os desmandos para com a gestão da coisa pública”, disse ele.
Recorde-se que, na sequência destes casos, a ministra do Trabalho, Maria Helena Taipo, mandou cancelar o concurso do INSS de fornecimento de material gráfico que por sinal havia sido adjudicado a empresa Ntuzi investimentos, por este apresentar irregularidades e não ter obedecido a política de descentralização de competências em vigor no país desde 2007.
Por outro lado, o INSS está agora sob investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do Ministério das Finanças.

(RM/AIM) 

“Rio +20: Desenvolvimento e inclusão”

Multinacionais estão a enriquecer dirigentes corruptos

– afirma Carlo Petrini, da organização “Slow Food”

Ele diz também que dos ganhos o povo só houve falar nas conferências e nos relatórios

 Os debates com painelistas da sociedade civil estão a “animar” a preparação da Conferência sobre o Desenvolvimento Sustentável, Rio+20. Ontem, segunda feira, o activista italiano da organização “Slow Food”, Carlo Petrine criou algum mau estar no pavilhão número 03 da Rio Centro, quando disse que em países pobres as multinacionais estão a ajudar os corruptos a enriquecer e levar a população à pobreza e ao desespero porque está a perder as suas terras, a sua única fonte de produção.

Matias Guente, enviado do Canalmoz/Canal de Moçambique ao Rio de Janeiro. Leia aqui.




Tuesday 19 June 2012

“Furacão Muianga” no INSS

É desumano uma só pessoa gastar um dinheiro que não só corresponde ao valor alocado anualmente a um distrito (os 7 milhões), como também suficiente para adquirir dois apartamentos “tipo 3” na Vila Olímpica.

Que o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) é um saco azul dos seus dirigentes e funcionários não é uma novidade nem uma dúvida. A novidade é saber que a sua director-geral, que há sensivelmente dois anos liderou o processo que culminou com a detenção e posterior julgamento e condenação dos autores do roubo de pouco mais de 12 milhões de meticais na delegação do INSS em Tete, está ligada ao caso de aquisição e reabilitação de uma casa “tipo 2” por cerca de 350 mil dólares americanos, qualquer coisa como 10.6 milhões de meticais.
O caso INSS de Tete foi por mim despoletado e profundamente investigado, neste jornal. Só para ter a ideia: publiquei 18 artigos de investigação desde o dia em que recebi informações sobre a existência de falcatruas até ao dia em que os autores foram sentenciados.
Embora a aquisição e reabilitação da dependência possa ter sido num processo legal, a verdade é que não é ético e é imoral que uma directora-geral, gestora de um fundo dos trabalhadores, gaste mais de 10 milhões de meticais na aquisição e reabilitação de uma casinha num país em que os contribuintes (trabalhadores) não conseguem sequer adquirir um terreno para construir uma casa precária, nem conseguem levar os seus filhos às escolas, muito menos suportar as despesas de funeral em caso da morte do seu dependente. É imoral que uma directora-geral invista tanto dinheiro de contribuintes de uma instituição que não paga mais do que três mil meticais de subsídio de funeral de quem, durante anos, descontou para o efeito.
Tal como o presidente do Conselho de Administração, o director-geral de uma instituição não só é uma figura de responsabilidade como também é uma figura moralidade. E, a partir da altura em que se despe da moralidade para se revestir da imoralidade, passa a não dispor de condições morais para se manter à frente de uma instituição da dimensão do INSS.
Até porque os gestores são devidamente remunerados para alimentar as suas loucuras e para evitar, desta forma, que recorram aos fundos que gerem para alimentar as suas desmedidas ambições.
É desumano uma só pessoa gastar, em caprichos, um dinheiro que não só corresponde ao valor alocado anualmente a um distrito (famosos 7 milhões), como também suficiente para adquirir dois apartamentos “tipo 3” na Vila Olímpica (150 mil dólares cada), e ainda ficarem 50 mil dólares para adquirir uma viatura topo de gama.
Se se responsabilizam cinco funcionários (o caso de Tete) por roubo de cerca de 12 milhões de meticais, também se deve responsabilizar dirigente que gasta ou os que deixam que este gaste 10.6 milhões de meticais, sozinho. Quando se fala de má gestão, não só se refere a casos de roubos e desvios de fundos, como também de casos de gestores que, gozando dos poderes que cargos que ocupam lhes conferem, usam, de forma abusiva, os fundos públicos para benefícios próprios.
Igualmente, não se pode perdoar uma direcção e conselho de administração de uma instituição que estão à leste dos processos do funcionamento da mesma. É que o caso do Ntuzi Investimento, devidamente investigado e tratado, pelos nossos órgãos de informação, não pode acontecer numa instituição com órgãos funcionais (direcção, conselho de administração e Comissão Consultiva do Trabalho).
Além de ser afastada a direcção e o respectivo conselho de administração, uma vez ter sido um acto legal, os que aprovaram a aquisição da casa e sua reabilitação devem, solidariamente, devolver os 10.6 milhões de meticais (350 mil dólares) aos cofres do INSS.

Lázaro Mabunda, O País. Leia aqui.

Outra prova de que PGR mente sobre os assassinatos da Frelimo

Avolumam-se provas de que PGR mentiu à Comissão Africana de Direitos Humanos. Adelino Timóteo, filho de uma das vítimas da Frelimo, conta ao Canalmoz/Canal de Moçambique a sua odisseia junto da Procuradoria Geral da República

“Quero recordar que mantenho na memória, tal como se tivesse ocorrido hoje, a tarde em que brincávamos com ele, o meu pai, às escondidas em nossa casa, no Macurungo, quando o senhor Machava, algoz do grupo de “nacionalistas”, o veio buscar, sob a promessa de que o traria de volta no dia seguinte. A verdade é que o meu pai nunca mais voltou” – Adelino Timóteo

“O Estado moçambicano, ao manter o sigilo sobre o corpo e a pessoa do meu pai está a perpetrar contra os seus descendentes uma forma de tortura moral, de aviltamento do homem, está a perpetrar tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, ademais proibidos no fundamento do Estado de Direito, tal como é o espírito da Carta das Nações e da própria Constituição da República de Moçambique.”

 Canalmoz / Canal de Moçambique. Leia aqui.

Monday 18 June 2012

República de má qualidade!

O psicólogo “austríaco-americano”, Wilhelm Reich, escreveu que “o desejo intenso de liberdade, aliado ao medo da responsabilidade tem como resultado a mente fascista”. É o que acontece com a oposição moçambicana. Está permanentemente a construir a sua servidão por ter medo da responsabilidade.

 Quando o relatório das Nações Unidas sobre o Índice de Desenvolvimento Humano chegou a Maputo, colocando Moçambique na justa posição de quarto pior País para se viver na face da terra, houve dois tipos de comentários. Uns ridicularizam os métodos e atribuíram uma espécie de certificado de insanidade mental aos que produziram o relatório. Outros respiraram de alívio porque finalmente alguém com poder e competência tinha falado em seu lugar e lhe tirou das costas tamanha responsabilidade e o “medo de ser conotado como do contra”.
Mas o relatório obrigava-nos, na verdade, a uma introspecção mais profunda que gravitaria no conceito de qualidade. Isso mesmo: qualidade de dirigentes, qualidade de oposição, qualidade de povo (todos actores inclusos). A soma destas três grandezas daria na real qualidade de vida dos moçambicanos ou na qualidade do País. Colocadas de forma separada estas três grandezas, chega-se, e, com alguma mestria de simplificação de tarefa, à conclusão de que as Nações Unidas não tiveram assim muito trabalho.


Matias Guente, Canalmoz. Leia aqui.







Sunday 17 June 2012

O que o pão gerou na baixa de Maputo!

TUDO teve como ponto de partida os passeios, regra geral defronte de padarias, onde os mais atentos ao negócio, descobriram que podiam fazer um casamento perfeito entre o pão e a “bajia”, um pastel caseiro feito na base de feijão cafreal.
A ideia era, ao mesmo tempo que se ganhava o dinheiro, proporcionar um pequeno-almoço mais “nutritivo” a quem tivesse somente o pão para matar a fome, que às primeiras horas da manhã, apoquenta a qualquer que seja.
Hoje, o negócio evoluiu de tal forma que, na zona baixa da capital do país, surgem a cada dia, inovações atrás de inovações tudo na busca de rendimento nuns casos e de sustentabilidade noutros.
Vende-se um pouco de tudo, desde o pão, a “bajia”, o chá, passando pelos enlatados russian (Rachen), chouriço, palony, ovos, batata, pregos, queijo, bolos dos mais diversos tipos e sabores e até a sopa. Os mais agressivos usam suas viaturas para contemplarem maior número possível de clientes em pouco tempo. É que entre ficar numa esquina à espera do cliente e ir ao encontro deste, há uma diferença em termos de negócio.
Quase todos os pratos são confeccionados mesmo no local como forma de dar ao cliente algo ainda quente. Os clientes são trabalhadores da zona baixa que vivendo longe, muito cedo se fazem à cidade, sem que tenham tido tempo para tomar o pequeno almoço. São nalguns casos funcionários, condutores de chapas, taxistas, cobradores, vendedores ambulantes, alunos e transeuntes.

Quando o frio aperta há espaço para inovação

Mesmo os que se dedicavam à venda de pão e refrigerantes, com a chegada do inverno viram-se obrigados a inovar para servirem maior número possível de clientes. Lina Almeida já há muito que é vendedeira informal. O refrigerante era o seu único produto. Mas, com o frio descobriu que pouco rendimento conseguia e pensou em algo que fizesse diferença nas suas finanças. O seu ponto é a terminal de chapas da Praça dos Combatentes-Baixa.
Seus clientes eram diversificados, desde taxistas, chapeiros, cobradores, passageiros, transeuntes e até os que vendem nas imediações. Pensou em algo que pudesse atrair os clientes nas manhãs e lhe trazer mais dinheiro: a sopa.
Por dia faz 30 litros de sopa e leva-nos diariamente de balde, num chapa para a sua esquina onde com recurso a um fogão à carvão aquece e vende aos seus clientes das sete as nove horas. Finda jornada, vai à compra de ingredientes do dia seguinte e cuida dos trabalhos caseiros. É com aquele pequeno negócio que sustenta a sua filha e dois sobrinhos. Consegue ainda algumas realizações que marcam pela positiva a sua vida. Seu sonho é ter um espaço condigno e poder confeccionar e diversificar os seus produtos.
Se há quem já inovou no seu negócio, em função do tempo, outros ainda pensam em diversificar. Argentina Alfredo é outra entrevistada que se dedica à venda de refeições em diversos pontos da cidade de Maputo. Começou a sua actividade vendendo refeições para o pequeno-almoço em empresas da Baixa e de tempos em tempos foi conquistando muitos clientes.
Contou que faz a sua actividade há mais de 10 anos e do fruto do negócio comprou três viaturas duas das quais circulam pela cidade com paragens em pontos já específicos, onde os clientes vão à hora do pequeno-almoço.
As noites são reservadas para a confecção de bolos, temperar as carnes para logo as três da manha iniciar a preparação de outros acompanhantes do pão de forma a garantir que o produto chegue a tempo e hora ao cliente.
Um fogão aqui e acolá com jovens prontos a confeccionar e a servir os clientes vai se multiplicando esquina em esquina. Num dos pontos da cidade ouvimos um vendedor anónimo que diz ter os polidores como clientes favoritos dai a escolha do ponto em que trabalha que é junto a um grande local de estacionamento de carros.
Por dia prepara no mínimo três sacos de batata. O período de tarde é de alta pois, é quando mais comida se vende. Um prato de batata sai a 40 meticais e o cliente é que decide se compra somente a batata ou se leva também o pão para o acompanhamento.

Ardinas: O outro mercado fértil

Nas imediações do Noticias é tradição a venda de chá para aqueles que logo às primeiras horas da manhã têm a obrigação de levar a informação aos leitores, faça sol, faça chuva: os ardinas. Só que, à semelhança de outros negócios, este cresceu e para além dos ardinas muito mais gente se abastece neste ponto que passou a ser de referência somente nas manhãs.
O negócio começou com apenas uma pessoa, mas de tempos em tempos foi notório o crescimento do número de vendedores que viram as imediações do Noticias como terreno fértil para os seus negócios.
Soubemos que a demanda se revela cada vez maior, sobretudo nos dias em que o jornal se faz tarde à sede do matutino. A entrada em funcionamento da nova rotativa no município da Matola teria reduzido de forma significativa o número de ardinas, mas os vendedores dizem não se desesperarem porque aquele é que é o seu ganha-pão.
Do chá, que é um imperativo nas madrugadas frias já se vende um pouco de tudo. O pão, as chamussas, mandioca cozida.
A venda do pequeno-almoço nas ruas de Maputo até se faz de geração em geração. Há vendedeiras que herdaram das suas mães os lugares e o tipo de negócio e hoje sentem-se calejadas com o trabalho que resulta de anos de experiência.
Dininha Mainga começou por trabalhar com a sua mãe e hoje está em condições de lavar a actividade avante, mesmo sozinha. Sente-se satisfeita por poder garantir o material escolar das crianças sem nenhum problema.
Há quem se alimenta nas ruas da baixa, mas com vergonha do que faz. Mas porque com fome não há vergonha há os que vão sem nenhum receio. Dionísio diz recorrer à batata frita nos passeios e pão para matar a fome sempre que dispor de dinheiro e faz sempre no mesmo local, pois sai muito cedo e por conseguinte sem comer nada.

Notícias. Leia aqui.

Saturday 16 June 2012

COISAS QUE NÃO ESTRANHAMOS - Sete milhões só para uma moradia



PELO muito que tem sido divulgado pelo Governo, um dos maiores desafios que se colocam ao nosso país é a contenção de gastos, para permitir que os poucos recursos de que o país dispõe possam cobrir um leque maior de necessidades.

Maputo, Sábado, 16 de Junho de 2012:: Notícias

Nós assumimos esse desafio, até porque em diversos momentos sentimos o impacto disso no nosso dia-a-dia, sobretudo quando nos são impostos limites na satisfação de alguns dos nossos desejos, até como humanos.
Paradoxalmente, há no país pessoas e instituições que se esforçam por fazer uma vida “paralela”, fazendo o coro da contenção com as massas mas, ao mesmo tempo, que promovem o luxo e o fausto, numa clara afronta ao compromisso colectivo.
Um dos exemplo disso chega-nos do INSS, instituição que esta semana “andou na boca de todos”, pela maneira estranha como parece estar a ser feita a gestão da coisa pública à ele confiada, nomeadamente as contribuições descontadas por força de lei a todos os trabalhadores.
De entre as várias façanhas reportado a-propósito, há uma que nos parece demasiado ousada para passar despercebida: a aprovação de um orçamento de sete milhões de meticais para financiar a reabilitação da residência oficial da Directora geral da instituição… Sim! Até porque, mais exactamente, são 7,6 milhões de Meticais!
Na verdade, esta soma faz-nos lembrar o orçamento que o Estado destina, anualmente, para financiar projectos de desenvolvimento nos distritos!
E as obras começaram e até avançaram o suficiente para acreditarmos que esse dinheiro “já saiu”… Para testemunhar, basta passar pela Rua Alberto Machavele, no bairro Fomento-Sial na cidade da Matola.
Não estamos contra a comodidade dos gestores do nosso INSS, até porque somos dos que defendem o seu conforto, “moral, espiritual e até material”, para poderem se concentrar melhor na solução dos muitos problemas que preocupam os contribuintes. O que definitivamente não concordamos é o exagero, porque nos lembramos sempre do apelo à contenção…
Ao que nos parece, não há como explicar, eticamente, que o INSS esteja a “nadar”em tanto dinheiro a ponto de aprovar tamanho esbanjamento, sobretudo se considerarmos que os seus pensionistas continuam a auferir pensões que atentam frontalmente contra o reconhecimento que lhes é devido por todo esforço de trabalho que fizeram ao longo da sua vida activa. Não é justo!
Não pretendemos com isto dizer que os sete milhões de meticais em causa sejam suficientes para resolver os problemas dos milhares de contribuintes existentes pelo país fora, mas há que respeitar o esforço que os mesmos fazem enquanto estiverem no activo. È imoral e vergonhoso fazer gastos desta forma, num país onde pensionistas não ganham quase nada, limitando-se a ir buscar, mensalmente, valores que não ascendem os 500 meticais.
Para que não nos acusem de estarmos a entrar para o sub-mundo da bisbilhotice, trazemos, na imagem, a placa ilustrativa da obra, onde o leitor pode, enfim, confirmar o que dissemos e tirar as suas ilações.

Para nós, não deixa de ser estranho!