Tuesday 30 November 2010

Dar ordens - Machado da Graça

Em fins de Setembro escrevi, nesta minha coluna, o seguinte:
Aguém acredita que milhões de celulares vão ser registados em 60 dias?
Mais uma ordem dada com voz grossa que vai ser retirada, com voz fina, por impossibilidade de ser cumprida.
Desprestigiante, não é?
Ora não demorou nada a esta minha previsão se confirmar. O prazo, que não poderia ser prorrogado, de forma nenhuma, foi agora prorrogado para 7 de Janeiro. E há-de ser mais vezes, não tenhamos dúvidas.
Será que é porque eu sou um feiticeiro com poderes mágicos que adivinho estas coisas?
Não. É apenas porque penso um pouco nas coisas antes de as dizer. O que parece não acontecer com bastantes dos nossos dirigentes. Os que dão a cara e, muito possivelmente, os que estão atrás da cortina dando ordens aos que dão a cara.
Porque, quando se julga que temos o rei na barriga, dar ordens é fácil. Saem da boca com naturalidade. Principalmente se acrescentarmos, no fim da ordem, a descrição das penalidades para quem a não cumprir. Como, por exemplo, dizer que os contratos de quem não estiver registado serão anulados, no final do prazo.
Agora, chegados à dura realidade, os tais cospe-sentenças têm que engolir aquilo que antes cuspiam.
Um representante da Mcell veio à Rádio Moçambique, esta semana, dizer que, dos cerca de 4 milhões de clientes da empresa, até agora só estão registados cerca de 100 mil.
Isto é, se em 2 meses foram registados 100 mil, serão necessários mais de 6 anos para registar os 4 milhões.
E isso com um custo, não previsto anteriormente pela empresa, de cerca de 1 milhão de dólares até ao momento.
O mesmo porta-voz da MCell afirmou ainda que a sua empresa só está a registar nas cidades e vilas principais, porque o preço de mandar brigadas móveis para as zonas rurais é insuportável e a empresa não está preparada para isso.
Quem sabe, dado que a preocupação, neste caso, é de segurança, as empreas não possam ir buscar fundos ao exorbitante orçamento do SISE.
E quem diz MCell diz também Vodacom. No mesmo programa um representante da Vodacom disse que ainda não tinham recolhido informações nem de 20% dos seus cerca de 2 milhões de clientes. E falava apenas de recolha de informações. Não do seu processamento.
Numa coisa os azuis e amarelos estão unidos: o novo prazo também é completamente irrealista.
Portanto, ao ritmo a que vamos, não será em Janeiro de 2011 que o processo estará completado. Provavelmente nem de 2012...
E eu pergunto: Com que cara ficam as pessoas que dão este tipo de ordens quando a realidade lhes cai, pesada, no cocuruto da cabeça?
No caso das inspecções aos automóveis a ordem era para dar lucros a um qualquer alguém, colocado por trás da empresa fiscalizadora.
Neste caso dos celulares é a preocupação securitária provocada pelo susto dos primeiros dias de Setembro.
Em ambos os casos assistimos a ordens peremptórias, com ameaças incluídas, que um mínimo de pensamento teria mostrado que não eram possíveis de cumprir.
Mas a arrogância do Poder tapa-nos os olhos e acaba por nos colocar em posições ridículas.
Nos últmos tempos temos vindo a assistir a uma forma de governar em que tudo aquilo que não é proibido é obrigatório. O diálogo praticamente acabou e, cavalgando uma maioria eleitoral, impera o quero, posso e mando.
Só que isso tem os seus limites naturais e, por muito que a Assembleia da República vote, por grande maioria, que a chuva deve cair de baixo para cima, não creio que ela obedeça.
Mas como é difícil explicar estas coisas a quem está obcecado pelo Poder.

Machado da Graça, A talhe de foice, no Savana com data de 26/11/10

Parlamento

PES e OE para 2011 dividem bancadas na AR

O PLANO Económico e Social e o Orçamento do Estado, ambos para o próximo ano, não estão a colher consenso a nível das três bancadas parlamentares.

Leia mais aqui.

“Bypass” volta ao plenário da AR, mas agora por projecto de resolução

Leia mais aqui.

Maputo acorda com chuva a potes

A CAPITAL acordou ontem com uma forte chuvada. Parte das suas infra-estruturas ficaram parcialmente destruídas em consequência das enxurradas. Foi muita descarga junta. E a chuva caiu a potes pela madrugada adentro, período em que a larga maioria dos citadinos dormia.

Maputo, Terça-Feira, 30 de Novembro de 2010:: Notícias

Apesar de estar dentro das previsões meteorológicas, a forte descarga de água deixou em tão pouco tempo inundadas as tradicionais regiões da capital do país propensas a este fenómeno. Cenário idêntico em termos de precipitação registou-se um pouco por algumas regiões do sul, desde a noite de domingo até ontem.
O Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) registou, com efeito, 55.3 milímetros de chuva na cidade capital e 97.5 milímetros a nível da província de Maputo. Informações desta instituição indicam que as chuvas deverão prolongar-se hoje em toda a região sul com a excepção da cidade de Maputo, para onde está prevista um ambiente de céu nublado com a temperatura a atingir os 26 graus centígrados.
As chuvas voltaram a concorrer para que centenas de famílias no meio urbano passassem a noite em branco a tentar escoar as águas que chegaram a invadir algumas casas. Casos de inundações ocorreram nalguns bairros. Algumas estradas igualmente voltaram a abrir buracos dificultando o trânsito normal.
Muitas valas de drenagem, com particular destaque para as das Avenidas Acordos de Lusaka e Joaquim Chissano registaram enchentes, com águas quase que a galgarem as margens.
Em consequência disso ocorreram alguns incidentes com viaturas a ficarem parcialmente submersas ao tentarem passar por algumas das vias.
Enquanto nas cidades a chuva a cântaros é mesmo maldita, já no campo é bem-vinda, pois há muito que era esperada para irrigar os campos agrícolas e alimentar as fontes de fornecimento de água natural, como rios e lagoas, que há muito se apresentavam quase secos.

Soluções que faltam para os dias de chuva. Leia mais aqui.

Governo critica preços exorbitantes das casas e apartamentos

O Governo moçambicano diz que incentiva investimentos no sector de habitação, porém, exige que os preços das casas em construção no país sejam acessíveis aos moçambicanos.
A vice-Ministra da Planificação e Desenvolvimento, Maria Lucas, disse, durante um encontro entre empreiteiros moçambicanos e portugueses, que o Governo não está de acordo com os preços das casas praticadas pelas imobiliárias, por serem muitos altos.
“Nós incentivamos a construção de casas para a habitação, mas não estamos de acordo com os preços dos apartamentos. O país está numa fase de desenvolvimento que não permite que sejam praticados preços como os actuais”, afirmou.
Maria Lucas defende que as empresas envolvidas na construção de imóveis para habitação devem melhorar os níveis de eficiência para que os preços das casas sejam acessíveis para a maioria da população moçambicana.
Estudos mostram que em Moçambique há défice de casas para habitação, sobretudo para os jovens, a camada maioritária.
Esta situação é resultado do facto de a população ter crescido drasticamente nos últimos anos, um processo que não foi acompanhado pelo desenvolvimento de habitações no país.
Segundo dados estatísticos, em 1978, Moçambique tinha 10.8 milhões de habitantes, um número que cresceu para cerca de 20 milhões em 2007.
Nos primeiros anos da independência de Moçambique, o Estado era o provedor de habitação aos cidadãos, gerindo 80 mil imóveis em todo o país.
A partir de 1995, quando iniciou a alienação dos imóveis a privados, o Estado deixou de ser provedor para passar a ser facilitador, criando condições para o sector privado investir neste sector.
Entretanto, as respostas do sector privado beneficiam apenas uma parte da população, por sinal, a minoria, dos moçambicanos.
Nos últimos anos, o país tem registado um movimento intenso de construção de habitações, porém na sua maioria são de luxo.
O preço mínimo de uma casa do tipo dois é superior a 50 mil dólares norte-americanos (1.8 milhões de meticais).
Fazendo os cálculos, um funcionário público licenciado aufere cerca de 17 mil meticais (480 dólares norte americanos), o que não o permitiria aceder a um empréstimo bancário para comprar uma casa, sobretudo devido à limitante do 1/3 estabelecido pelo Banco Central aliado às taxas de juro que são proibitivas.
Para fazer face a esta situação, muitos moçambicanos, com recursos médios e baixos, optam pela auto-construção, que muitas vezes leva mais de cinco anos devido aos custos de materiais de construção.
Algumas das obras ocorrem em zonas impróprias afectando o ordenamento territorial, para além de não obedecerem a regras de construção civil.
De acordo com estatísticas do Fundo para o Fomento de Habitação, instituição adstrita ao Ministério das Obras Públicas e Habitação, 13.5 milhões de moçambicanos necessitam de habitação condigna.
Por causa da carência de habitação, o fenômeno do arrendamento de imóveis de terceiros aumentou no país, embora os preços sejam igualmente proibitivos.
No centro da cidade de Maputo, por exemplo, o arrendamento de uma residência custa no mínimo 15 mil meticais (423 dólares norte-americanos), sendo mais caro nas zonas mais nobres.
O Governo moçambicano, no âmbito do seu Plano Quinquenal, prevê a construção de 100 mil habitações em todo o país para reduzir o défice.

(RM/AIM)

Monday 29 November 2010

Fronteira entre Moçambique e África do Sul aberta 24 horas até Janeiro

O principal posto fronteiriço entre Moçambique e África do Sul está a partir de hoje aberto ininterruptamente até 11 de Janeiro, indicaram hoje as Alfândegas de Moçambique.
Segundo o director geral das Alfândegas de Moçambique, Domingos Tivane, o funcionamento sem interrupção da fronteira de Ressano Garcia, na província de Maputo, sul, visa responder ao elevado volume de trânsito de pessoas e mercadorias que acontece em Dezembro, devido às festas de Natal e da passagem de ano.
"A experiência dos últimos anos em relação ao movimento transfronteiriço entre Moçambique e África do Sul mostra que a tendência é de um crescimento anual de cerca de 40%", enfatizou Domingos Tivane.
Também com a perspectiva de facilitar a circulação de pessoas e bens entre os dois países foi recentemente inaugurada a fronteira de paragem única em Ressano Garcia.
A estrutura junta no mesmo edifício funcionários e serviços de fronteira dos dois países.
A África do Sul acolhe a maior comunidade de moçambicanos no estrangeiro, mais de dois milhões, parte dos quais empregados nas minas e em explorações agrícolas.
Segundo o delegado do Ministério do Trabalho de Moçambique, Custódio Cuna, em entrevista ao diário O país, cerca de 30 mil trabalhadores moçambicanos, dos 41 mil que oficialmente trabalham na África do Sul, vão regressar ao país para as festas de Natal e de fim do ano.

Notícias Lusófonas

Destaques do Savana



Destaques do Savana, edição de 26 de Novembro de 2010

- Custo de vida volta a subir. Medidas de contenção falharam. Medidas de austuridade tomadas pelo Governo em Setembro um truque para amainar ânimos da população. Preços de produtos básicos continuam a subir vertiginosamnte e o custo de vida deteriora-se a olhos vistos.

- Diálogo público/privado é ineficaz. Diz estudo apresentado na XII CASP. Reformas implementadas pelo Governo não mexem com estrutura económica do país.

- Megaprojectos continuarã0 a beneficiar-se de privilégios fiscais. Governo descarta negociação.

- No Município da Beira Simango denuncia planos de massacre contra a população. O presidente do Conselho Municipal da Cidade da Beira, Daviz Simango, disse que a Frelimo queria se aproveitar de uma possível resistência da população da Beira em entregar os imóveis em disputa para executar um massacre, e dessa forma criar complicações ao seu futuro político naquela cidade.

Sunday 28 November 2010

Durão Barroso diz que entre a UE e África há muito por fazer

A III Cimeira entre a União Europeia e África, em representação de 1,5 mil milhões de pessoas, tem como tema "Investimento, Crescimento Económico e Criação de Emprego".

O presidente da Comissão Europeia espera que a III cimeira UE-África, na segunda e terça-feira em Tripoli (Líbia), permita o aprofundamento da relação entre os dois lados e acredita que uma cooperação mais sólida ajudará a desenvolver o continente africano. "Agora devemos consolidar e aprofundar os nossos laços, apoiando-nos no potencial ainda não explorado das relações UE-África", sublinhou José Manuel Durão Barroso em Bruxelas.
Para este dirigente europeu, "uma cooperação mais sólida e mais intensa beneficiará consideravelmente o desenvolvimento de África e terá um papel importante na realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio".
A III Cimeira entre a União Europeia e África, em representação de 1,5 mil milhões de pessoas, tem como tema "Investimento, Crescimento Económico e Criação de Emprego".
Trata-se do terceiro encontro de líderes europeus e africanos depois de o primeiro se ter realizado no Cairo (Egipto) em 2000 e o segundo em Lisboa em 2007, durante a presidência portuguesa da União Europeia (UE).
"Em 2007, aquando da Cimeira de Lisboa, alcançámos progressos significativos ao adoptarmos uma estratégia comum", disse Durão Barroso.
A parceria UE-África, decidida em Lisboa em 2007, estabeleceu que os dois lados, em pé de igualdade, pretendiam ir além da política tradicional de ajuda ao desenvolvimento e alcançar "interesses e objectivos estratégicos comuns".
Durante a Cimeira de Tripoli, os participantes deverão defender um "crescimento inclusivo e durável" como motor principal do desenvolvimento e da luta contra a pobreza.
Por seu lado, o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, declarou que, "num contexto de globalização crescente e de crise económica e financeira, a parceria da União com África tem uma importância estratégica".
A União Europeia vai defender na III Cimeira com África o reforço do sector privado como forma de alcançar o crescimento económico necessário ao desenvolvimento e luta contra a pobreza.
Fonte comunitária sublinhou hoje, em Bruxelas, que a mega reunião entre 80 chefes de Estado e de Governo servirá para dar "uma nova dimensão e mais ambiciosa" à cooperação entre os dois continentes".
Durante a Cimeira de Tripoli, os participantes deverão defender um "crescimento inclusivo e durável" como motor principal do desenvolvimento e da luta contra a pobreza.
A fonte conclui que o reforço do sector privado e a sua participação acrescida são indispensáveis para alcançar esse objectivo, assim como uma maior cooperação nos domínios das Alterações Climáticas e da Paz e Segurança.
Os líderes deverão assim concentrar as suas discussões sobre a forma como os dois continentes podem progredir para alcançar os objectivos prioritários: favorecer o crescimento durável e o emprego e ultrapassar os efeitos da crise económica e financeira, nomeadamente através da criação de um ambiente mais favorável às empresas e investimentos.
A Comissão Europeia considera que desde 2007 a estratégia comum entre a UE e África permitiu "progressos notáveis" em domínios como os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, a paz e a segurança, a integração regional e o comércio.
A fonte reconhece que Europa e África devem fazer mais para remediar a fragmentação das políticas e dos instrumentos financeiros.
Na declaração comum, que será aprovada no final da cimeira, os líderes deverão realçar a importância que a sua parceria estratégica significa a nível mundial, a única estabelecida entre dois continentes.

Notícias Lusófonas

Nota do José = O Presidente Armando Gebuza participa a partir desta segunda-feira, em Trípoli, capital da Líbia, na terceira Cimeira África-Europa.

One Love - Playing for Change




One Love, One Heart
Let's get together and feel all right
Hear the children crying (One Love)
Hear the children crying (One Heart)
Sayin' give thanks and praise to the Lord and I will feel all right
Sayin' let's get together and feel all right

Let them all pass all their dirty remarks (One Love)
There is one question I'd really like to ask (One Heart)
Is there a place for the hopeless sinner
Who has hurt all mankind just to save his own?
Believe me

One Love, One Heart
Let's get together and feel all right
As it was in the beginning (One Love)
So shall it be in the end (One Heart)

Give thanks and praise to the Lord and I will feel all right
One more thing

Let's get together to fight this Holy Armageddon (One Love)
So when the Man comes there will be no no doom (One Song)
Have pity on those whose chances grove thinner
There ain't no hiding place from the Father of Creation

Sayin' One Love, One Heart
Let's get together and feel all right
I'm pleading to mankind (One Love)
Oh Lord (One Heart)

Give thanks and praise to the Lord and I will feel all right
Let's get together and feel all right

Saturday 27 November 2010

Um pouco de humor


Joãozinho e as vendedoras de prazer!

Joãozinho está dentro do carro do seu pai, quando avista duas prostitutas na 24 de Julho, em Maputo.
- Pai, quem são aquelas senhoras?
O pai meio embaraçado, responde:
- Não interessa filho... Olha antes para esta loja... Já viste os portáteis que ali estão?
- Sim, sim, já vi. Mas... quem são as senhoras e o que é que estão fazendo ali paradas?
- São... são... São senhoras que vendem na rua.
- Ah, sim?! Mas vendem o quê? - Pergunta admirado o garoto.
- Vendem... vendem... Sei lá... Vendem um pouco de prazer.
O garoto começa a reflectir sobre o que o pai lhe disse, e quando chega em casa, abre o mealheiro com a intenção de ir comprar prazer àquelas senhoras.
Estava com sorte! Podia comprar 50 dólares de prazer!
No dia seguinte, abeira-se de uma prostituta e pergunta-lhe:
- Desculpe, minha senhora, mas pode-me vender 50 dólares de prazer, por favor?
A mulher fica admirada, e por momentos não sabe o que dizer, mas como a vida está difícil, aceita. Porém, como não poderia agir de forma normal com o garotinho, leva-o para casa dela e prepara-lhe seis pequenas tortas bem gostosas, de morango e chocolate.
Já era tarde quando o rapaz chega a casa.
O seu pai, preocupado pela demora do filho, perguntou-lhe onde tinha estado e o garoto respondeu-lhe:
- Fui ver uma das senhoras que nós vimos ontem, para lhe comprar um pouco de prazer!
O pai fica amarelo:
- E... e então... como é que se passou?
- Bom, as quatro primeiras não tive dificuldade em comer, a quinta levei quase uma hora e a sexta foi com muito sacrifício. Tive quase que empurrar para dentro com o dedo, mas consegui comê-la mesmo assim.
Ao final, estava todo lambuzado, pinguei o chão, e a senhora convidou-me a para voltar amanhã, mas para ser sincero, só tive prazer nas três primeiras; só comi as outras para mostrar que sou homem!...
Posso ir amanhã, novamente, pai?

O pai desmaiou!!!

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Uma mulher leva um bebe ao consultório do pediatra.
Depois da apresentação o médico começa a examinar o bebê vê que o seu peso está abaixo do normal e pergunta:
- O bebê bebe leite materno ou mamadeira?
- Leite materno - diz a senhora.
- Então, por favor, mostre-me os seus seios..
A mulher obedece e o médico toca, apalpa, aperta ambos os seios; gira os dedos nos mamilos; primeiro suavemente, depois com mais força, coloca as mãos em baixo e os levanta; uma vez, duas vezes; três vezes, num exame detalhado; Inconformado chupa os mamilos diversas vezes.
Sacode a cabeça para ambos os lados e diz:
- Pode colocar a blusa..
Depois da senhora estar novamente composta o médico diz:
- É claro que o bebê tem peso a menos... A senhora não tem leite nenhum.
- Eu sei, doutor. Eu sou a tia. Mas adorei ter vindo...

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O gajo que não queria ir á tropa!
Texto de um gajo que não queria ir à tropa:

ExmoSr. Ministro da Defesa,
Venho deste modo explicar-lhe uma situação delicada que tem vindo a ocorrer, de maneira a poder obter um eventual apoio vindo de VossaExa;
Tenho 24 anos, e fui esta semana chamado para ir à tropa. Sou casado com uma viúva de 44 anos, mãe de uma jovem de 25 anos, da qual sou padrasto. O meu pai, por seu lado, casou-se com essa jovem em questão.
Neste momento, o meu pai passou a ser o meu genro, uma vez que se casou com a minha filha.
Deste modo, a minha filha, ou chamemos-lhe, enteada, passou a ser a minha madrasta, uma vez que é casada com o meu pai
A minha esposa e eu tivemos, no mês passado, um filho.
Esse filho tomou-se o irmão da mulher do meu pai, portanto o cunhado do meu pai.
O que faz com que seja o meu tio, uma vez que é o irmão da minha madrasta.
O meu filho é, portanto, o meu tio...
A mulher do meu pai teve no Natal um rapaz, que é ao mesmo tempo o meu irmão, uma vez que ele é filho do meu pai, mas o meu neto por ser o filho da minha enteada, filha da minha esposa.
Desta maneira sou o irmão do meu neto! !...
E como o marido da mãe de;uma pessoa é o pai da mesma, verifiquei que sou o pai da minha esposa, e o irmão do meu filho.
Resumindo: sou o meu avô!!!
Deste modo, Sr Ministro, peço-lhe que estude pacientemente o meu caso, porque a lei não permite que o pai, o filho, e o neto sejam chamados à tropa na mesma altura.Agradecendo antecipadamente a sua atenção, mando-lhe os meu melhores cumprimentos.

Friday 26 November 2010

Os dois moçambiques: o do Governo e FMI e o Moçambique real

Maputo (Canalmoz / Canal de Moçambique) - Os últimos dias trouxeram a público opiniões divergentes sobre Moçambique. De um lado o Moçambique imaginado, dos sonhos e dos números cozinhados ou não mas que no essencial são em suma os que convém a certos figurões para continuarem a fazer crer que vivemos no País das mil maravilhas. Do outro, o real, retratado pelo 5 de Fevereiro de 2008 e pelo 1, 2 e 3 de Setembro último, sem água, ou com água às vezes, sem luz, ou com energia às vezes, sem transporte, ou com transporte às vezes, sem lar, sem emprego e com fome onde o único futuro melhor é esperar pela morte e quiçá desejá-la para que o alívio chegue depressa.
De um lado o imaginado pelo FMI e quiçá por representantes de alguns doadores vivendo no mundo das piscinas, dos relvados da Sommerschield e de outros condomínios, das maravilhas da natureza que nas suas redutoras origens nunca viram e aqui os anestesia.
Do outro lado o Moçambique real que já nem o Instituto Nacional de Estatística consegue esconder: esse tal mundo que os cientistas moçambicanos não se cansam de dizer que não está bem e ninguém lhes liga numa atitude completamente autista e irresponsável.
Se o Povo já foi para a rua várias vezes, umas vezes manifestando-se aqui e acolá sem grande impacto, outras em massa e a ponto de fazer recolher aos domicílios tudo e todos, incluindo os arautos do “sucesso”; Se os cientistas Moçambicanos insistem em repetir amiudadamente que o crescimento económico de que tanto se fala não se repercute na maioria da população, podemos acreditar nos “turistas” do FMI e de alguns países doadores que continuam a acreditar (não será antes a fingir que acreditam?) que “Mozambique is very nice”?
Quando aconteceram os levantamentos de 5 de Fevereiro de 2008 e os mais recentes de 1, 2 e 3 de Setembro, onde estiveram os senhores que das embaixadas e organismos similares passam os dias a produzir relatórios para as suas chancelarias que nada têm a ver com a realidade moçambicana? Alguma vez, algum povo se alimentou e sobreviveu de pautas estatísticas?
Onde estavam os especialistas do FMI quando os moçambicanos de forma participativa estavam nas ruas a dizer que a pobreza tinha aumentado no País? – Estavam, certamente, a gozar a festa no bem bom dos seus gabinetes, pelo Google Earth, e a repetir o refrão “Mozambique is very nice and it is in the right direction” (Moçambique é muito bom e está na direcção certa).
Para onde nos querem levar com esta treta? Porquê quando vêm a Moçambique em vez de estarem no Hotel Polana, Avenida, Cardoso ou Indy Village não descem até ao Xipamanine, Muhaivire, Munhava, e tantos outros bairros paupérrimos das periferias de tantas cidades e vilas também das províncias do interior, designadamente do Centro e do Norte, para verem o que é o País real?
Por que é que quando têm as estatísticas reais nas mãos fazem como o bêbado que se encosta ao poste de iluminação não para ver melhor mas para dormir um pouco em pé?
Têm medo de ao visitarem Moçambique real e não o Moçambique maquilhado, se aperceberem do ridículo que são os seus argumentos e as políticas que inventam para Moçambique? Têm medo da sua própria consciência? Têm medo de não terem como não se envergonharem dos seus próprios erros?
Que boa opinião pode alguém ter dos senhores do FMI e de outras instituições com as mesmas pretensões quando nos vêm dizer que tudo vai bem mas os estudos levados a cabo por cientistas moçambicanos não agarrados ao Poder nos revelam exactamente o contrário?
Será que o problema de Moçambique são mesmo mais milhões de dólares americanos, Euros ou Yens ou precisa antes de novas lideranças, de políticas alternativas de desenvolvimento sócio-económico e político?
Se alguns cientistas moçambicanos estão a repetir constantemente que o País precisa de novas políticas de desenvolvimento sócio económico, porque se insiste na mesma música do FMI e da estratégia falhada de combate à pobreza que agora vai deixar de ser PARPA (Programa de Apoio à Redução da Pobreza Absoluta) para ser só PARP (Programa de Apoio à Redução da Pobreza) como se estas coisas fossem apenas uma questão de por e tirar letras às siglas? Quem querem continuar a enganar?
E por que é que a Frelimo não gostava do FMI e agora as mesmas pessoas até parecem ser do Comité Central do FMI? O que se terá passado? O que se está a passar? Não será que o Gabinete Anti-corrupção nos pode ajudar a perceber melhor esta zona de penumbra?
Os tais que diziam que queriam libertar o Povo Moçambicano não será antes que o que queriam mesmo era sentarem-se na cadeira dos “imperialistas” para terem o direito a serem ricos, como já confessou o velho general do “primeiro tiro” – qual episódio desta imensa trágico-comédia, agora também muito contestado?
Por que é que nos andaram a dizer todos estes anos que queriam libertar a terra e os homens, para que eles encontrem o seu próprio destino e a solução dos seus problemas, e agora tornaram-se nos principais dependentes das soluções externas e aliados do que antes chamavam “interesses imperialistas”? Não era esta a tal “mão externa”? A tal mãozinha marota?!..
Onde está a coerência? Não terão razão aqueles que dizem que os ditos libertadores da pátria queriam era serem os novos “colonos”?
Não terão razão aqueles que dizem que o que estes senhores da Frelimo querem é ter o “saco na mão” para comprarem a consciência dos “miseráveis” de modo a eternizarem a “exploração do homem pelo homem”?
Comprar consciências, comprar votos alguma vez se pode considerar cometimento com a construção da Democracia?
Não terão razão aqueles que dizem que estes senhores da Frelimo estão mais para abocanharem as riquezas do Estado e dos outros, em vez de governarem bem o Estado, criando escolas com qualidade, hospitais com qualidade, estradas com qualidade, caminhos-de-ferro com qualidade, portos com qualidade, transportes com qualidade, ensino com qualidade e mais emprego e comida?
Já não se percebe realmente o que é que esta gente quer? O que é certo é que se pelam por andarem com o “saco das notas” na mão. Para eles “Moçambique que se lixe! O Estado que se lixe!”.
Pobre povo enquanto continuar distraído!
Os moçambicanos têm mesmo de pensar muito bem quem querem realmente que os dirija. Têm mesmo de encontrar alternativas a este tipo de autênticos desavergonhados. Com estes “invertebrados”, passe a expressão, não vamos mesmo a lado nenhum.
E para terminar voltamos a lançar o desafio para que apareça rapidamente alguém que nos diga abertamente que quer de facto liderar a mudança. Até aqui mudar tem sido “vira o disco e toca o mesmo”.
O silêncio dos opositores que já se perfilaram como alternativa, não se pode manter. Também lhes cabe definirem-se, de uma vez por todas: ou estão para imitar os que pretendem substituir e aí é melhor não tentarem enganar mais o povo, ou passam a dar provas de que estão mesmo virados para mudar Moçambique.
É urgente lutar-se todos os dias em todas as frentes, em todas as províncias, em todas as cidades, em todas as vilas, em todos os lugares.
Não é com este silêncio e com esquemas puramente “familiares” ou estratégias “paroquiais” que podemos ir mais longe.
Os jovens têm mesmo de começar a agitar isto. É afinal o futuro deles que está comprometido. Se não acordam já, depois é tarde. Não fiquem à espera de dinheiro para começarem a apresentar políticas alternativas.
Quem já é rico não precisa de mudar nada. Já vive bem e quer continuar melhor. Se os que não estão bem não se mexerem e não lutarem por si, bem podem esperar sentados pela morte. “Camarão que dorme a onda leva”. Temos dito, por hoje.

(Editorial do Canalmoz / Canal de Moçambique)

Governo no Parlamento

Perguntas ao Governo terminam com agressões verbais

Executivo no parlamento

Terminou, ontem, com troca de palavras duras, a sessão de perguntas e respostas entre os deputados da Assembleia da República e o Governo, que decorreu quarta e quinta-feiras. Depois de uma sessão calma e tranquila na quarta-feira, esta quinta-feira, a Renamo foi estrondosa. Quase a encerrar, Armindo Milaco chegou a convidar o governo de Guebuza a demitir-se, acusando-o de incapacidade de resolver os problemas do povo.
“Senhor primeiro-ministro, não é bom sair por bem e passarem a gerir o que roubaram, durante esses anos todos, e continuar a vida normalmente, do que esperar que a ira do povo suba e vos tire à força e confisque tudo o que vocês roubaram?”, questionou Milaco.
Na óptica da Renamo, uma das razões dessa proposta de auto-demissão, é o facto de a cobrança das taxas para o pagamento de guardas, contínuos, exames ser ilícito e ilegal. Mais, segundo a Renamo, as inspecções não fazem sentido e, por isso, questiona: “por que o Governo permite a entrada no país de carros de segunda, terceira, quarta e quinta mão? E, depois, decreta inspecções de viaturas?” A Renamo entende que ainda que se realizem inspecções, se as vias de acesso continuarem degradadas, os acidentes vão continuar. É que, para a “perdiz”, as estradas degredadas é que causam problemas mecânicos nas viaturas e, por conseguinte, os acidentes.
Para a Renamo, o comércio está também a falhar: as trocas comerciais com a China são exemplo claro. Milaco disse que os bens chineses não têm qualidade. “Compras sapato chinês às 08h30 e, até às 13h00, já está estragado. Compra telemóvel chinês hoje e, até amanhã às 09h00, não funciona. Que acordos de cooperação estás a fazer?” Estes são alguns argumentos que a Renamo apresenta para sustentar a sua proposta de auto-demissão por parte do Governo pois, no entender da “perdiz”, as políticas do Executivo estão a falhar.

O País

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Bancadas divididas

Terminada a sessão de informações do Governo, as bancadas estavam divididas. As bancadas da oposição consideram que o executivo não respondeu na totalidade às questões. A Renamo chegou mesmo a apelidar de “mentiras” a informação que o Governo prestou ao parlamento. O deputado da Renamo, Arlindo Milaco, voltou a levantar a questão das matrículas no ensino primário. José Manuel de Sousa, do MDM, disse que o Governo não respondeu à questão segundo a qual “o que falhou na estratégia de combate à pobreza, para que os indicadores tenham piorado na província de Sofala, Manica e Zambézia, segundo o último relatório do Inquérito de Orçamento Familiar” e também em relação às contrapartidas financeiras que o Estado obtém através dos mega-projectos, tais como a Mozal, Vale do Rio Doce, Riversdale, Sasol, e a empresa de Areias Pesadas de Moma. O MDM diz também não ter obtido resposta sobre as indemnizações e outros cuidados dispensados pelo Governo às famílias cujos seus parentes foram mortos pela Polícia durante as manifestações dos dias 01 a 03 de Setembro, contra o aumento do custo de vida e o desemprego, nas cidades de Maputo, Matola e seus arredores.
Já a Frelimo diz que está tudo bem, e que o Governo foi ao parlamento mostrar o seu engajamento na luta contra a pobreza. Alfredo Gamito que efusivamente foi aplaudido pelo executivo disse que a oposição apenas levantou questões das quais tem respostas e estão desenquadradas da realidade.

(Matias Guente, Canalmoz)

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INSISTIR, INSISTIR SEMPRE

Maputo, Sexta-Feira, 26 de Novembro de 2010:: Notícias

O GRUPO parlamentar do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) afirma que a sua postura vai ser de continuar a insistir, a insistir sempre até que o Governo dê explicações exaustivas sobre os diferentes aspectos da vida nacional, com destaque para o agravamento da pobreza absoluta nas províncias do centro e norte do país; dos dividendos económicos e tributários dos chamados mega-projectos nacionais, como o caso da Mozal, Areias Pesadas de Moma; Gás Natural de Panda e Temane, entre outros.
Segundo o porta-voz desta bancada, José de Sousa, das cinco perguntas colocadas pela sua bancada, o Governo apenas respondeu uma, a que se relaciona com a navegabilidade dos rios Chire e Zambeze, um diferendo que opõe o Executivo moçambicano e do Malawi.
“Por isso, para nós, a sessão de perguntas ao Governo foi “francamente negativa” devido ao facto de a qualidade das respostas dadas pelo Executivo deixar muito a desejar.
Aliás, De Sousa referiu ainda que a baixa qualidade das respostas dadas pelo Executivo, aconteceu naquelas questões que os membros do Conselho de Ministros “tentaram responder a perguntas das outras bancadas” porque, grosso modo, estes não se dignaram a dar explicações em torno da maioria das questões colocadas.
“Nós fizemos insistências, também não conseguimos encontrar respostas. A única pergunta que o Governo se dignou a responder foi a que se relaciona com a navegabilidade dos rios Chire e Zambeze. Por isso, para nós, foi infrutífera a presença do Governo aqui no Parlamento”, reiterou.
Neste contexto, José de Sousa disse que o MDM vai continuar a demonstrar ao Governo, com “A” mais “B”, que efectivamente, o povo precisa de uma explicação. “Não custa nada dizer, através de números, quanto é que a Mozal contribui com pagamento de impostos para o país; não custa nada dizer quanto é que a Sasol paga na exploração de gás natural. Nós queremos é números e continuaremos a insistir para que isto aconteça. Nós temos de ir à busca destes dossier’s para explicarmos ao povo o que é que falhou, por exemplo, para que no último inquérito sobre desenvolvimento humano se dissesse que, nas províncias do centro do país, a pobreza aumentou”, enfatizou o parlamentar.
Aliás, o quadro de insistências do MDM começou a desenhar-se logo na primeira intervenção de um dos oito deputados desta bancada, logo depois dos membros do Governo terem usado da palavra para responder às questões dos parlamentares. Geraldo Carvalho usou da palavra, na altura, para questionar sobre a assistência das famílias das vítimas das manifestações de 1 e 2 de Setembro último.
José de Sousa, por sua vez, fez uso da palavra para insistir sobre os ganhos do país com os chamados mega-projectos económicos, alegando que o Executivo ao falar dos financiamentos que estes fizeram no país, os postos de trabalho que criaram directa e indirectamente não satisfazia as preocupações da sua bancada.

BALANÇO NEGATIVO

Maputo, Sexta-Feira, 26 de Novembro de 2010:: Notícias

A RENAMO faz um balanço negativo da sessão de perguntas ao Governo porque esperava que face às questões colocadas o Executivo trouxesse explicações, com maior substância, sobre a governação do país, particularmente no que respeita à área da Agricultura.
Este posicionamento foi assumido por Arnaldo Chalaua, porta-voz desta bancada, no final dos trabalhos entre a AR e o Conselho de Ministros. “Nós tocámos a questão dos transportes, particularmente na área de inspecção de veículos, que para este Governo tem como objectivo apenas arrecadar receitas, pois, nós somos de opinião de que estas inspecções devem ter em conta a qualidade das estradas; pensamos que o Governo deveria ser coerente consigo mesmo e, para tal, deveria trabalhar no sentido de criar condições, como por exemplo, reabilitar estradas e pontes, melhorar os processos de sinalização rodoviária; providenciar condições que permitam aos automobilistas terem acesso às peças sobressalentes e outros materiais que necessitem para o bom funcionamento dos seus automóveis, entre outros, e só depois partir para as inspecções obrigatórias”, explicou o parlamentar, para depois referir que tal trabalho iria melhorar a circulação nas estradas e assim evitar acidentes de viação que muito luto semeia no país.
Segundo a fonte, a Renamo considera negativo o balanço desta sessão de perguntas porque, por outro lado, o Governo, na área da Educação, não conseguiu dar explicações consistentes sobre as cobranças que estão a ser feitas nas escolas primárias, onde o ensino é gratuito. “As cobranças que estão a ser feitas são exageradas. Há um clamor dos pais e encarregados de educação. Somos deputados da AR e os cidadãos vem se queixar à nós sobre essa situação e nós, ao levantarmos a questão junto do governo, procuramos encontrar soluções para a satisfação de todos.”
Outro aspecto que não deixou a “perdiz” satisfeita tem a ver com a segurança alimentar. “Para além de olharmos para o princípio de avançarmos para a produção de mais alimentos, com a utilização de recursos rudimentares, como a enxada de cabo curto, que nada nos pode trazer em termos de resultados positivos, o Governo deveria reestruturar a sua ideia e trazer-nos um outro tipo de pensamentos, para gerar rendimentos e reduzir a dependência externa em que Moçambique está amarrado. Tudo é possível, basta a vontade política de todos”, enfatizou Chalaua.
Aliás, as intervenções feitas pelos parlamentares desta bancada para além de inserirem duras críticas a qualidade do trabalho realizado, proferiam acusações de corrupção, abuso de poder, entre outras aos membros do Governo.

Jacinto Veloso acusado de vender património do Estrela Vermelha à Visabeira


Sócios desmantelam pretensão de venda do património

Maputo (Canalmoz) - O general na reserva, Jacinto Veloso, presidente da mesa da Assembleia Geral e membro sénior do Clube Desportivo Estrela Vermelha de Maputo, no bairro de Malhangalene, está a ser acusado se o mentor da ideia da venda do património do clube, supostamente para aliviá-lo da actual crise financeira. Só que esta ideia não é comungada por uma ala de sócios segundo os quais a venda do clube só iria beneficiar os interesses do general que pretende que as infra-estruturas sejam revertidas para a empresa Visabeira. Acusam, entretanto, o general de ter interesses na Visabeira. Acusam também Armando Guebuza, presidente da República de estar envolvido como interessado na operação.
A ala de sócios do Clube Desportivo Estrela Vermelha da Cidade de Maputo (CDEVCM), que discorda da ideia da venda do património do Estrela Vermelha de Maputo, disse à nossa reportagem agir deste modo, pois não aceita a forma obscura como o património do clube está a ser avaliado por uma comissão “pouco credível, criada pelo presidente da Assembleia Geral (AG), o general Jacinto Veloso”. Os princípios estabelecidos para o concurso de venda são considerados “levianos”. “Não dão para qualquer leigo aceitar”, refere um do grupo de descontentes com o curso do negócio.
O Estrela Vermelha funciona onde no tempo colonial era o “Malhangalene”. Depois da independência a certa altura passou a ser o clube da Segurança, mais propriamente do SNASP. Jacinto Veloso era o ministro da Segurança nessa altura. Foi ele também o mentor do Regulamento Geral do Desporto Federado ao abrigo do qual os clubes foram obrigados a integrarem-se em empresas.
Segundo as fontes da ala que se opõe ao negócio e que até nos facultaram documentos confidenciais sobre a proposta de alienação de parte do património do clube, documentos essas assinados pelo general, há grande desconfiança sobre transparência do concurso público para a alienação das infra-estruturas do clube. “Só deverão ser convidadas dezasseis empresas a participar”, referem os descontentes.
A maior desconfiança surge quando uma das empresas a ser convidada a adquirir o património do clube é a Visabeira. O general Veloso e o actual chefe de Estado têm interesses económicos nessa empresa, segundo os descontentes.
“Temos estado a ouvir isto de outros companheiros. Na Visaeira, o general Jacinto Veloso detém uma comparticipação social e sabemos da sua pretensão de ocupar o espaço onde estão instaladas as infra-estruturas do clube para futuramente construir condomínios”, afirma o grupo de descontentes com o projecto de alienação de património do Estrela Vermelha.
De salientar que o património que se pretende alienar está situado entre a rua Base N`Tchinga e a Avenida Vladimir Lenine, próximo do bairro da Coop, nesta cidade capital, numa área aproximadamente de 18.000 metros quadrados. É onde está instalada a sede social, o principal campo de futebol do clube, entre outras infra-estruturas.
Neste processo a avaliação do património está a ser efectuada pela comissão liquidatária, que é ainda presidida pelo general Veloso, dizem as fontes que temos estado a citar e que receiam represálias se forem identificadas.
Dizem elas que ano após ano vai baixando o seu valor do património que se preparam para alienar.
“O património do clube a ser alienado estava, em 2004, orçado em 10,7milhões de dólares e agora está a custar cerca de 4,3 milhões de dólares. Isto é uma autêntica pretensão de aldrabar, pois o valor em vez de decrescer devia subir”, acrescenta um do grupo de descontentes com a operação que refere estar a ser preparada.
“Isto é inaceitável porque revela uma manobra deliberada de extinguir o clube e a tradição desportiva no país só pela intenção de satisfazer-se interesses individuais”, afirma o grupo.

A intenção da venda e projectos futuros expressos em carta

Entretanto, dizem-nos que a ideia da venda do património está expressa numa carta de Jacinto Veloso datada de 23 de Agosto último, e assinada, por ele, a 30 do mesmo mês, e posteriormente enviada a Miguel Boene, um representante dos sócios do clube, na mesa da Assembleia Geral. Apesar de a missiva não indicar claramente a ideia da venda das infra-estruturas, a mesma propõe aparentemente ser necessário alienar-se o património para se salvar o clube da actual crise financeira.
“Só devemos alienar o património se esta for a única via para se conseguir a auto-suficiência financeira; e só devemos alienar o património necessário para atingir o objectivo que pretendemos”, lê-se na carta que mais adiante propõe ser preciso, entretanto, traçar-se estratégias para que futuramente o Estrela Vermelha venha a ser um dos cinco melhores clubes de Moçambique, praticando modalidades como futebol, basquete, andebol, hóquei em patins, atletismo, voleibol, entre outras em função dos patrocínios e outros orçamentos disponíveis.
Entretanto, nessa sua aparente ambição de venda das infra-estrutura do clube, há na missiva acima citada, a pretensão de se convencer a massa associativa a aderir ao processo de alienação, pois com o valor conseguido poder-se-ia, no segundo terreno situado na Avenida Marien Nguabi, local onde está implantado o pavilhão coberto, edificar “um complexo desportivo e um centro de estágio com um campo de futebol para jogos e treinos e um centro de estágio para a equipa principal, cozinha e refeitório; Iluminação e som; centro médico, centro de imprensa e outras facilidades em uso em infra-estruturas modernas deste tipo”, diz-se na missiva que ainda contempla como projecto a construção de um prédio que servirá de futura sede do clube e da academia, com gabinetes de trabalho, salas de reunião e de troféus e demais gabinetes necessários.
Este é um projecto que custará acima de seis milhões de dólares conforme contas feitas e expressas num documento em nosso poder.

Proposta descabida

As fontes que nos abordaram para nos manifestar o seu descontentamento pelo que dizem estar a ser preparado por Jacinto Veloso, consideram de descabidas as propostas apresentadas na missiva do general. Acusam o general de estar a dividir os sócios daquela colectividade desportiva. “Primeiro, porque o valor resultante da venda não será suficiente para o projecto visado para o clube. As infra-estruturas por alienar estão avaliadas em 4,3 milhões de dólares americanos. Onde iremos arranjar o remanescente?”. “Para além do valor do investimento calculado em mais de seis milhões de dólares, será futuramente necessário garantir a manutenção e funcionamento do clube, o que vai significar a renumeração dos técnicos e outros trabalhadores de forma minimamente aceitável. Onde iremos encontrar esse dinheiro?”, questiona o grupo que estivemos a citar.

(Alexandre Luís, CANALMOZ, 25/11/10)

Thursday 25 November 2010

Dia Internacional da Eliminação da Violência contra as Mulheres


Em 1999, as Nações Unidas (ONU) designaram oficialmente 25 de Novembro como Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.
Antes desta indicação da ONU, o dia 25 de Novembro já era vivido pelo movimento internacional de mulheres.
A data está relacionada com a homenagem a Tereza, Mirabal-Patrícia e Minerva, presas, torturadas e assassinadas em 1960, a mando do ditador da República Dominicana Rafael Trujillo.

Confira aqui.

Frelimo reunida para discutir a mudança da Constituição da República


A partir de hoje até amanhã
Continua o silêncio sobre o objecto da revisão


Maputo (Canalmoz) – O Comité Central do Partido Frelimo vai discutir, dentre outros assuntos, os aspectos a mudar na Constituição da República, durante a sua V sessão ordinária, que deverá decorre a partir de hoje, com o seu término agendado para amanhã. Como habitualmente o encontro deverá decorrer na Escola do Partido na Matola.
Um comunicado do partido dos “camaradas” enviado à redacção do Canalmoz, indica que, para além de debater a revisão da constituição, durante os dois dias será discutida a convocação do X congresso partidário, entre outros aspectos, como a avaliação do desempenho do partido, do Governo e da bancada parlamentar no ano 2010, e o grau do cumprimento do plano económico e social.
O encontro deverá ser orientado pelo presidente do partido, que é simultaneamente o chefe de Estado e do Governo, Armando Emílio Guebuza.

Revisão unilateral da constituição

“A V sessão do comité central será uma ocasião soberana para abordagem sobre a revisão da Constituição da República com vista ao seu aprimoramento e adequação ao contexto político, económico, social e cultural, actual do País. Portanto, trata-se de uma sessão que vai debruçar-se sobre assuntos importantes da vida nacional (...)”, lê-se no comunicado da Frelimo enviado à nossa redacção.
Entretanto, a revisão da Constituição que o partido no poder anuncia que vai debater em reuniões partidárias, é um assunto que está a tornar-se cada vez mais controverso, devido à forma obscura como está a ser tratado.
A Frelimo não disse até agora o que pretende alterar na Constituição da República. Apenas tem avançado com medidas concretas que não deixam dúvidas que quer e vai mudar a a Lei-Mãe, facto que está a levantar muitas suspeitas e a suscitar grande polémica, com Guebuza a ser acusado de estar a preparar-se para controlar definitivamente o partido e arrumar completamente com os outros seus velhos camaradas.
Usando da sua maioria qualificada na Assembleia da República – maioria essa conseguida numas eleições em que ficou clara a manipulação exercida sobre a Comissão Nacional de Eleições (CNE) – a bancada do partido Frelimo já aprovou, como uma das matérias a ser debatida ainda nesta sessão, a criação de uma comissão ad-hoc para proceder à revisão da constituição.
A oposição tentou impor-se contra esta medida, mas a maioria qualificada que o partido no poder detém no parlamento foi usada como instrumento de legitimação de uma medida muito contestada pelos moçambicanos que estão de novo a começar a ficar indignados com os procedimentos e aspirações hegemonistas do Partido Frelimo. No caso vertente até já “camaradas” da própria Frelimo começam a não esconder as suas preocupações que não deixam de encerrar em si grande preocupação por manobras de bastidores que acusam estarem em curso para o actual presidente do Partido controlar a instituição definitivamente em seu benefício próprio.
Face ao obscurantismo que rodeia este processo de revisão da constituição, continuam por tudo isso e mais a surgir as especulações mais diversas quanto ao que realmente a Frelimo pretende trazer à Constituição que quer votar sozinha.
A extensão do mandato do Presidente da República e dos deputados, dos actuais cinco para sete anos, é uma das medidas que já foi admitida pelo deputado da Frelimo, Alfredo Gamito, em entrevista ao semanário Canal de Moçambique.
Mas há informações que a Frelimo pretende ainda conferir mais poderes constitucionais ao primeiro-ministro para que no fim deste mandato, o actual chefe de Estado, Armando Guebuza, passe a ocupar este cargo de primeiro-ministro.
Há ainda quem expresse que a intenção de Guebuza é conseguir manter as rédeas do partido no próximo Congresso, o Décimo, e alterar a constituição para que seja o Parlamento a eleger o presidente da República e a indicar o primeiro-ministro. Nessa ordem de ideias quer o presidente, quer o primeiro-ministro ficam à mercê do presidente do partido, que passaria a ficar com tudo na mão, com tempo suficiente para gerir negócios e manipular em sistema de remote-controlo todo o estado.
O incidente em Ulungué, a semana passada, na eleição do SG da OJM )Organização da Juventude Moçambicana), a organização dos jovens da Frelimo, é já dado como sintomático de que Guebuza está a querer controlar o Comité Central para assegurar a sua continuidade como presidente da Frelimo e daí em diante prosseguir com o seu plano mais amplo de controlo pessoal do partido. O episódio que envolveu Marcelino dos Santos e Edson Macuácua é já citado na praça pública como mais um sinal de que Guebuza quer controlar sozinho o Partido e passar mesmo por cima de quem já disse que não é da Frelimo mas sim a Frelimo. Uma fonte de uma instituição governamental presente em Ulóngué chegou mesmo a dizer-nos que Marcelino dos Santos chegou a dirigir a Edson Macucuácua alguns impropérios por o actual chefe da Propaganda e Mobilização do Comité Central da Frelimo ter “manipulado as eleições” para fazer eleger para SG da OJM quem lhe convinha dado que inerente ao cargo estão reservados lugares para o SG e mais dois no Comité Central do partido. Este tipo de acções começam a ser interpretadas no seio dos mais altos interesses no Partido dos “camaradas” como sinais de continuidade das aspirações de hegemonização que Armando Guebuza é já acusado de estar a alimentar como forma de se perpetuar no poder depois de ter conseguido derrubar Joaquim Chissano e desfazer toda a ala do sucessor de Samora Machel.
Para além dos membros do comité central participam como convidados da sessão, os chefes dos departamentos, os membros do governo central, a chefia da bancada parlamentar da FRELIMO na Assembleia da República e os Governadores Provinciais.

Moçambique: Aumenta Mendicidade Infantil

Governo diz que vai construir centros de recepção

Em Moçambique agrava-se o problema da mendicidade e prostituição infantil. As autoridades afirmam haver um aumento preocupante do número de mendigos e de prostituição infantil embora lhe falte ainda dados concretos sobre a situação. As causas do fenómeno são alvo de discussão entre os peritos apontando-se o aumento da pobreza, o êxodo das pessoas das zonas rurais para os centros urbanos e ainda o facto de muitos serem abandonados pelos seus familiares. Numa reportagem o Simião Pongoane diz que o governo está a planear construir centros para recolher as crianças. Ouça a reportagem.
O aumento da pobreza deverá ser alvo de analise numa reunião do Comité Central da FRELIMO, partido no poder em Moçambique, que se reúne de quinta-feira a sábado, em sessão ordinária para analisar a situação política, social e económica do país, anunciou hoje fonte partidária.
Durante três dias, a FRELIMO avalia o desempenho dos órgãos do partido e da bancada parlamentar, convoca o congresso, órgão máximo do partido, para 2011, e vai debruçar-se sobre a proposta de actividades do partido para 2011.
O congresso da FRELIMO do próximo ano vai indicar o substituto de Armando Guebuza, líder do partido e Presidente da República.

Por Simião Pongoane, Maputo

Escute a reportagem aqui.

Wednesday 24 November 2010

Moçambique, Imagem e Identidade ( 5 )

Neste numero da serie, pretendo introduzir a percepção e a sua influência na Imagem e Identidade de Moçambique, começando a analise pela “definição própria”:
Percepção - a interpretação de informação, que permite a compreensão e o significado, dum “fenómeno”, acontecimento, meio ambiente envolvente, que para o caso de Imagem e Identidade pode ser “positiva” ou “negativa” principalmente se a interpretação da informação for em função aos valores universalmente aceites ou até mesmo ao senso comum, podendo daí conduzir-nos e resultar no que normalmente chamamos de “boa imagem” ou “má imagem”.

O caso do “By-pass” da Mozal (2010)

O controverso e actual caso do “By-Pass” da Mozal, em que temos duas posições opostas, a do governo de Moçambique, que a partir duma licença do MICOA, autoriza a Multinacional Mozal, a maior empresa em Moçambique e um dos grandes responsáveis pelo “crescimento económico de Moçambique” na versão oficial e governamental, e por outro lado, a sociedade civil e os “ambientalistas” nacionais e internacionais,
Não focalizo a analise na óptica da Mozal, pois aqui não pretendo analisar a Imagem e Identidade da Mozal, mas SIM e apenas de Moçambique,

Exemplo da percepção “Positiva”:

O esforço da sociedade civil em “pedir” justificações sobre o “By-pass” da Mozal, os debates sobre o assunto, atenção da media e discussão na Assembleia da República, e mais recentemente ‘a espera de uma decisão do Tribunal Administrativo Moçambicano, tendo o mesmo caso merecido a atenção dos “ambientalistas” a nível internacional,
A nível de Identidade e Imagem, é perceptível, uma sociedade civil activa, preocupada e “alinhada” com o problema do ambiente, relacionado com a poluição e aquecimento global, uma sociedade civil que apesar de ter uma “multinacional” com o governo do dia a favor, “rema” pelas ”boas práticas” em relação ao ambiente.
A mesma sociedade civil, defende uma posição de modo que Moçambique não esteja “isolado” naquilo que é talvez a maior preocupação actual mundial, o ambiente, cuja destruição ameaça seriamente o futuro da humanidade, e principalmente pelo possível risco de saúde que os residentes próximos da Mozal, estão sendo expostos, sem a devida “informação detalhada e comprovada” por um “estudo ambiental credível” , exigível para um “processo” desta natureza, dai também a atenção dos “ambientalistas” internacionais.

Exemplo da percepção “Negativa”:

Temos o governo de Moçambique, que sem apresentar “grandes justificações” aprova, e alega ter estudos comprovativos que indicam uma “segurança ambiental” relativa ao “By-pass”
Só que a imagem e identidade não é só negativa por a posição do governo ser “contestada” pelos ambientalistas, mas é também negativa pelo secretismo “aparentemente” demonstrado em relação ao estudo efectuado,
Também ‘e negativo pelo facto de Moçambique ser um dos países que eventualmente sofrerão os maiores efeitos do aquecimento global, logo temos uma posição contraditória que em fóruns como o “Copenhaga 2009” temos defendido e afirmado sermos um país que defende o seu ambiente e o direito de todos ‘a vida através de um ambiente saudável, e até pela qual “esperamos indemnizações” e internamente autorizamos um “By –pass” sem transparência relativa aos “estudos ambientais” efectuados principalmente.

A Percepção do Conflito:

‘E perceptível existência dum conflito entre a sociedade civil e o governo,
Esse conflito entre a posição do governo e da sociedade civil em relação ao ambiente, não traz benefícios à Imagem e Identidade de Moçambique, pois conflito em si, revela a inexistência de um consenso sobre o ambiente, revela também a inexistência de transparência e consequente ética das decisões do governo,
A Imagem e Identidade de Moçambique é feita pelas acções do governo também, e não só por aquilo que o governo diz ou pretende, mas essencialmente pelas suas acções,
Note que neste caso nem interessa se outros países poluem ou não, interessa para Imagem e Identidade de Moçambique apenas se nós protegemos o nosso ambiente ou não, interessa saber se estamos “conscientes” das decisões que tomamos para nós,
E ai ressalta que a sociedade civil Moçambicana é por um ambiente saudável e o governo não,
E com certeza que a percepção deste conflito não é positiva para Imagem e Identidade de Moçambique, principalmente no que se refere ao “posicionamento” do governo de Moçambique no caso.

Por: Abdul Karim, Índia, 23/11/2010

Governo vai hoje ao Parlamento para responder às questões dos deputados

Maputo (Canalmoz) – O executivo estará hoje na Assembleia da República para prestar informações aos deputados e aos moçambicanos em geral. Espera-se nesta sessão que questões pontuais como é o caso da operação “Bypass” da Mozal, a pobreza urbana e a polémica em torno do caso SEMLEX, o tal casos dos BI e Passaportes biométricos sejam debatidas e clarificadas pelo Governo. Isso se a bancada parlamentar da Frelimo deixar, visto que nas anteriores sessões de informações do Governo a bancada da Frelimo inviabilizou a apreciação e debate das questões avançadas pelas bancadas da oposição. Impediu que fossem respondidas pelos membros do Governo, as perguntas da oposição.
O Canalmoz está na posse do rol de questões em torno das quais as três bancadas pedirão esclarecimentos ao Governo.

O que a Renamo pretende saber?

A bancada parlamentar da Renamo vai pedir explicações ao executivo sobre a cobrança de taxas de inscrição para os novos ingressos, exames, bem como para o pagamento mensal de guardas e contínuos nas escolas. Quererá ainda saber das estratégias do Governo para combater o crime no País.
A maior bancada da oposição vai querer saber também as motivações que levaram o Governo a adjudicar a produção de bilhetes de identidade, passaportes, e registos criminais, DIRE à empresa belga SEMLEX, à revelia do parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A Renamo pretende ainda saber de que maneira nas condições em que se encontram as estradas moçambicanas, a inspecção de veículos pode diminuir o nível de sinistralidade.
A estratégia para haver segurança alimentar no País é outra questão que a Renamo deverá colocar ao Governo.

As questões da Frelimo

A bancada da Frelimo quer saber quais são as estratégias do Governo para garantir a segurança alimentar, o aumento da produção, da produtividade e comercialização agrária. Quer também conhecer os projectos já instalados no âmbito do aproveitamento dos recursos locais para geração de energia.
A Frelimo pretende saber como é que o Governo combina o ensino técnico profissional e promoção do auto emprego e o programa de combate à pobreza. Quer também saber quais são os projectos em curso para protecção e assistência aos cidadãos moçambicanos no exterior. Os camaradas vão querer saber do Governo quais são as estratégias de criação de empregos para combate à pobreza urbana.

O que o MDM pretende saber?

A bancada parlamentar do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) pretende saber do Governo, o que falhou na estratégia de combate à pobreza, para que os indicadores tenham piorado na província de Sofala, Manica e Zambézia, segundo o último relatório do Inquérito de Orçamento Familiar.
Explicações em torno da polémica que opõe o Governo e o Malawi, é uma das questões que o MDM vai querer saber.
Outra questão que o “Galo” vai querer saber tem relação com as contrapartidas financeiras que o Estado obtém através dos mega-projectos tais como a Mozal, Vale do Rio Doce, Riversdale, Sasol, e a empresa de Areias Pesadas de Moma, para além da questão das famílias cujos seus parentes foram mortos pela Polícia durante as manifestações dos dias 01, 02 e 03 de Setembro último, contra o aumento do custo de vida e contra o elevado desemprego.

(Matias Guente, CANALMOZ)

Tuesday 23 November 2010

Sector produtivo é caro e as reformas são lentas, dizem os empresários

O sector produtivo moçambicano tem das estruturas de custo mais elevadas da região e as reformas são demasiado lentas, dizem os empresários, que querem um país mais competitivo, especialmente no agro-negócio, indústria e comércio e turismo.
O diagnóstico foi hoje feito na abertura da XII Conferência do sector privado de Moçambique, que junta em Maputo cerca de sete centenas de empresários moçambicanos e é organizada pela CTA, Confederação das Associações Económicas.
Salimo Abdula, presidente da CTA, pediu "reformas ousadas" (políticas e regulamentos) que melhorem o ambiente de negócios, dando maior confiança ao país e estimulando a entrada de capitais e novos investimentos no sector produtivo.
No sector do agro-negócio há, disse, uma indefinição e falta de clareza de políticas, e é difícil o acesso à terra e os custos de produção e de transacção são elevados.
É, por isso, necessário melhorar o acesso ao uso e aproveitamento de terra, mecanizar a agricultura (criando parques de máquinas por exemplo), adoptar uma política de financiamento do agro-negócio, aumentar o número de técnicos agrários e introduzir taxas penalizadoras para as "terras ociosas".
Também na indústria, o panorama não é bom, de acordo com Salimo Abdula, que citando um estudo da Associação Industrial de Moçambique disse que "a produção e competitividade industrial em Moçambique são baixas", e que o país precisa de mudanças tecnológicas com impacto no processo produtivo, económico e social.
Em Moçambique, segundo o diagnóstico de Salimo Abdula, há défice de mão-de-obra qualificada para a indústria, há limitado acesso e elevado custo de crédito, como elevados são também os custos de transacção.
Entre muitas propostas, defendeu o responsável que é preciso aumentar os investimentos em escolas técnicas, investir na inovação e novas tecnologias, e reduzir os procedimentos administrativos, tempo e custo no desembaraço aduaneiro.
É preciso sensibilizar os oficiais alfandegários, "de forma a compreenderem quanto custa ao país ter uma mercadoria parada nas fronteiras e nos portos por causa de procedimentos administrativos", disse Salimo Abdula.
Também no sector do turismo, e apesar de reconhecer potencial, Salimo Abdula queixou-se da baixa qualificação da mão-de-obra e da pouca qualidade dos sistemas logísticos, como os transportes e estradas, energia eléctrica, água e comunicações de dados.
Além do desenvolvimento de infra-estruturas, a CTA, pela voz de Salimo Abdula, quer a "abertura do espaço aéreo para entrada de novas operadoras, sobretudo para destinos domésticos com maior potencial económico", e a formação "do pessoal que lida directamente com turistas".
À conferência, sob o tema "Como produzir com eficiência", junta-se ao fim da tarde de hoje o governo moçambicano. Empresários moçambicanos e portugueses também estarão presentes, à procura de oportunidades de negócio.

Notícias Lusófonas

Líder da Renamo queixa-se de ser alvo de espionagem


O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, disse, último sábado, que está a ser alvo de uma cerrada espionagem por parte dos membros da polícia que estão a guarnecer a sua residência oficial, na cidade de Nampula, onde se encontra desde princípios do ano passado. Eles querem conhecer quem são os que entram na minha casa e o que vão fazer para depois reportarem tudo ao governo da Frelimo. Até chegam ao cúmulo de revistar diplomatas e jornalistas. Referiu.
Para o líder da Renamo, não faz sentido que uma força policial partidarizada, portanto fortemente comprometida em defender os interesses do partido Frelimo, se instale em sua casa, sob o pretexto de que está a guarnecê-la sem que, para tal, tenha sido solicitada alguma vez.
Eu nunca pedi a polícia para me proteger. Aliás, é inconcebível que a mesma polícia que costuma a ser cúmplice da Frelimo no roubar dos meus votos se intitule agora como minha protectora. Sublinha.
Entretanto, o comandante geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) Jorge Kalau, argumenta que Afonso Dhlakama não é um prisioneiro político, mas, sim, o líder do maior partido político da oposição e membro do Conselho do Estado. E, portanto, merecedor da protecção que lhe está a ser feita.

Wamphula Fax, citado em A Verdade

Nota do José = Lamentável esta situação de Afonso Dhlakama que vive praticamente sitiado em Nampula. Dhlakama podia por cobro a esta chantagem regressando a Maputo.

Memorial ao jornalista Carlos Cardoso: “No Ofício da Verdade, É Proíbido Pôr Algemas Nas Palavras

Um memorial em homenagem ao jornalista Carlos Cardoso, assassinado a tiro há exactamente dez anos, foi esta segunda-feira inaugurado na Avenida Mártires da Machava, na cidade de Maputo.
Cardoso morreu a 22 de novembro de 2000, numa altura em que se encontrava envolvido na investigação do considerado maior escândalo financeiro de sempre em Moçambique, traduzido no desfalque de 144 milhões de Meticais no já extinto Banco Comercial de Moçambique.
Dez anos depois, familiares, colegas e amigos do jornalista, foram ao local onde ocorreu o assassinato, onde depositaram uma coroa de flores no memorial, constituído por uma pequena rocha onde se pode ler “No ofício da verdade, é proíbido pôr algemas nas palavras”, frase da sua autoria.
Nina Berg, viúva do malagrado, acredita que a justiça foi feita, considerando que a homenagem desta segunda-feira não é dirigida apenas ao Carlos Cardoso como pessoa, mas sim “aos ideias que defendeu, a sua obra e sobretudo a sua coragem”.
Berg afirmou ainda que com a edificação do memorial se encerrou definitivamente o caso do assassinato do jornalista, sublinhando que para ela e sua família, o julgamento e condenação dos criminosos constitui o fecho do macabre acontecimento de 22 de novembro de 2000.
No seus artigos, Carlos Cardoso tinha citado o empresário Momade Abdul Satar, conhecido por Nini Satar, e Vicente Ramaya, então funcionário senior do então Banco Comercial de Moçambique.
Após a morte do jornalista, Nini Satar acusou o filho do ex-Presidente da República de Moçambique Joaquim Chissano de estar envolvido no caso. O empresário apontou ainda Aníbal dos Santos Júnior (Anibalzinho), como o chefe da quadrilha que executou Carlos Cardoso.
Em 2003, seis pessoas foram condenadas a penas entre os 23 e os 28 anos de prisão pela morte do director do jornal "O Metical". A pena mais pesada foi aplicada a Aníbalzinho, quase 30 anos.
Anibalzinho tem no seu currículo três fugas da cadeia. Entre os anos 2002 e 2004, o prisioneiro mais famoso do país chegou à África do Sul e ao Canadá, países de onde foi extraditado para Moçambique. Depois de mais duas fugas, está hoje encarcerado numa cela do Comando da Polícia na cidade de Maputo.
Durante o processo, Momade Abdul Satar acusou ainda o filho de Joaquim Chissano de ser o responsável pela fuga de Anibalzinho, para o impedir de dar o seu testemunho no caso Cardoso.
Mas não foi só Nympine Chissano quem viu o seu nome envolvido no escândalo. A empresária moçambicana Cândida Cossa viu-se envolvida no caso, o que forçou as autoridades da justiça a instaurarem um processo autónomo.
Devido à lentidão da justiça, ambos perderam a vida sem ser ouvidos: Nympine morreu em novembro de 2007 e Cândida Cossa em novembro deste ano. O processo autónomo ficou sem efeito.
Carlos Cardoso nasceu em 1951, na Beira. Estudou na África do Sul, de onde foi expulso em 1974 por se ter manifestado contra o sistema do apartheid.
A sua carreira de jornalista começou na Agência de Informação de Moçambique, onde ascendeu ao cargo de director.
Num dos seus poemas, denominado "Cidade", escrito em 1985, Carlos Cardoso disse: "À noite quando me deito em Maputo não preciso de rezar, já sou herói..."

RM

Recordar Carlos Cardoso


Ontem, no aniversário da morte de Carlos Cardoso, o encontro de Mia Couto com a mãe do jornalista.
FONTE: Lusofolia

Veja aqui as declarações da viúva de Carlos Cardoso, Nina Berg.

O FMI e a economia moçambicana

Exclusão social em Moçambique preocupa FMI

Os elevados níveis de exclusão social que se registam em Moçambique já estão a preocupar o Fundo Monetário Internacional, segundo o seu representante, Victor Lledó, realçando que a instituição está a sensibilizar o Governo para inverter o cenário. “O desenvolvimento económico não inclusivo de Moçambique está a preocupar o FMI, a ponto de, no seu próximo relatório, a sair entre Março e Abril de 2011, estar a preparar matéria para abordar em profundidade esta situação”, enfatizou Lledó, respondendo a António Francisco, professor universitário de Economia e investigador do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE).
Francisco disse não entender porque é que o FMI, quando analisa o impacto negativo da crise financeira mundial, em Moçambique, faz de uma forma global “como se Moçambique se equiparasse à África do Sul e ao Botsuana, por exemplo, com economias mais robustas, enquanto aqui no país há sérios problemas de exclusão social”.
Falando durante um debate realizado após o lançamento, na passada sexta- feira, em Maputo, do relatório “Perspectivas Económicas Regionais para África Subsaharia Outubro de 2010”, o economista questionou também o FMI e doadores externos por estarem sempre preocupados com “doings business, descurando o aspecto principal que é o desenvolvimento inclusivo de Moçambique”, aconselhando-os a ajudarem Moçambique na luta contra a exclusão social.

Tensão social

O representante do FMI em Moçambique congratulou, entretanto, o país pelo clima de diálogo entre o Governo e a sociedade civil moçambicana contra novos focos de tensão social semelhantes às manifestações dos dias 1 e 2 de Setembro de 2010 contra o agravamento do custo geral de vida.
“O diálogo deve continuar e ser permanente para se evitar novos conflitos”, vincou Lledó, falando ainda durante o lançamento do relatório sobre perspectivas económicas regionais para África ao Sul do Sahara de 2010.
No global, o documento destaca o início da recuperação das economias da região, devendo o crescimento ser de 5,5%, em 2011, “iniciando um novo ciclo de recuperação para níveis atingidos antes da crise financeira mundial de 2007”.

(Correio da manhã)

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Um crescimento contestado económico

“Moçambique é um dos países da África Subsariana com um bom crescimento económico e por isso resistiu à crise financeira internacional”, aprecia Victor Lledó.
Entretanto, o professor e investigador do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), António Francisco, discorda do propalado crescimento que é atribuído a Moçambique.
António Francisco considera que não pode haver ilusão com o facto de o FMI tentar colocar Moçambique numa posição privilegiada e acima da média em relação aos outros países da África Subsariana quanto à recuperação da crise financeira internacional.
Na óptica do interlocutor, comparar Moçambique com a África do Sul, “estaríamos a comparar coisas incomparáveis. Temos economias que são sustentáveis e viáveis como África do Sul, Botswana e Maurícias. Essas economias foram imediatamente afectadas pela crise porque estão no mercado. E não é o caso de Moçambique”.
No caso de Moçambique, segundo António Francisco, estamos há 25 anos no FMI. A crise que está a ocorrer na Europa, com a Grécia, Espanha, Portugal e Irlanda, é uma crise que Moçambique encarou há 25 anos. “Não podemos esquecer essa situação”.
“Eu não iria dizer que aqueles dados sobre crescimento económico em Moçambique não são verdadeiros”, afirmou Francisco para quem o problema é que o crescimento económico de que tanto se fala não se repercute na maioria da população.
O crescimento referido pelo FMI, ainda de acordo com o interlocutor, resulta de investimento em infra-estruturas, serviços sociais e em produtos principalmente não transaccionáveis. “Esses são produtos que afectam realmente a actividade privada e familiar. E essa é uma economia de subsistência, não é uma economia de crescimento”.

Ajuda externa ainda não criou crescimento

António Francisco diz que a própria ajuda externa de que Moçambique beneficia não tem impacto suficiente para gerar maior crescimento, inclusive da economia.
Ele sugere que não nos iludamos com tal ajuda porque um dia vai se esgotar. “O país está a mais de um quarto de século (25 anos) a receber ajuda externa. Que economia e modelo de desenvolvimento temos? Vamos recorrer a um outro Fundo Monetário depois? Não existe um outro Fundo. E a questão de desenvolvimento e crescimento económico em Moçambique continua um grande desafio.”
António Francisco socorreu-se ainda do relatório sobre orçamento familiar, divulgado há dias pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), para dizer que as condições de vida na maior parte da zona rural estão más ou com tendência para piorar. “Portanto, a economia nacional não está boa”.
Na sua óptica, até pode haver crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), mas o problema é que o PIB é medido naquilo que é formalmente acessível e marginaliza o sector informal.
“Sabemos que a maior parte da população está numa economia informal, de auto-consumo e de subsistência, que nem tão pouco é medida. Por isso, o relatório do INE sobre o orçamento familiar reflecte mais as condições de vida da população do que o indicador sobre a economia nacional, pois esta reflecte a economia principalmente formal”, afirmou o economista-investigador do IESE.
Após essas declarações, António Francisco afirma que “em Moçambique não há desenvolvimento económico porque o respectivo crescimento não é abrangente, não é suficientemente envolvente da maioria da população, nem há produção que gere renda para as famílias poderem melhorar as suas condições de vida”.

Convulsões sociais devem-se ao desemprego

Francisco entende que o fenómeno havido em Moçambique a 01 e 02 de Setembro passado não foi só porque os preços aumentam. Ocorreu também porque a população se debateu com uma crise caracterizada, entre outros factores, pela falta da renda e de emprego. “Isto é um sufoco para uma população que não tem oportunidades para gerar renda. Por isso, o tal crescimento económico não está a ter impacto”.
Para António Francisco, isso deve-se, entre outras razões, ao facto de o país estar preocupado com o Doing Business e não com um mercado favorável ao desenvolvimento da produção. Ele aconselha que não se empurre a população para uma actividade de subsistência como está a acontecer agora.

(Emildo Sambo, CANALMOZ)

Monday 22 November 2010

Daviz Simango convida beirenses a construírem novas sedes dos bairros

Numa clara resposta à “ladroagem frelimista”

“Doeu à Frelimo perder a Beira, e isto ainda hoje lhes dói. Disseram que nós não tínhamos capacidades, mas hoje estamos aqui. Comprámos carros de lixo e agora são até mulheres quem os conduz. Mas o problema é que eles têm as mãos sujas de sangue. Mataram muita gente. Essa gente matou muita gente. Mataram em Montepuez, em Mocímboa da Praia, e não são felizes quando não vêem sangue. Eles queriam reeditar Montepuez e Mocimboa da Praia, mas nós não fomos na onda deles, para evitarmos o luto”.

Beira (Canalmoz) - O presidente do Conselho Municipal da Beira (CMB), Daviz Simango, apelou, sábado, num comício muito concorrido, na Munhava, um dos bairros da periferia da cidade, para que os citadinos locais colaborem, com voluntarismo, na construção das novas sedes dos bairros, que serão edificadas pela edilidade, em substituição das retiradas ao Município pelo Tribunal Judicial Provincial de Sofala (TJPS) para as entregar à Frelimo enquanto, como alegou o juiz da causa, se aguarda pelo acórdão ao recurso interposto pelo Município ao Tribunal Supremo.
Daviz Simango fez tal pronunciamento à sua chegada do périplo que realizou pela Alemanha e Paris, a semana passada, e que coincidiu com a execução da sentença de arresto dos 14 edifícios onde sempre funcionou a administração municipal nos respectivos bairros da Beira, entre os quais até um pelo menos que foi erguido de raiz pelo Município e sempre ostentou uma placa em que se lê: Património Municipal / Património do Estado.
Simango pediu ao povo beirense no sentido de cederem “baldes quando for da construção das novas sedes, porque o CMB as erguerá com dinheiros próprios, sendo que não tem fundos para pagar a empreiteiros”.
Falando num tom contundente, Simango não poupou o que apelidou de “ladrões da partido no poder, pelas suas ambições capitalistas, que os faz entrar nos negócios das minas, pescas, portos, telefonia, não se preocupando com o avanço democrático e económico que se impõe”.
Daviz Simango acusou tais “ladrões” de “só se preocuparem com a acumulação de vantagens para um punhado de indivíduos que vive do sofrimento da maioria do povo moçambicano”.
“É por isso que eles roubam e roubam, e acostumados que estão a roubar, roubaram-nos as sedes dos bairros, contando com a colaboração daqueles que os têm como patrões a assim decidiram, prejudicando a maioria dos citadinos que ficam privados de serviços administrativos”, disse o presidente do Município da Beira.
“Os ladrões nunca têm vergonha, mesmo quando neutralizados na posse de um bem alheio. Os ladrões dizem sempre serem seus os bens alheios. No fundo eles sabem que as sedes não lhes pertencem, por isso o que é do povo um dia há-de voltar para as mãos do povo”.
“Quero vos contar a história de um padrasto que tirou o carro ao enteado. Fê-lo convicto de que este iria precisar dele. O enteado nunca se manifestou porque se foi impondo até ficar forte. Um dia quando o padrasto pensou que o devia devolver, o enteado recusou-o. O carro já estava sucata”.
Simango afirmou que o que move a Frelimo a despojar o Conselho Municipal da Beira das sedes da administração municipal nos bairros é a constituição de um governo paralelo no município da Beira onde eles não conseguem implantar-se. “Eles querem usar tais sedes para implantar serviços administrativos, atribuindo aos populares fundos de iniciativa local, vulgo sete milhões”.
“Apelo-vos a receber o dinheiro e a gastarem, pois o dinheiro que vos for fornecido é dos vossos impostos. Não se sintam como se lhes devessem algo. Recebam esse dinheiro e usem-no à vontade. E tenham para vocês que devemos humilhá-los como o fizemos nas eleições de 2008, até que eles saiam a correr pelas fronteiras”.
Daviz Simango recordou que após as eleições de 2003 o edil cessante, Chivavice Muchangage, entregou as sedes dos bairros à edilidade. Recordou que tais sedes constavam do inventário de bens municipais que o edil da Frelimo entregou ao então novo presidente eleito, Daviz Simango. “Mas qual não foi o espanto quando meia volta a Frelimo surgiu reclamando que os imóveis eram da sua propriedade...”, ironizou Daviz.
O presidente do Município lembrou ainda que “em 2004, quando assumimos o CMB, eles tiraram tudo que lá havia: computadores, cadeiras, quase tudo. E nós compramos novos computadores e a instituição está hoje bem apetrechada de computadores e mobiliário”
“Doeu à Frelimo perder a Beira, e isto ainda hoje lhes dói. Disseram que nós não tínhamos capacidades, mas hoje estamos aqui. Comprámos carros de lixo e agora são até mulheres quem os conduz. Mas o problema é que eles têm as mãos sujas de sangue. Mataram muita gente. Essa gente matou muita gente. Mataram em Montepuez, em Mocímboa da Praia, e não são felizes quando não vêem sangue. Eles queriam reeditar Montepuez e Mocimboa da Praia, mas nós não fomos na onda deles para evitarmos o luto”.
“Nós sabemos que o TJPS elaborou a sentença a mando dos seus patrões, e mesmo sabendo que tal sentença prejudica o Estado, que o Tribunal não defende, cumprimo-la. Nós respeitamos as instituições democráticas do país e a Constituição, diferentemente daqueles que têm as mãos sujas habituados a matar. Um dia serão julgados por seus actos hediondos”, concluiu Daviz Simango.
A resposta do Município vai ser, portanto, construir novas sedes para a administração municipal. O edil da Beira disse não à violência.

(Adelino Timóteo, CANALMOZ)

Carlos Cardoso


" No oficio da verdade, é proibido pôr algemas nas palavras "

(Carlos Cardoso)

“Cardoso era um defensor da fronteira que nos separa do crime, dos negócios sujos, dos que vendem a pátria e a consciência. (…) O sentimento que nos fica é o de estarmos a ser cercados pela selvajaria, pela ausência de escrúpulos dos que enriquecem à custa de tudo e de todos. Dos que acumulam fortunas à custa da droga, do roubo, do branqueamento de dinheiro e do tráfico de armas. E o fazem, tantas vezes, sob o olhar passivo de quem devia garantir a ordem e punir a barbárie.”

(Mensagem de Mia Couto na cerimónia fúnebre de Carlos Cardoso, Maputo, Novembro de 2000)

Assinala-se hoje o décimo aniversário do assassinato de Carlos Cardoso.

Hoje, 22 Novembro, no local do assassinato, 17 horas.
Inauguração de um memorial em homenagem a Carlos Cardoso no local do seu assassinato. Leitura de poemas de CC e uma breve actuação musical de Ibo Cardoso; deposição de flores.

Moçambique, Imagem e Identidade ( 4 )

Continuando com analise de Imagem e Identidade de Moçambique, pretendo aqui abordar “conceitos” de publicidade e a dissonância cognitiva provocada pela possível disparidade entre a publicidade e a realidade, na Imagem e Identidade de Moçambique assim, mais duas “definições” próprias:

Publicidade e Dissonância Cognitiva:

Publicidade – difusão ou promoção publica, de um “produto”, normalmente paga pelos “promotores” e veiculada em órgãos de comunicação social.

Dissonância Cognitiva – a percepção de incompatibilidade, que no caso de imagem influencia negativamente, se houver uma disparidade entre a publicidade e a realidade.

Por exemplo, a publicidade que promova as belezas naturais de Moçambique, a estabilidade económica, politica e social, pode aumentar a vinda de turistas, mas Imagem de Moçambique não é a publicidade, mas SIM a percepção do turista em função a realidade de Moçambique, apos a chegada e a “vivência” da experiência no seu todo. Na óptica do turista, o objectivo é o local especifico, o ambiente, e o social do publicitado, mas a imagem de Moçambique para ele, será essencialmente resultado da sua experiência em Moçambique.
E se tivermos situações “muito normais” do nosso social actual, que variam desde policias de transito a “extorquir” dinheiro, mas condições de alojamento, mau atendimento, pouca informação de orientação ao turista, mas vias de acesso ao locais publicitados, um social diferente e muito pobre em relação ao publicitado, então teremos uma situação passível de criar a dissonância cognitiva no turista, com resultados não positivos para Imagem e Identidade de Moçambique.
Tanto maior é a dissonância cognitiva quanto maior for a disparidade constatada pelo turista, entre o publicitado e a realidade.

O caso de “sismo social” de 01/03 de Setembro e a Facim ( 2010 )

Sabe-se que o sismo social de 01/03 de Setembro do corrente ano, foi “derivado” pelo aumento de custo de vida em Moçambique, que resultou pelas fontes oficiais em 18 mortos entre elas crianças, destruições de infrastruturas económicas e a paralisação das cidades de Maputo e Matola principalmente.
A Facim, uma “montra” económica moçambicana, que demonstra também o “crescimento económico moçambicano” de cerca de 7% por ano nos últimos 15 anos aproximadamente, lançando Moçambique para um dos 10 países de topo no mundo em crescimento económico.
A Facim é promovida como o “ponto de encontro” de homens de negocio, e “assente” também na “maquilhagem” de um pais em franco desenvolvimento económico, social e politico da SADC principalmente,
Ora, que constatação poderão ter tido as delegações estrangeiras na Facim 2010, com a sua “interrupção” devido ao “sismo social” de 01/03 Setembro 2010 ?
A possível dissonância provocada pela experiencia terá resultado na Imagem e Identidade de Moçambique, pois o objectivo, neste caso, dos homens de negócios e das delegações internacionais na Facim 2010 tinha como pressupostos a publicidade vinculada quer pela Facim assim como pelo governo de Moçambique,
No caso da Facim 2010, tivemos uma realidade que contrasta com a publicidade de um pais pacifico, e estável do ponto de vista social, económico e politico, pelo nível de violência provocado, e pelas causas do “sismo social”.
Os resultados dessa dissonância provocada nos homens de negócios, podem ir desde a decisão de não investir em Moçambique ate a recomendação nos seus “círculos” de não considerar Moçambique um pais estável social, económico e politico, dentre outros resultados não positivos ate pró turismo em Mocambique.
Note que em termos de Imagem e Identidade de Moçambique, pouco ou nada interfere com o que o governo acha dos manifestantes, mas com a realidade constatada em comparação com o publicitado pela Facim e pelo governo de Moçambique.

Por: Abdul Karim, Índia, 19/11/2010

Sunday 21 November 2010

Carlos Cardoso morreu há dez anos - Moçambique continua de luto


Com a morte do Jornalista morreu também, como disse Mia Couto, “um pedaço do país, uma parte de todos nós”

Carlos Cardoso morreu a 22 de Novembro de 2000. Foi assassinado, em Moçambique, porque como Jornalista fazia uma séria investigação à corrupção que rodeava o programa de privatizações apoiado pelo Fundo Monetário Internacional. Para Mia Couto, «não foi apenas Carlos Cardoso que morreu. Não mataram somente um Jornalista moçambicano. Foi assassinado um homem bom, que amava a sua família e o seu país e que lutava pelos outros, os mais simples. Mas mais do que uma pessoa: morreu um pedaço do país, uma parte de todos nós».
Embora sejam uma espécie em vias de extinção, os Jornalistas continuam (em todo o mundo) a ser uma espinha na garganta dos ditadores, mesmo quando eleitos e escudados em regimes democráticos. Viva Carlos Cardoso.
Porque morreu Carlos Cardoso? Morreu por entender que a verdade é o melhor predicado dos Homens de bem. Morreu, segundo Mia Couto, porque «a sua aposta era mostrar que a transparência e a honestidade eram não apenas valores éticos mas a forma mais eficiente de governar». Morreu, «por ser puro e ter as mãos limpas». Morreu «por ter recusado sempre as vantagens do Poder». Morreu por ter sido, por continuar a ser, o que muito poucos conseguem: Jornalista.
«Liquidaram um defensor da fronteira que nos separa do crime, dos negócios sujos, dos que vendem a pátria e a consciência. Ele era um vigilante de uma coragem e inteligência raras», afirmou Mia Couto num testemunho que deveria figurar em todos os manuais de Jornalismo, que deveria estar colocado em todas (apesar de poucas) Redacções onde se faz Jornalismo. Nas outras, onde funcionam linhas de enchimento de conteúdos, não deve figurar. E não deve porque Carlos Cardoso não pode ser confundido com a escumalha que vegeta em muitas delas à espera de um prato de lentilhas.
É certo que no mundo lusófono não são muitos os casos de morte física. Mas há, igualmente, muitos assassinatos. O crime contra os Jornalistas é agora muito mais refinado. Não se dão tiros, marginaliza-se. Não se dão tiros, rescinde-se. Não se dão tiros, amordaça-se.
«O sentimento que nos fica é o de estarmos a ser cercados pelo selvajaria, pela ausência de escrúpulos dos que enriquecem à custa de tudo e de todos. Dos que acumulam fortunas à custa da droga, do roubo, do branqueamento de dinheiro e do tráfico de armas. E o fazem, tantas vezes, sob o olhar passivo de quem devia garantir a ordem e punir a barbárie», disse Mia Couto na cerimónia fúnebre em Honra de Carlos Cardoso.
É isso mesmo. Continua a ser isso mesmo, seja em Moçambique ou na Guiné-Bissau, em Angola ou em Portugal.
Na cadeia de segurança máxima da Machava, nos arredores de Maputo, decorreu uma espécie de julgamento dos presumíveis autores, materiais e morais, do assassínio de Carlos Cardoso, abatido a tiro em pleno centro da capital moçambicana.
Nympine Chissano, filho mais velho do presidente de Moçambique, foi citado em tribunal como o autor intelectual do assassínio. O arguido Momed Abdul Satar «Nini» confessou ter pago ao principal suspeito do assassínio - Aníbal dos Santos Júnior «Anibalzinho» - mais de mil milhões de meticais (cerca de 423 mil euros), a mando do filho mais velho do presidente Joaquim Chissano.
«Eu paguei ao Anibalzinho porque alguém me mandou fazê-lo», disse «Nini», acrescentando que o mandante foi Nympine Chissano, de quem terá ainda sete a oito cheques em seu poder, que disse estar disposto a entregá-los em tribunal como prova do envolvimento do filho do chefe de Estado moçambicano.
O arguido referiu ainda que, depois de ter sido detido, questionou Anibalzinho sobre a razão da sua detenção, tendo este respondido que tudo estava ligado com a morte de Carlos Cardoso e que «estivesse descansado».
«Anibalzinho disse-me que foi Nympine Chissano quem mandou matar Carlos Cardoso. Ele pediu-me para ficar tranquilo porque, a qualquer momento, íamos sair da cadeia, e que, caso dissesse alguma coisa, seríamos mortos», afirmou Nini. O filho do presidente fora já citado por Manuel Fernandes «Escurinho» como o autor intelectual do assassínio.
As estações de rádio e de televisão moçambicanas que então cobriam essa espécie de julgamento do "caso Carlos Cardoso" foram autorizadas pelo presidente do Tribunal da Matola, a efectuar a transmissão em directo das audiências.
A decisão do juiz Augusto Paulino surgiu em reposta a um requerimento apresentado pelos conselhos de administração da Rádio Nacional (RN) e da Televisão de Moçambique (TVM) solicitando-lhe ponderação, já que inicialmente não permitira as transmissões em directo.
As duas empresas, de capitais públicos, invocaram o direito à informação, a expectativa da sociedade moçambicana e o interesse público em torno do referido julgamento para solicitarem ao juiz uma "melhor ponderação e reconsideração da decisão tomada".
Numa das audiências, estes dois órgãos de informação foram impedidos de realizar transmissões em directo quando, nomeadamente, depunha o arguido Manuel Fernandes ("Escurinho").
No caso da rádio, ocorreu um corte de emissão no momento em que aquele arguido acabava de citar o nome de Nympine Chissano.
O julgamento do "caso Carlos Cardoso", proprietário e editor do jornal "Metical", prendia na altura a atenção de toda a sociedade moçambicana sendo já considerado o acontecimento mediático mais importante desde a assinatura, em 1992, dos acordos de paz de Roma, entre o Governo e a RENAMO.
Carlos Cardoso, moçambicano, foi morto a tiro junto às instalações do seu jornal em Maputo, quando investigava um desfalque de cerca de 14 milhões de dólares ocorrido no Banco Comercial de Moçambique em 1996.

Notícias Lusófonas